Mais de 2600 pessoas foram atendidas durante operação realizada em navio
da Marinha do Brasil na Amazônia
O navio-patrulha fluvial Pedro Teixeira e o navio de assistência hospitalar Oswaldo Cruz, subordinados ao Comando da Flotilha do Amazonas da Marinha do Brasil, foram o espaço de vivência e trabalho, durante 15 dias, de professores e estudantes de todo o Brasil, em operação embarcada do Projeto Rondon na Amazônia. Representando a Universidade de Passo Fundo (UPF), a professora Ana Maria Migott foi convidada pelo Ministério da Defesa para ser uma das coordenadoras da operação. A acadêmica do curso de Odontologia Andréa Catelan Cardoso também integrou os trabalhos que propiciaram atendimento a 2650 pessoas, com 3250 procedimentos realizados junto às comunidades ribeirinhas.
A missão coordenada pela professora Ana, juntamente com o professor da
PUC/RS Denis Marcelo Dockhorm, foi Assistência Hospitalar (ASSHOP). Os
navios partiram de Manaus, navegando à noite e atracando durante o dia
nas comunidades ribeirinhas. Em terra, a equipe fazia uma triagem,
encaminhando os casos necessários para atendimento na estrutura do
navio, e realizando os atendimentos básicos e outras ações, como
oficinas de conscientização, nos próprios povoados.
De acordo com a professora Ana, o trabalho constitui-se em consultas
clínicas e odontológicas, visitas domiciliares, avaliação nutricional e
de enfermagem, atendimento à violência e maus tratos e orientações
gerais de saúde e bem-estar, além da distribuição de medicamentos. Donas
de casa, crianças, idosos, trabalhadores e público em geral participaram
das atividades organizadas pela Marinha, que cedeu 20 lugares para
alunos e dois para professores atuarem em conjunto.
Entre os problemas de saúde mais comuns detectados, destacam-se os
respiratórios, dentários, mentais, cardíacos, infecto-parasitários,
hipertensão, diabetes e dificuldades visuais. “Os povoados são distantes
e há uma ausência quase total dos recursos de saúde”, explica a
professora Ana, lembrando que para dar conta dos problemas de saúde, a
população utiliza-se de medidas caseiras e de sabedoria popular.
Conforme ela, os problemas com drogas, a prostituição infantil e os
maus-tratos a crianças, idosos e mulheres também foram apontados durante
a operação.
Sala de aula na prática
Durante a Operação os alunos tiveram a oportunidade de acompanhar as
atividades de assistência hospitalar conduzidas pela equipe médica
embarcada da Marinha, praticando e aprendendo as técnicas empregadas no
atendimento às populações ribeirinhas. A acadêmica da UPF, no sexto
semestre do curso de Odontologia, classifica a experiência como uma
vivência intensa de realidade, “É uma oportunidade única de aprendizado,
com condições de desenvolver habilidades profissionais e pessoais”,
observa.
A UPF já participou de mais de 20 operações do projeto Rondon desde
2005, envolvendo acadêmicos e professores. Segundo a professora Ana
Migott, o convite para a coordenação da operação embarcada é resultado
de um trabalho sério e de qualidade desenvolvido em operações
anteriores. “Podemos afirmar que esta foi uma operação diferenciada.
Conhecemos uma área diferente, interagimos com a população de forma
direta, com a dor que ela sente, percebemos os contrastes entre a
riqueza de recursos, mas a falta de acesso a questões básicas. Posso
dizer, em resumo, que a operação não se explica, se vive. Vai além de
uma questão de cidadania, é uma questão de humanidade”, argumenta.
Para a população das localidades visitadas, foi oportunidade de ver
assistidas algumas necessidades urgentes. “É uma iniciativa muito boa,
porque aqui em Benjamin Constant, tem o posto de atendimento, mas não
tem nada, não tem remédios”, salienta o morador Isaque Mendonça de
Andrade , 45 anos, pai de oito filhos. Para a agricultora Norma da Silva
Teixeira, o ideal seria que operações como a do projeto Rondon
ocorressem mais vezes.
O Projeto Rondon é uma iniciativa do Governo Federal, coordenado pelo
Ministério da Defesa, em parceria com outros ministérios e com a
Secretaria-Geral da Presidência da República. O propósito é contribuir
para o desenvolvimento sustentável e aumentar o bem estar das
comunidades nos municípios mais isolados e carentes do Brasil.
(Assessoria de Imprensa – UPF)