Cientistas levantaram dúvidas sobre metodologia do ensaio clínico, além da falta de dados de que a vacina seria eficiente em idosos

O anúncio de que a vacina produzida pela empresa AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford teria alcançado eficácia entre 62% e 90% contra a Covid-19 na fase 3 dos ensaios clínicos empolgou a comunidade científica.

Em um comunicado, as organizações afirmaram que a administração da vacina se deu de duas formas nos testes: na primeira, os voluntários receberam metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa.

Na segunda, os participantes receberam duas doses completas.

O problema é que, segundo a própria AstraZeneca, alguns participantes receberam a dose errada da vacina.

O fato havia sido anunciado como um “golpe da sorte”, pois a taxa de eficácia foi maior entre o grupo que recebeu a dose menor e isso possibilitaria que mais pessoas fossem vacinadas com a dose prevista.

No entanto, nesta quinta-feira (26) começaram a surgir questionamentos públicos se, na verdade, o erro não comprometeria a credibilidade da pesquisa e, consequentemente, da vacina.

Outra crítica é com relação aos dados envolvendo pacientes idosos. Moncef Slaoui, diretor da operação Warp Speed (iniciativa dos EUA para acelerar a criação de vacinas contra o coronavírus) afirmou em entrevistas que os participantes que receberam a dose inicial mais fraca tinham, no máximo, 55 anos de idade.

Ou seja, de acordo com ele, não há dados que indiquem que os resultados teoricamente positivos se aplicariam aos mais velhos.

Ao New York Times, Geoffrey Porges, analista do banco de investimentos SVB Leerink, afirmou que uma consequência da falta de precisão na pesquisa pode diminuir as chances de que órgãos reguladores de diversos países autorizem o uso emergencial da vacina.

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