O terapeuta ocupacional israelense Yael Shidlovsky Press desenvolveu uma tecnologia virtual a partir de vídeo games que permite a crianças com vários tipos de deficiência realizar atividades que elas não conseguem fazer na vida real. Um ambiente simulado permite a essas crianças acesso a essas atividades, com evidentes benefícios terapêuticos.
— Pesquisas mostram que a realidade virtual é mais eficiente do que abordagens convencionais em tratamentos cognitivos, pois as atividades simuladas são percebidas pelo cérebro como reais — diz Press.
Segundo ele essa técnica já ajuda os pacientes a recuperar habilidades motoras e cognitivas depois de um AVC, por exemplo. Press começou a desenvolver experiências nesse sentido com pacientes em Moriah, no Gedera (Israel).
— É uma técnica que, inventada para o entretenimento, foi adaptada como uma ferramenta terapêutica — avalia.
Se a realidade virtual pode colocar pilotos em treinamento como se estivessem nos céus, por que não usar essa mesma tecnologia para proporcionar a crianças com deficiências físicas ou intelectuais experiências que elas não podem aproveitar no mundo real?
Foi esse o pensamento por trás desta forma única de uso da realidade virtual inaugurada pela maior rede de apoio a crianças com dificuldades cognitivas de Israel. O terapeuta Yael Press foi quem adaptou a tecnologia testando-a em 100 pacientes entre seis e 30 anos com dificuldades de interação em ambientes abertos – por exemplo cavar buracos em uma praia ou colher flores em um campo. Já na ambiente simulado eles têm acesso total a tais atividades ao mesmo tempo que se beneficiam de excelentes resultados terapêuticos.
O Sony PlayStation 2 EyeToy e o tablet iPad, junto com outros computadores e dispositivos adaptativos para pessoas deficientes, além de telas grandes para aqueles com dificuldades visuais estão entre os equipamentos usados no experimento. Um aplicativo para iPad ajudou uma garota a superar suas limitações com as cores e as formas. Ela usou o aplicativo para copiar a foto de uma casa e enviar para os seus pais. Desde então ela tem se comunicado com os pais através de fotos e vídeos em tempo real, pra felicidade da família.
— A vantagem do iPad é que já está bem acessível. Nós o usamos com pessoas cadeirantes pois é pequeno e portátil, cabendo na mesinha da cadeira. As crianças adoram e é muito intuitivo, não é preciso dar muita explicação em como usá-lo — destaca Press.
O tablet tem vários aplicativos de comunicação que ajuda os mudos a expressar suas necessidades e sentimentos para seus terapeutas, amigos e cuidadores. Outros aplicativos desenvolvem habilidades como por exemplo a escrita à mão.
Diário Catarinense