PASSO FUNDO – Escolas na mira de criminosos

Postado em 03 abril 2018 06:37 por JEAcontece
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Assaltos constantes ou depredações ressaltam a discussão sobre os meios necessários para garantir a segurança nas instituições de ensino de Passo Fundo. Vigilância armada, monitoramento a distância e interação da comunidade escolar com a polícia integram a análise

A informação de ataques a escolas de Passo Fundo tem sido assunto recorrente nas páginas do Jornal Diário da Manhã neste mês. São roubos, furtos, arrombamentos, depredações. Exemplos não faltam. No último dia 13, foi publicada uma reportagem de capa sobre a Escola Municipal de Ensino Fundamental Cohab Secchi. Pela quarta vez em menos de 30 dias, a instituição foi alvo da ação de criminosos, que furtaram equipamentos e materiais. Na edição do dia 16, a abordagem foi sobre a situação da Escola Municipal de Ensino Fundamental Irmã Maria Catarina, que teve mais de 50 vidros quebrados a pedradas, além de ter sido alvo de dois furtos na mesma semana.

Esses casos não são fatos isolados, afirma Regina Costa dos Santos, do Sindicato dos Professores Municipais (CMP) de Passo Fundo. Ela diz que é normal a ocorrência de, pelo menos, um caso de ataque a escolas do município por semana. E isso tem ocorrido com mais frequência nos últimos anos. “Tem piorado bastante. A gente não via tantos casos assim, vem se tornando uma prática constante”, diz a professora da rede municipal há 14 anos.

Ela acredita que algumas mudanças na forma de tratar a questão ajudaram a piorar o quadro. A principal é a falta de um vigia armado nas escolas. “Essa segurança a distância que vem sendo feita não vem correspondendo à necessidade, tanto é que não está tendo resultado. Aumentou muito o número de arrombamento nas escolas e esse caos foi ocasionado por isso”, disse. Por isso, ela é favorável a alternativa da presença do vigilante, um cargo que, segundo ela, foi extinto e é uma grande perda no quadro de servidores municipais.

A professora questiona também a atuação da empresa de segurança responsável pelo monitoramento nas escolas de Passo Fundo. Está previsto em contrato que a empresa é responsável por ressarcir a escola em casos de roubo de equipamentos. Regina afirma que isso não ocorre. “Na maioria dos casos são prejuízos para a escola. As escolas têm de se organizar internamente, porque não está sendo feita a restituição”. Ela diz que na escola na qual trabalha – a EMEI Sonho Encantado – houve um furto há dois anos. Os professores tiveram que se organizar para repor o prejuízo porque não receberam os equipamentos nem da empresa nem da Prefeitura.

O que diz a Secretaria de Educação
O Secretário Municipal de Educação, Edemilson Brandão, afirma que o número de ocorrências nas escolas municipais têm se mantido próxima à média registrada em anos anteriores. Segundo o secretário, os maiores casos são relacionados a vandalismo. “É mais uma relação conflituosa com a escola do que uma própria violência”, diz. “Nós temos poucas ocorrências de furto, o que temos mais é depredação. É o cara que chegou lá, quebrou um vidro, arrombou a sala. Depois se verifica o material e poucas ocorrências de furto.”

A questão da presença de vigias armados no ambiente escolar também é rebatido pelo secretário. “O que acontece nas nossas escolas ainda não se configura como o que a gente pode chamar de uma violência exacerbada, a ponto de colocar um vigia 24 horas armado em frente a uma criança”, argumenta ele.

Brandão esclarece que a escola tem um sistema de monitoramento de 24 horas com câmeras, que ajuda coibir crimes e ajuda na identificação de criminosos. “A violência é muito mais ampla do que ficar apontando que uma escola foi assaltada e tem que colocar um vigilante armado 24 horas na porta”. O secretário explica que a vigilância armada é colocada em algumas escolas em casos pontuais, quando realmente é necessário. “Colocar vigias armados, armar professores como os Estados Unidos querem, não sei se contribui com a segurança. Pode trazer alívio momentâneo, mas pode ter efeitos colaterais na sociedade”, resume.

Edemilson Brandão afirma que a Prefeitura não ignora o número de ocorrências desse tipo e que trabalha junto aos outros órgãos de segurança para reduzir a quantidade de casos.

Brigada Militar
O comandante do 3° RPMon da Brigada Militar, major Paulo César de Carvalho, explica que a corporação atua para diminuir o problema. Como exemplo, ele cita a apreensão de um adolescente realizada na semana passada. O indivíduo foi flagrado furtando objetos de uma escola no Bairro Cohab I. Outras prisões de envolvidos em crimes desse tipo e recuperação de objetos furtados foram feitas durante o mês. “A Brigada Militar continua fazendo esse trabalho de fiscalização nesses locais. Temos viaturas que passam nas escolas que estava havendo furtos. Tanto que já fizemos prisões em função de a Brigada Militar estar passando pelo local no momento certo”, assegurou.

O major explica que a BM trabalha em conjunto com a direção das escolas. “Temos um canal direto com eles. Quando há problemas, nos ligam e é feito um trabalho mais específico para aquele local”, explica.

Além de buscar qualificar o patrulhamento, a corporação busca fazer o trabalho preventivo junto à comunidade escolar. “Temos muita participação dentro das escolas. Nosso efetivo está sempre em contato com os professores, com os alunos, fizemos muitos trabalhos paralelos”, pontua. Nesses encontros, segundo o major, os policiais fazem palestras e orientam alunos e professores sobre questões de segurança pública. Além disso, é importante o trabalho de denúncia dos criminosos para evitar ocorrências futuramente. “A gente pede para a comunidade para nos ajudar a identificar essas pessoas e fazer com que esses jovens que estão depredando as escolas parem.”

Para que o trabalho seja efetivo, entretanto, é também necessário que os casos de violência e ataque às escolas sejam devidamente registrados através de boletins de ocorrências.“Nós trabalhamos em cima de estatísticas. Então, se não fizer o boletim, a ocorrência não existe. Para ter o emprego da viatura, a visita dos policiais nas escolas, tem de estar registrada a ocorrência”, argumenta o major.

Jornal Diário da Manhã

Postado em 03 abril 2018 06:37 por JEAcontece
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