Sigla reúne executiva, mas líderes querem sinalização oficial do peemedebista
Dividido, o PDT gaúcho define nesta segunda-feira à noite se deve ou não participar do governo de José Ivo Sartori (PMDB). O partido realiza uma reunião ampliada da executiva (que inclui deputados federais e estaduais atuais e eleitos), com a presença do presidente nacional, Carlos Lupi. “A tendência majoritária na bancada estadual é de participar. Mas a bancada federal e o Lasier Martins (senador eleito do partido) acham melhor não. O fato é que, até agora, o Sartori não fez assim uma proposta concreta. Fica difícil ajudar se não se sabe para o quê”, resumiu ontem Lupi.
Lasier, que defende a independência, diz que, até o almoço no Hotel Everest, na semana passada, acreditava que a tese de adesão a Sartori ganharia. “Mas, depois daquele dia, as coisas se emparelharam.” Ele deixa claro também que ingressar no governo Sartori pode prejudicar o PDT nas eleições municipais de 2016. “Olho para a prefeitura daqui a dois anos porque defendo que o PDT tenha candidato próprio em Porto Alegre. E aí, como vai ficar?”
Os pedetistas sabem que o PMDB terá candidato próprio à prefeitura da Capital, o vice-prefeito Sebastião Melo. Além disso, preocupa ao PDT a disputa ao governo de 2018, para a qual o partido tem guardado o nome do prefeito José Fortunati que, dependendo da conjuntura, pode vir a ser substituído por Lasier.
Plenário: Sigla teme ficar “amarrada”
O maior receio do PDT gaúcho é o de ficar amarrado ao governo de José Ivo Sartori (PMDB) sem uma contrapartida “à altura”. Na prática, isso significa que o partido teme ocupar um espaço como a titularidade de uma ou duas secretarias, sem grandes possibilidades de cargos nos segundo e terceiro escalões e, mesmo assim, votar com o governo na Assembleia Legislativa, onde a bancada trabalhista aumentou de sete para oito parlamentares. Este tipo de negociação, no entendimento dos pedetistas que defendem a independência, só beneficiaria o PMDB. Sartori, que se elegeu com o apoio de 19 partidos, precisa mesmo assim angariar novas adesões na Assembleia, porque não tem maioria. Das 19 siglas, oito têm representação na Assembleia, garantindo 26 votos. Sartori deverá contar ainda com o voto do petebista Marcelo Moraes. Mas, para aprovar seus projetos, o governo precisa de pelo menos 28 votos.
Acordo: Negociação envolve bancada
De acordo com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a proposta concreta de José Ivo Sartori até agora foi o convite para que o deputado federal Vieira da Cunha integre sua administração. “Mas o Vieira gostaria mesmo é de voltar para as funções dele no Ministério Público”, emenda Lupi. Internamente, a informação no partido é que Vieira sonha em exercer suas funções e se aposentar pelo MP e retomar a vida pública a tempo de disputar a prefeitura da Capital em 2016.
Para além do caso de Vieira, o pleito dos pedetistas inclui também uma negociação que envolve diretamente a bancada na Assembleia. O partido trabalha para que o hoje deputado Vinícius Ribeiro, que ficou com a segunda suplência, permaneça no Legislativo. Para que isso ocorra, contudo, dois dos parlamentares eleitos do PDT precisariam ser chamados por Sartori. A primeira suplente é a deputada Juliana Brizola.
(Correio do Povo)