Ontem à noite, às 19h30min, na Câmara de Vereadores, aconteceu audiência pública para falar sobre segurança pública, tendo em vista o medo da população devido aos roubos ocorridos no município nos últimos tempos. A mesma, organizada pelos poderes Executivo e Legislativo, contou com boa participação da comunidade, diferente das demais realizadas anteriormente.
Estiveram presentes na oportunidade o prefeito Ireneu Orth, o presidente do Legislativo Elias Goulart, a promotora de Justiça, Marisaura Raber Fior, o delegado Marino Franceschi, o comandante da Brigada Militar tenente Jaques, e o comandante da Polícia Rodovia Estadual sargento Charles. A juíza Marilene Parizotto Campagna não se fez presente por estar em outro evento na cidade no mesmo horário. Também estiveram lá vereadores, empresários, diretores de empresas, vítimas de roubos e pessoas da comunidade.
A audiência, que foi aberta pelo presidente da Câmara de Vereadores, Elias Goulart, que saudou a todos, teve dois momentos. Começou com a manifestação das autoridades e acabou com perguntas dos presentes para às autoridades.
DELEGADO MARINO – O delegado substituto disse que Tapera tem mais ocorrências (roubos, tráfico de drogas e estupros) do que Soledade, município que é três vezes maior que Tapera e onde atua como titular. Segundo ele, as quadrilhas voltam ao município e que um dos problemas que a polícia enfrenta é o medo de represália das vítimas, o que impede uma prova maior para se prender um bandido. Ele elogiou os funcionários da DP taperense e pediu que a comunidade, através do poder público, busque mais dois agentes para ela.
TENENTE JAQUES – O comandante da Brigada Militar disse que ela está fazendo a sua parte com o que tem. Segundo ele, a BM taperense tem uma defasagem de efetivo de 40%, o que compromete um melhor serviço à comunidade. A Brigada faz abordagens, mas o problema é pegar os bandidos depois do furto, em flagrante. O militar também pediu que a comunidade se mobilize no sentido de trazer PMs para Tapera, atraindo-os com algum atrativo, como moradia gratuita, por exemplo.
SARGENTO CHARLES – O comandante da Polícia Rodoviária Estadual disse que a guarnição atende 23 municípios em 570 quilômetros de rodovias, com pessoal reduzido. A PRE fiscaliza, mas é difícil pegar ladrão em flagrante. Nos últimos 12 meses, segundo ele, a PRE fiscalizou 35 mil veículos e 60 mil pessoas, mas não consegue dar flagrante em bandido. Prisão com drogas, em barreiras, acontecem seguidamente, mas por crime maior é difícil acontecer. Ele pediu a colaboração da comunidade quando em abordagem e que a comunique sobre algo suspeito.
PROMOTORA MARISAURA – A responsável pelo Ministério Público falou da Operação Barão, que prendeu mais de 20 pessoas recentemente no município, num belo trabalho da Polícia Civil e que após os mesmos foram liberados pelo Tribunal de Justiça, em Porto Alegre. Segundo ela, a decisão do TJ se deu pelo volume de drogas apreendida ser pequeno, numa comparação com municípios maiores. E que esse pessoal não está livre da Justiça. Eles estão em liberdade, mas responderão pelo crime podendo ser presos após. Sobre provas contra eles disse que a Policia Civil fez um belo trabalho de investigação e que as levantadas são incontestes. Ela elogiou as polícias taperenses e entende o medo da comunidade. Para ela instalação de câmeras de monitoramento ajudarão a diminuir a criminalidade no município, citando Ibirubá que baixou consideravelmente a sua violência. Pediu que a comunidade crie o hábito de anotar placas e de comunicar a polícia sobre algo estranho ou suspeito. Segundo ela ainda, a população deve sempre buscar seus direitos. Ela pediu que mais taperenses entrem para a polícia, o que ajudaria no combate à criminalidade no município.
PREFEITO IRENEU – O chefe do Executivo taperense falou do trabalho do Comaja, do qual é presidente, que vem trabalhando desde 2011 para instalar câmeras de monitoramento em 29 municípios da região e do entrave que o projeto enfrenta devido à burocracia. Segundo ele, o município receberá 04 câmeras de um total e 10. As 06 que faltam deverão ser buscadas junto ao comércio local. Ele revelou que as 10 câmeras serão instaladas 03 na ERS 223, nas três entradas da cidade; 02 na Vila Brasília, na Rua Alberto Mânica, 01 na Cotrisoja, 01 no City Hotel, 01 próxima no Cemitério, 01 no Clube Aliança e 01 na Igreja Matriz. Cada câmera custará R$ 25.533,00. Um dos presentes disse que pagar R$ 25 mil por uma uma não é nada perto do que passa uma família vítima de roubo dentro de sua residência.
VEREADOR ELIAS – O presidente do Legislativo apresentou um balanço dos temas abordados na audiência pelos presentes, numa espécie de radiografia do problema da segurança pública em Tapera.
Na segunda parte da audiência, a comunidade fez perguntas às autoridades, mas foram poucos os que se arriscaram a fazer perguntas. As manifestações foram sobre as câmeras de monitoramento como se elas fossem a solução para o fim da violência que ronda Tapera. Também foi dito que a droga é o início da violência e que ela deve ser combatida preventivamente.
Por fim, com quase duas horas de conversação, foi formada uma comissão que atuará em nome do município junto à Secretaria de Estado da Segurança Pública, buscando aumento do efetivo das policias locais. A mesma terá o presidente da Câmara de Vereadores Elias Goulart; o vice-prefeito Wolmar Kuhn, o tenente Jaques da Brigada Militar, o policial civil Roberto Visoto e a presidente da ACIT Zaira Anghinonni.
Tapera está com medo e isso foi dito e sentido na audiência de ontem. A comunidade, que paga impostos e espera serviços de qualidade e também proteção para si, não está conseguindo com o Estado e tenta se proteger internamente, o que não será fácil. A saída para o município é a população se unir e ficar atenta a tudo que acontece à sua volta e se comunicar entre si e com as polícias e não dar oportunidade aos bandidos. Pelo que se vê e viu a segurança de Tapera será amenizada somente por sua gente, polícias, empresas e poder público.
