PASSO FUNDO – Inadimplência na pandemia: cuidados simples para não comprometer o orçamento

Postado em 19 agosto 2020 06:12 por JEAcontece
15.292.411/0001-75

Professor da UPF destaca pontos importantes na hora de fazer as contas e dá dicas para evitar o endividamento

Recentemente a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic-RS) apontou que houve um aumento do endividamento da população. Diante de um cenário econômico instável e com a pandemia da Covid-19 exigindo um longo isolamento social, cuidados diários e uma atenção redobrada nas contas pessoais e da casa, podem ser a solução para evitar maiores problemas.

Para o professor Dr. Julcemar Zilli, o endividamento é um dos fatores que explica as elevadas taxas de juros bancárias e, principalmente, dos cartões de crédito. “Quando a taxa de endividamento se eleva, a população na totalidade acaba sentindo o efeito com a elevação das taxas de juros para cobrir o risco de não recebimento dos valores devidos”, explica o coordenador de Extensão da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac).

Diante dessa realidade, ele aponta que a população deve sempre pensar em alguns detalhes e lista sete aspectos fundamentais:

1) Evitar as compras de bens e serviços, no impulso, que podem impactar no endividamento;

2) Pesquisar os preços em lojas físicas e virtuais, sabendo que as diferenças entre o preço do mesmo produto em instituições diferentes são significativas;

3) Sempre dar preferência ao pagamento à vista que, na maioria das vezes, gera algum desconto;

4) Tendo a necessidade de tomar empréstimos em bancos ou lojas, o consumidor deverá pesquisar entre as instituições para identificar as melhores taxas de juros e quais são os benefícios oferecidos;

5) Fazer um gerenciamento das finanças pessoais ou da família para identificar quanto pode ser comprometido mensalmente para pagamento de dívidas;

6) Criar uma pequena reserva de valor para cobrir imprevistos que podem deixar o consumidor inadimplente;

7) Evitar o empréstimo do nome e CPF para outras pessoas efetivarem compras.

Observando essas dicas e tendo esses cuidados, o professor destaca que será possível reduzir a hipótese de se tornar inadimplente, preservando o nome de bom pagador e a saúde financeira da família.

E se a dívida já existir?
Mesmo tendo cuidado, muitas pessoas e famílias acabam chegando ao endividamento. Segundo Julcemar, a partir da situação de inadimplência, ou seja, com contas atrasadas por mais de 3 meses, a primeira atitude do consumidor é procurar a instituição financeira ou loja para buscar uma renegociação da dívida. Normalmente, de acordo com ele, essa ação gera efeitos positivos para o devedor e para o credor.

Com a negociação realizada, é preciso iniciar os pagamentos, principalmente aqueles que possuem maiores taxas de juros, cuja quitação deverá ser feita prioritariamente. “Além disso, é necessário cessar os gastos excessivos ou supérfluos para gerar uma maior poupança e concretizar o pagamento das parcelas acordadas na renegociação. Isso pode incluir, inclusive, eliminação de cartões de créditos e compras impulsivas”, destaca.

Por último e tão ou mais necessário, Zilli reforça que é preciso organizar as finanças pessoais ou da família, impondo restrições orçamentárias momentâneas, demonstrando os detalhes da situação financeira familiar e a necessidade de todos participarem no processo de se tornar adimplente. “Vale lembrar que a presença do CPF do consumidor no cadastro de clientes inadimplentes gera restrições de crédito e, com isso, ele não conseguirá fazer novas compras ou tomar empréstimos no sistema financeiro, dentre outras restrições. Portanto, demonstrar interesse em quitar as dívidas realizadas sempre tem mais peso do que simplesmente não pagar e ter o nome ‘sujo’ na praça”, orienta.

Mudança de comportamento
Para o professor, existem basicamente duas maneiras de evitar o endividamento: aumentar os rendimentos e reduzir as despesas. “Em tempos de crise e, especialmente, nesse momento de pandemia está difícil elevar a remuneração, sendo que na maioria das vezes ocorreu redução da renda familiar. Por isso, os consumidores devem se voltar à segunda possibilidade que é reduzir seus gastos, mantendo os gastos essenciais e importantes para a manutenção da saúde física e mental, deixando temporariamente de lado os gastos variáveis que podem ser postergados ou despesas supérfluas que podem ser reprimidos e realizados no futuro”, frisa.

Como em qualquer momento da história, a pandemia também deixa ensinamentos e permite uma mudança de comportamento. Uma delas é a forma como a sociedade está repensando gastos. “O isolamento nos forçou a repensar nossos gastos e começamos a dar mais valor às refeições feitas em casa, nos restringiu as saídas aos restaurantes e lojas; impediu os momentos de lazer em centros comerciais, cinemas, etc. As barreiras impostas pelo distanciamento nos auxiliaram a repensar os gastos e gastar de forma consciente. Com isso, muitas famílias estão observando uma melhora no gerenciamento do orçamento familiar, pois o momento obrigou a repensar as formas como a renda era utilizada”, pontua.

Por fim, o professor lembra que a pandemia, bem como o isolamento social, irá passar e haverá, possivelmente, a retomada da economia. Diante desse novo cenário, a sociedade precisa permanecer atenta. “Se o consumo não for controlado pelo consumidor, isso poderá afetar negativamente o nível de endividamento para os próximos períodos”, alerta.

Foto: Caroline Simor

Postado em 19 agosto 2020 06:12 por JEAcontece
15.292.411/0001-75
TAPERA TEMPO

Desenvolvido com 💜 por Life is a Loop