PASSO FUNDO – Novos tempos, novos métodos

Postado em 07 outubro 2015 16:00 por JEAcontece
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Painel de debates do 13º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio cultural abordou os desafios da educação frente às novas tecnologias

Embora existam várias ideias, plataformas e ações sendo desenvolvidas em prol da formação de leitores e pela melhoria na qualidade da educação, os números não são animadores. Segundo dados utilizados pelo Ministério da Educação (MEC), 48% dos alunos que deixam a universidade brasileira são analfabetos funcionais, isso sem falar no ensino fundamental e médio. Ante a esse cenário, professores e pesquisadores trabalham na busca de novas metodologias para enfrentar novos tempos de tecnologia, velocidade e aprendizagem. Esses temas foram debatidos na Jornada em Ação: 13º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio cultural, promovido pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pelo Itaú Cultural. A programação encerra nesta quinta-feira (01/10).

Pesquisador nas áreas de arte e tecnologia, Chico Marinho é professor adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com foco em jogos digitais, cinema de animação, arte computacional, multimídia e interfaces homem-máquina, ele acredita que hoje são necessárias mudanças profundas na forma de se fazer a escola. Segundo Marinho, os jovens têm uma mentalidade diferente e compreendem de forma diferente o que acontece ao seu redor. Em sua opinião, a escola precisa oferecer novas possibilidades de leitura e compreensão, utilizando para isso a tecnologia. “Criamos na UFMG o curso de Cinema de Animação e Artes Digitais, que previa algumas coisas incomuns às grades curriculares. Entre elas, uma ‘indisciplina’ que não tinha conteúdo, na qual três professores de áreas diferentes se reuniam com os alunos para debater diversos assuntos. Isso foi barrado, por não existir essa tradição na escola. Quando criamos, o objetivo era tornar a educação mais adaptativa. Nesse sentido, penso que a sala de aula precisa começar a se dissolver e a dar lugar aos laboratórios, que são mais colaborativos, que pressupõem um aluno mais proativo, que vêm trazer ideia”, destaca.

Lúcia Santaella é doutora em Teoria Literária pela PUC-SP e diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais da instituição. Na opinião da escritora, que já publicou mais de 300 artigos em revistas especializadas, vivemos uma época chamada pelos especialistas geofísicos e geólogos de “grande aceleração”. Para Lúcia, os jovens não percebem tanto essa transformação, pois estão contextualizados e energizados para acompanhar esse processo.

De qualquer forma, a escritora aponta que vivemos um desafio de aprender juntos a utilizar as novas tecnologias para se aprender mais e melhor. “Não podemos cair no maniqueísmo de demonizar a tecnologia e achar que o mundo era melhor quando era impresso. O ser humano é animal contraditório, paradoxal e ambivalente, capaz de construir e desconstruir uma cultura. Sabemos que o Google, por exemplo, é o Santo Graal do nosso tempo, mas temos que ter consciência de que ele nos dá o que nós merecemos. Se pesquisamos conteúdo, recebemos conteúdo. Se pesquisamos bobagens, receberemos bobagens. E, nesse sentido, temos que entender que a curiosidade é que move o mundo e que devemos saber usar as ferramentas e transformá-las em instrumentos transformadores”, frisa.

Ações concretas e fé no futuro são os aspectos apontados pela jornalista e autora de livros infanto-juvenis Luciana Savaget. O desafio está na sociedade, mas principalmente na escola e nas universidades. “Vemos as universidades formando pessoas sem conteúdo, profissionais que chegam ao mercado de trabalho sem profundidade, sem aprofundamento, sem consistência. E vemos isso com as novas tecnologias. Temos a ideia de que apenas ler o que chega na timeline do Facebook ou o que está disponível no Google é suficiente. Estamos em uma fase de desconstrução e construção da educação”, observa.

(Assessoria de Imprensa da UPF)
Fotos: Gelsoli Casagrande

Postado em 07 outubro 2015 16:00 por JEAcontece
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