Os 30 anos de “Canto Alegretense” serão comemorados com show

Postado em 10 setembro 2013 07:10 por JEAcontece
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No salão vazio do CTG 35, na Capital, o grupo Os Fagundes se reúne a pedido de ZH para uma gravação do célebre Canto Alegretense. Ao final, um dos compositores da obra baixa a cabeça e chora. Nico Fagundes volta-se para os familiares e diz:

– Só hoje me dei conta de como essa música é bonita.
Demorou para o letrista reconhecer o potencial de sua criação, mas foi em boa hora: às vésperas do show desta sexta, no Araújo Vianna, dedicado aos 30 anos da canção que se converteu em hino afetivo do Estado.

A modéstia do poeta, historiador e folclorista Antônio Augusto Fagundes, o Nico, pode ter relação com a circunstância casual em que a música nasceu no começo dos anos 1980. Quando atuava como advogado na Capital, certo dia entrou no escritório carregando uma máquina de escrever elétrica recém-adquirida. Um colega de trabalho com uma causa a defender no Interior aproveitou para fazer graça com a terra natal dos Fagundes: “Nico, onde é que fica o Alegrete?”. Ele respondeu: “Não me perguntes onde fica o Alegrete. Segue o rumo do teu próprio coração”. Instalou a máquina sobre a mesa e escreveu com ela os demais versos em quatro minutos e meio.

– A poesia saiu pronta – diz Nico.
Levou a folha datilografada para seu apartamento na Rua da Praia, onde permaneceu inerte até uma visita do irmão Bagre Fagundes para filar um almoço. Bagre pegou o papel, se impressionou com a qualidade dos versos e o levou consigo para Alegrete. Compôs a melodia em sua gaita de quatro baixos. Mostrou ao pai, Euclides Fagundes, que sentenciou: “Essa música vai imortalizar vocês”. Por telefone, tocou a canção para Nico, que mostrou bem menos entusiasmo: “É razoável, vocês são muito exagerados”.

A partir daí, o tempo confirmaria as melhores expectativas. O grupo, formado ainda por Ernesto, Neto e Paulinho, filhos de Bagre, considera como marco inicial da composição a primeira vez em que todos a apresentaram juntos, em um programa Galpão Crioulo de 1983. Nas três décadas seguintes, a obra dos Fagundes foi gravada mais de cem vezes, convertida em símbolo gauchesco e alvo de brincadeiras como as paródias de Jair Kobe, o Guri de Uruguaiana – que participará do show comemorativo.

– Escolhi essa música pela importância dela e gosto de saber que ajudo a aumentar ainda mais sua popularidade – afirma o humorista.

O Canto Alegretense só não havia conquistado de vez, ainda, um de seus criadores. Mas, no salão vazio do CTG 35, o poeta que ensinou como se chega ao Alegrete finalmente se rendeu a sua própria obra. Era o gaúcho que faltava.

(Clicrbs)

Postado em 10 setembro 2013 07:10 por JEAcontece
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