TAPERA – Estresse calórico e bem estar animal no manejo de ordenha

Postado em 10 março 2016 16:00 por JEAcontece
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Um dos grandes problemas nesses meses quentes para o rebanho leiteiro é o estresse causado pelas altas temperaturas afetando a produção e qualidade de leite e o desempenho reprodutivo.

Por que as vacas de leite sentem mais que o gado de corte?
As raças Holandesa e Jersey são de origem europeia onde o clima é mais frio sendo adaptadas ao calor do nosso país.

Outro fator é que vacas especialistas em produzir leite principalmente a Holandesas possuem uma exigência metabólica maior em transformar alimento em leite sofrendo mais com o calor.

Quais os efeito das temperaturas elevadas nessas vacas?
Essas vacas respondem a alta temperatura alterando seu metabolismo numa situação de tentar manter a temperatura através do aumento do numero de movimentos respiratórios (respiração curta ou folego alterado), ao invés de produzir leite.

Fisicamente a vaca perde 3 vezes mais água através do suor e pela respiração acelerada;
Redução do numero de movimentos ruminais;
Redução na absorção de nutrientes;
Redução da ingestão de matéria seca ( de 10 a 30 %)
Redução da produção de leite ( 15 a 20 % )
Aumento da incidência de mastites;
Aumento da incidência de pneumonias;
Redução do desempenho reprodutivo ( até 50 % )
Anestro (vaca que não entra e não demostra cio);

Como reduzir os efeitos do estresse calórico na atividade leiteira?
Algumas estratégias de manejo podem ser adotadas como sombreamento natural, colocar as vacas nas pastagens em horários de menor temperatura, pois nos horários mais quentes os animais procuram sombra ao invés de pastar, ter acesso a água limpa nas pastagens;

Na sala de espera antes da ordenha também deve ter agua potável e sombra através de arvores ou sombrite.

Em propriedades maiores alguns produtores possuem ventiladores nos galpões para baixar a temperatura.

Piquetes de vacas secas e novilhas também devem possuir sombra e água fresca, pois o stress térmico reduz o consumo de alimento, reduz o ganho de peso do feto e em casos mais graves pode levar a antecipação do parto ou até ao aborto.

Como proporcionar um conforto (bem-estar animal) para a vaca demonstrar todo seu potencial?
Estudos demonstram os benefícios na produção de leite quando as práticas de bem-estar animal são adotadas;
O animal deve estar em harmonia com o ambiente que vive para desempenhar seu potencial produtivo e reprodutivo, para isso necessita de alimento de qualidade, água potável, conforto térmico, estar livre de lesões e doenças e parasitas como moscas do chifre que lhe causam estresse.

Boas práticas relacionadas a ordenha:
-Condução do pasto até a sala de espera:
A busca dos animais deve ser feita com calma, sem utilizar varas ou objetos pontiagudos e sem presença de cachorros, geralmente pela mesma pessoa em horários parecidos.
-Entrada na Sala de Ordenha:
Deve ser feita com calma, pois é onde começa o processo de descida do leite.
-Lavagem dos tetos:
Deve ser realizada quando estão muito sujos, evitando molhar o úbere para não descer água contaminada para a ponta do teto.
-Teste da raquete:
Serve para diagnosticar presença de mastites sub-clínicas e deve ser realizado a cada 15 dias ou quando necessário.
-Pré-dipping:
Pode usa soluções espumantes para prevenir mastites ambientais.
-Processo de Ordenha:
Fazer o processo de ordenha sempre cuidando nível de vácuo, trocando as teteiras periodicamente,
Evitar sobre-ordenha ( causa lesões no esfíncter do teto)
Evitar sub-ordenha ( causa mastites)
-Uso de Pós-dipping:
Protege o teto da entrada de contaminações, produtos a base de acido lático tem menor perda e deixam o teto mais macio.

– Alimentação após a ordenha:
É fundamental tratar as vacas após a ordenha, para esses animais permanecer em pé mais de 30 minutos até fechar o esfíncter do teto.

Conclusão:

Pode-se dizer que a vaca vai responder a um ambiente favorável de água limpa, alimento de qualidade, conforto térmico, sanidade num local tranquilo, com aumento de produção de leite e melhora reprodutiva aumentando o lucro do produtor.

JULIANO CAMARGO PRETO
Médico Veterinário Cotrisoja

Postado em 10 março 2016 16:00 por JEAcontece
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