Rio Grande do Sul sofre com estiagem e perdas podem chegar a R$ 19,77 bilhões

Postado em 17 janeiro 2022 17:01 por JEAcontece
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Presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, debate sobre alternativas para amenizar os prejuízos do produtor em 2022

O estado do Rio Grande do Sul vêm sofrendo com a estiagem, o que prejudica o setor agrícola e coloca os produtores em situações complicadas neste ano de 2022. Em entrevista ao Grupo Diário da Manhã, o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, esclarece que a baixa produtividade e os altos custos dos insumos agrícolas causam muita ansiedade e preocupação.

Para ele, o estado apresenta historicamente bons desempenhos no crescimento econômico e na geração de empregos por conta das safras positivas, mesmo com a pandemia da Covid-19, o setor seguiu gerando empregos e movimentando a economia.

“A Rede Técnica Cooperativa (RTC) divulgou números que são muito preocupantes. No RS, 59,2 % do milho sequeiro estaria perdido, deixamos de produzir 6 milhões de toneladas de sacas de milho para produzir apenas 3 milhões. Já na cultura da soja, nosso principal produto de exportação, 24% de perda. Isso é um valor muito ruim para a economia, principalmente para nosso agricultor. Ele tem que ter renda e quando isso não acontece fica dependendo de uma política pública, então é um momento muito ruim para a produção no Rio Grande do Sul”, pontua.

Diante de tais resultados, o estado terá uma queda de cerca de R$ 14,36 bilhões com a baixa produtividade da soja, já para o milho estimasse uma perda de R$ 5,41 bilhões. Assim, os valores de perda somente nessas duas culturas somam R$ 19,77 bilhões.

Ele também ressalta que a agricultura e o setor primário em si são responsáveis pela criação de grande parte da riqueza, pois é um valor alto que deixa de circular na economia gaúcha e brasileira.

“Por isso que é tão importante a questão do agro ir bem. Ele tem mercado e se não tiver o produto não tem o que fazer, a não ser que nós, com um custo muito alto, importemos essa matéria prima de outro lugar. A gente sempre diz que se a atividade primaria não tem um ano bom, uma qualidade climática em si, toda economia do Rio Grande do Sul que depende disso é prejudicada”, detalha.

Clima
O presidente comenta que o produtor gaúcho enfrenta duas grandes dificuldades, uma relacionada ao clima, ou seja, a má distribuição de chuvas, e a outra tem relação com o alto custo de produção.

Para ele, nos últimos três ou quatro anos, o produtor estava com um nível de rentabilidade muito boa caso não possuísse endividamentos ou tivesse feito um arrendamento muito alto. No entanto, neste ano o custo da produção se elevou, consequentemente, os lucros ficaram menores.

“O produtor ainda vai ter renda plantando grão, mas agora ele vai ter que ser ainda mais eficiente. Isso porque os custos, especialmente os fertilizantes e esses produtos que são indispensáveis para a formação da lavoura, subiram de uma forma incrível que não dá nem para justificar. Não foram 10% ou 15%, são 200% ou 250%. São três vezes mais o preço de um produto, então esse é mais um desafio da agricultura, do produtor no RS e no Brasil”, explica Paulo.

Seguro agrícola
Embora nos últimos anos, o seguro agrícola tenha se tornado uma ferramenta bastante utilizada na região, a contratação do seguro ainda não é uma realidade da maioria das lavouras e propriedades do Rio Grande do Sul.

“Nós queríamos que o seguro agrícola fosse mais eficiente hoje, que tivesse uma subvenção e infelizmente ela não avançou. Subvenção é a parte que o Governo Federal banca e isso é um custo caro, então alguns produtores do RS fizeram seguro, porém nós achamos que mais produtores deveriam fazer”, constata.

“Para nós do cooperativismo o seguro é algo básico. Hoje os valores que os produtores investem em uma lavoura, o custeio da semente, do produto químico para dissecação, do herbicida e fungicida é muito alto. O produtor não pode perder isso por causa de uma adversidade climática, então o seguro agrícola garante no mínimo a reposição que ele gastou”, acrescenta o presidente da FecoAgro/RS.

Além disso, Pires destaca que há duas questões que precisam ser mais bem debatidas pelos produtores do estado: o seguro agrícola e a adesão do sistema de irrigação nas lavouras, condição que melhoraria a produção de algumas culturas, como o milho.

Segundo ele, a irrigação não seria capaz de substituir a chuva ou alterar o clima, mas poderia suavizar o risco de perda. Dessa forma, tanto a irrigação como o seguro agrícola devem se tornar prioridade para o avanço da agricultura no RS.

Relação da cooperativa com o produtor
Paulo compreende que a cooperativa sempre busca incentivar o produtor com novas alternativas de plantio, novas culturas e que com assistência técnica é possível superar todos os desafios. “Eu sempre digo que a cooperativa é a extensão do produtor. Ela tem que fazer esse papel de dar competividade para o produtor, tenho certeza absoluta disso”, diz.

Ele ainda avalia que se para o produtor aumentou os custos e, em decorrência disso, diminuiu a margem de lucro, também haverá impacto na cooperativa, já que ambos estão interligados em relação de parceria.

“Se o produtor estiver tendo maior produtividade, ele pode de certa forma vai melhorar os rumos da cooperativa com os seus rumos. Se ele estiver mais apertado, a cooperativa também vai sofrer esse recesso, então nós estamos juntos sempre com o nosso produtor”, finaliza o presidente da FecoAgro/RS.

Diário da Manhã

Postado em 17 janeiro 2022 17:01 por JEAcontece
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