Após a frustração da safra de verão de milho e soja, nas quais a perda de grãos superou 50% da expectativa inicial de produtividade, tem início a safra de inverno, com boas expectativas na produção de cereais, como trigo, aveia, cevada e a canola que também têm boa cotação de mercado. A saca de 60 kg de trigo, no momento, possui cotação favorável de R$ 51,50. Outro fator que colabora é a perspectiva de clima mais seco, especialmente na primavera, que é a época de colheita. “Esse período (colheita), que normalmente é uma preocupação para os agricultores devido às perdas por excesso de chuvas, poderá ser um fator de motivação para os agricultores aumentarem a área de cultivo nesta safra”, analisa o extensionista rural Agropecuário da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise.
A expectativa é que ocorra o aumento da área cultivada com essas culturas na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Soledade, que na última safra registrou o cultivo de 28.620 hectares de trigo. Segundo o extensionista, o trigo na região, mesmo sendo a principal cultura econômica de inverno, não avança em termos de expansão de área, por fatores como preço e clima desfavoráveis. “Nas últimas safras, o preço reagiu, mas a área de cultivo se manteve”, frisa.
Buscando mostrar para os agricultores que o trigo poder ser uma ótima opção de cultivo de inverno é que foi implantada uma lavoura demonstrativa na safra de 2019 na Unidade de Referência Técnica (URT) em fertilidade e conservação do solo e da água, instalada na propriedade do agricultor Rogério Koenig, no município de Mormaço. Acompanhada pela Emater/RS-Ascar, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), no local foi realizado um planejamento para acompanhar a cultura desde a implantação e sobre as tecnologias a serem empregadas no cultivo. “A resposta foi positiva, obtendo 68 sacas por hectare a um custo de produção de 40 sacas por hectare. Hoje os custos se elevaram, mas o preço também aumentou”, explica Parise.
Além de gerar renda, o trigo no inverno favorece culturas de verão, como a soja que tem problemas com plantas invasoras resistentes. O fato de usar moléculas diferentes de herbicidas e no momento certo, ou seja, na estação de crescimento da invasora, para o controle de plantas daninhas no trigo, quebra a resistência de plantas invasoras a herbicidas da soja, pois essas são eliminadas com esse sistema de produção e diminui aplicações na cultura, reduzindo os custos de produção e causando menores impactos ambientais.
“Além de todos esses benefícios, o trigo, por ser uma gramínea e ter um sistema radicular fasciculado, beneficia o solo com melhorias na sua estrutura. Além da palhada, que protege o solo, diminuindo a energia erosiva do impacto da gota da chuva e de enxurradas, ele aumenta o teor de matéria orgânica no solo”, conclui Parise.
Carina Venzo Cavalheiro – Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Soledade
