Recuperação dos EUA e da Europa deve causar turbulências na economia brasileira

Postado em 19 setembro 2013 07:32 por JEAcontece
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Primeiros sinais de reação das potências mundiais deve aumentar disputa por investimento com os países emergentes

Cinco anos depois da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, que empurrou os Estados Unidos, a Europa e o restante do mundo para a maior crise financeira dos últimos 70 anos, começam a se consolidar sinais consistentes de reação.

Assim como tremeram à beira do abismo na época, agora países emergentesexperimentam a vertigem da recuperação alheia. Americanos e europeus começam a sair da recessão e, com isso, disputam investimentos com as economias mais promissoras do que desenvolvidas.

A tormenta começou em 2007, com problemas no mercado de hipotecas de alto risco, o chamado subprime. Mas ganhou dimensões globais com a quebra do banco de investimentos, dirigido pelo “Gorila” de Wall Street, Dick Fuld (veja quadro).

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, avalia que a crise começa a dar sinais que está no fim da sua pior fase, de recessão e alto desemprego, mas sequelas como endividamento dos países e fragilização dos bancos apontam para um crescimento global mais lento no futuro. Brasil, Índia e Rússia já experimentam os efeitos do ganho de musculatura do dólar e seu efeito na inflação.

– Se pensássemos um cenário desses 10 anos atrás, teríamos uma crise muito grave. O que temos hoje é uma turbulência administrável, que vamos ultrapassar com aumento de juro e esforço do Banco Central para estabilizar o câmbio – afirma.

Teste seus conhecimentos sobre a crise de 2008
De fato, o Brasil se saiu bem da crise. Depois de um desempenho ruim em 2009, o país teve um avanço de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. Mas a crise fez o governo a mudar a rota na política econômica. Até 2008, o país mantinha uma estratégia mais alinhada à das grandes economias. Com o mercado financeiro fragilizado, passou a dar estímulos adicionais ao consumo doméstico para impulsionar a produção. O resultado ruim no ano passado, entretanto, acendeu a luz vermelha para o endividamento das famílias, colocando a tática em xeque e forçando a busca de outras possibilidades.

Marcos Troyjo, diretor do BRICLab na Universidade Columbia, centro de estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China, avalia que os emergentes ainda têm de aprender a principal lição da crise:

– Para muitos, o capitalismo de Estado triunfou sobre o liberalismo na crise de 2008. O que deveria ser ferramenta excepcional pareceu assumir ares de verdade econômica. Exemplo disso é a política industrial brasileira de conteúdo local e o incentivo ao consumo, que atingiram seu limite. Os emergentes também estão tendo de se reinventar.

Ainda é difícil prever o tamanho do impacto da reação dos países ricos no Brasil. Mas se sabe que haverá. Professor de economia da UFRGS, Fernando Ferrari Filho ressalta que, apesar de a relação com os EUA ter importância decrescente na balança comercial – hoje cerca de 10% – turbulências serão inevitáveis. Para o também professor da UFRGS Marcelo Portugal, a agito só começou:

– Antes a taxa de juro americana girava em torno de 1% ou 1,65%. Agora, por volta 2,8%. A média histórica é 3,5%. A atração de recursos que hoje estão no Brasil para lá vai ficar mais forte – afirma.

(Clcirbs)

Postado em 19 setembro 2013 07:32 por JEAcontece
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