Medida faz parte da implementação da Política Nacional de Saúde Integrada da População Negra, que busca conhecer a realidade destas pessoas e adotar medidas para aproximá-las do SUS
O campus da Ulbra de Carazinho foi palco, na tarde de ontem (16) para a palestra sobre o projeto Implementação da Política Nacional de Saúde Integrada da População Negra e o Quesito Raça/Cor.
As especialistas em saúde coletiva Caroline Damazio e Gabriela Nicher estão assessorando 20 municípios gaúchos nesta questão, entre eles Carazinho. Elas visitam as cidades e realizam diagnósticos na área da saúde levando em consideração informações do IBGE e de outros órgãos relacionados à população negra. Participaram da palestra, profissionais da área da saúde e estudantes de cursos como enfermagem e técnico em enfermagem.
No caso de Carazinho, conforme dados apresentados pelas profissionais, a população negra representa 20% dos carazinhenses. É esta parcela da população que é mais sofre com a mortalidade infantil. A partir de dados do DataSUS, coletados em 2016, a taxa de morte para cada mil nascidos vivos entre os negros foi de 15,87%. Entre os brancos, este índice apontou para 11,86%. A taxa de mortalidade por tuberculose, a cada 100 mil habitantes, é 33,91% entre s negros, enquanto que entre os brancos este índice é de 25%.
A secretária de Saúde, Anelise Almeida, explica que este estudo é importante para que se identifique os problemas mais recorrentes na população negra para que seja possível tomar medidas para melhorar o acesso ao atendimento na saúde e a consequente diminuição dos índices.
“Precisamos saber que é a população negra, quais as doenças mais frequentes. Sabemos que existe preconceito e é necessário enfrentar isso quantificando e verificando as possibilidades que podem ser adotadas”, destaca.
Uma das medidas que passarão a ser adotadas pela pasta, para ajudar a criar um banco de dados mais fidedigno é o preenchimento do quesito raça/cor nas fichas de atendimento, o que até agora não era obrigatório.
“Não é ofensivo perguntar a cor da pessoa. A maioria dos prontuários não contém esta informação, apesar de conter o campo para este preenchimento. Com esta informação poderemos ter uma situação mais real para conseguir trabalhar”, justifica Anelise.
A presença dos profissionais da saúde e os estudantes da área, conforme a secretária, foi no sentido de orientá-los.
“A intenção é sensibilizar para a importância deste preenchimento, fazer com que os profissionais entendam esta necessidade e ajudem a construir este processo”, mencionou.
Anelise acrescentou ainda, que a demanda do usuário, a partir de agora, somente “andará” dentro do SUS se o quesito raça/cor for corretamente preenchido.
Diário da Manhã