O que representa maior risco à sobrevivência da espécie humana: o aquecimento global — aliás uma questão polêmica na comunidade cientìfica — ou a infertilidade masculina? Para os pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, que identificaram produção anormal de espermatozóides em 20% dos jovens adultos entre 18 e 25 anos, a infertilidade é tão preocupante quanto a questão climática.

Segundo a pesquisa, inúmeros fatores ambientais têm contribuído para o aumento da infertilidade masculina, como elevados índices de poluição do ar, uso abusivo de agrotóxicos e pesticidas nas plantações e de hormônios anabolizantes nas criações (de aves, por exemplo), contaminação da água por esses mesmos agentes químicos, além do aumento no consumo de alimentos industrializados que contêm altas taxas de conservantes.

— Há que se ressaltar que a população masculina vem sentindo as consequências do meio ambiente desde o útero materno — afirma Edson Borges, especialista em reprodução humana e diretor do Fertility, um centro de fertilização assistida de São Paulo.

— As mulheres também estão expostas aos mesmos fatores agressivos à saúde. Gestantes que comem muita carne vermelha, que é rica em substâncias químicas potencialmente prejudiciais, comprovadamente exercem influência negativa sobre a futura fertilidade de um bebê do sexo masculino.

Além de fatores relacionados ao meio ambiente, o especialista alerta que o fator social também conta bastante para dificultar uma gravidez dentro dos padrões normais, ou seja, dentro do período de um ano com tentativas regulares.

— O estresse é um fator social muito importante e que, inclusive durante o tratamento de fertilização in vitro, procuramos controlar de modo a não interferir negativamente no processo. É importante ressaltar que os homens também devem ter coragem para pesquisar a causa de sua infertilidade. Caso contrário, perderão a chance de experimentar um dos sentimentos mais nobres e compensadores, que é ser pai — diz Borges.

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