PASSO FUNDO – 1º Fórum Gaúcho do Mormo: diagnóstico e prevenção no combate à zoonose

Postado em 09 outubro 2015 11:00 por JEAcontece
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Poder público, academia e setor produtivo estiveram reunidos nesta quinta-feira, dia 08 de outubro, na UPF, para definir estratégias de prevenção à zoonose

Desde junho, quando foi detectado o primeiro caso, o mormo tem sido uma das preocupações no estado do Rio Grande do Sul. Já em outubro, após a detecção do 15º caso, a doença tem sido tema de pesquisa e de dúvidas por parte dos proprietários de equídeos, animais que registram ocorrência da zoonose. Com o objetivo de definir estratégias de prevenção e discutir cientificamente a doença, a Universidade de Passo Fundo (UPF) realizou, nesta quinta-feira, dia 8 de outubro, o 1º Fórum Gaúcho do Mormo. O evento reuniu veterinários, especialistas do setor, produtores, comunidade científica e acadêmica, para debater o tema junto ao poder público.

O mormo é uma doença infectocontagiosa que não tem cura e atinge especialmente os equídeos. Por se tratar de uma zoonose, a doença pode ser transmitida para humanos, mas também atinge outras espécies animais, como cães, pequenos ruminantes e felinos. A biografia sobre a doença ainda é insuficiente e há pesquisas que apontam que, na década de 1990, mais de 400 animais morreram na Zona da Mata no Nordeste brasileiro vitimizados pelo mormo e, desde 2000, a zoonose avançou para o sul e o oeste. A doença entrou no Rio Grande do Sul na metade do primeiro semestre deste ano e, a partir de então, exigências sanitárias foram estabelecidas, impactando em feiras e exposições, mercado e trânsito de animais.

Presente na solenidade, o reitor da UPF José Carlos Carles de Souza destacou o protagonismo da Instituição em reunir o setor produtivo para debater o tema e para conscientizar a comunidade gaúcha sobre a zoonose. “A Universidade vai desenvolver pesquisa e diagnóstico para o mormo. Comprometida com o controle e a erradicação da zoonose em nosso estado, está preparando um laboratório específico para a prestação de serviços nessa área”, salientou.

Laboratório de detecção
A UPF tem o Laboratório de Diagnóstico de Anemia Infecciosa Equina, que é credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e acreditado pelo Inmetro para o exame de anemia e está recebendo novos equipamentos para ter o serviço ampliado, contemplando a detecção de mormo. Atualmente, as amostras de sangue são coletadas aqui e os testes de mormo são encaminhados para um laboratório em São Paulo. Coordenador do laboratório, o professor do curso de Medicina Veterinária, Luiz Carlos Kreutz, explica que estão sendo adquiridos os reagentes para os testes e os equipamentos necessários para oferecer o serviço. “Assim que chegarem esses reagentes, vamos iniciar o treinamento da técnica dentro do laboratório”, comenta.

Segundo o professor, a técnica de diagnóstico exige trabalho minucioso e muitas diluições de reagentes. Além disso, o treinamento não é oferecido pelo Ministério da Agricultura, apesar de o órgão conceder o credenciamento para os testes. “Sabemos a técnica, pois a desenvolvemos em pesquisas com outras doenças semelhantes”, observa Kreutz, enfatizando que a previsão é de que no início do próximo ano o laboratório já deva estar fazendo esses testes. “Pela maneira com que a doença tem se manifestado no estado, deve permanecer a exigência dos testes de diagnóstico nos próximos anos, por uma questão de sanidade animal e saúde pública. Estaremos preparados para atender a essa demanda da região”, frisa ele.

Pedidos liminares
Do ponto de vista jurídico, o 1º Promotor de Justiça Especializada do Ministério Público de Passo Fundo, Paulo Cirne, explica que as implicações sobre a doença estão em pedidos liminares em ações judiciais feitas por proprietários que buscam evitar que animais venham a ser sacrificados. “A alegação principal é o risco de o diagnóstico não estar correto e de que o animal não esteja realmente com a doença e venha a ser sacrificado de forma indevida”, informa.

Segundo Cirne, algumas liminares têm sido concedidas e, sob ponto de vista técnico, essa questão precisa ser debatida. “Há necessidade de municiar os juízes com informações. Verifica-se a importância de que o diagnóstico seja correto e inquestionável e, na hipótese da liminar ser deferida e o animal permanecer vivo por algum tempo, aguardar um novo exame, para depois ser sacrificado. É importante definir critérios técnicos de como deve permanecer, onde e como deverá ser tratado, para evitar risco de contaminação a outros animais e ao ser humano.

Transmissão em humanos
“A bactéria do mormo pode ser potencialmente contaminante ao ser humano”. A afirmação é do secretário municipal de Saúde de Passo Fundo, Luiz Arthur Rosa Filho, que destaca que a doença pode ser mais grave, principalmente pelo risco de demora no diagnóstico. “Essa é uma doença com tratamento e a expectativa de contaminação de ser humano tem risco, mas os casos podem se configurar em casos graves e, como toda a bactéria, ter consequências. Teremos que cuidar muito dos cavalos, dessa política de sanidade animal para não corrermos o risco de envolvermos a saúde humana nesse caso”, destaca. No estado, houve um caso suspeito de contaminação em humanos em Santana do Livramento, em agosto, o que desencadeou uma preocupação do setor de saúde. Porém, não houve confirmação. “É importante que a sociedade esteja ciente dos riscos e dos cuidados necessários com o animal para que o ser humano não corra nenhum risco”, destaca o secretário.

Fórum do Mormo
O 1º Fórum Gaúcho do Mormo é coordenado pelo Tenente Coronel Veterinário da Brigada Militar e professor da UPF João Ignácio do Canto e teve participação ativa do Diretório Acadêmico de Agronomia e Medicina Veterinária (DAFAV). O evento é uma realização da UPF e conta com o apoio do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento; Brigada Militar; Movimento Tradicionalista Gaúcho; e do Núcleo de Criadores de Cavalo Crioulo José Ronald Bertagnolli.

A solenidade de abertura contou com a presença do vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul José Arthur Martins; do diretor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) professor Hélio Rocha; do coordenador do curso de Medicina Veterinária da UPF professor Eraldo Zanella; do representante do Executivo municipal Edson Nunes; do representante da Câmara Municipal de Vereadores Alex Necker; do presidente da Associação dos Médicos Veterinários do Planalto Mauro Moreira; do Tenente Coronel Fernando Carlos Bicca, comandante do 3º RPMon; do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho Manoelito Savaris; da coordenadora da 7ª Região Tradicionalista Gilda Galeazzi; dos representantes do Núcleo de Criadores de Cavalo Crioulo José Ronald Bertagnolli, Tiago Orlando e Fernando Tonet; do representante da Secretaria de Agricultura e Pecuária Amadeo Oliveira; do representante da Sociedade de Veterinária do RS (Sovergs) João Pereira Jr.; e do presidente do DAFAV Flávio Mariotti.

Foto: Alessandra Pasinato
(Assessoria de Imprensa da UPF)

Postado em 09 outubro 2015 11:00 por JEAcontece
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