ONU premia software brasileiro que traduz mundo digital para surdos

Postado em 05 março 2013 07:24 por JEAcontece
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Programa Mãos que Falam, idealizado por três alagoanos da empresa Hand Talk, traduz sons, textos e até fotos para a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Público alvo são deficientes auditivos que não entendem bem português ou são analfabetos.

São comuns os aplicativos na internet que fazem tradução entre diferentes idiomas. A novidade é uma ferramenta digital que transforma textos, imagens e arquivos de áudio em uma língua especial: sinais para surdos. O programa foi desenvolvido por três alagoanos e acaba de receber um importante prêmio internacional.

O Mãos que Falam venceu o World Summit Award Mobile (WSA-Mobile), uma competição bienal promovida pelas Organização das Nações Unidas (ONU) e parceiros. Representantes de 100 países participaram da disputa que escolheu 40 finalistas em oito categorias. Hugo, o avatar do aplicativo que usa as mãos para conversar com os usuários, levou para casa o prêmio da categoria Inclusão.

O personagem funciona como interface para traduzir conteúdos digitais em Libras, a Linguagem Brasileira de Sinais. “Esta é a primeira língua que os surdos aprendem, só depois vem o português”, explica o Diretor Executivo do projeto, Ronaldo Tenório, um dos três idealizadores do Mãos que Falam.

Segundo ele, ainda existe um percentual elevado de surdos que não entende bem português e que, por diferentes motivos, abandonou a escola sem uma alfabetização completa. O programa pretende facilitar a compreensão.

O software reconhece as palavras de uma mensagem de texto, por exemplo, e o personagem Hugo interpreta o significado em Libras. O caminho inverso — a possibilidade de responder em libras que seriam convertidas em texto — faz parte dos planos para uma segunda etapa do projeto. Os cuidados agora estão em aperfeiçoar os códigos que funcionam como cérebro do avatar: quanto mais for usado, mais precisas se tornam as traduções.

Hugo também ajuda na interpretação de imagens que tenham texto, como a capa de um jornal. O usuário fotografa a página e a imagem é varrida pelo programa em busca de caracteres. Um sistema de reconhecimento lê o conteúdo, que é traduzido em gestos. Tenório diz que a mesma ferramenta poderia ajudar na leitura de placas de informação.

“Queremos fazer com que o surdo entenda conteúdos e tenha acesso ao conhecimento”, afirma.

Acesso gratuito

Além disso, Tenório trabalha ao lado de Carlos Wanderlan, Tadeu Luz — idealizadores do programa — e uma equipe de mais 20 pessoas para deixar tudo pronto para o lançamento oficial dos aplicativos para celular. A previsão é que o software possa ser baixado em smartphones com diferentes sistemas operacionais no segundo semestre de 2013. Por hora, a empresa comercializa licenças da versão web do programa, que pode ser instalada em qualquer site para torná-lo acessível a quem depende dos sinais.

Tenório explica que essas licenças são comercializadas, mas o usuário final não paga pelo serviço. “Entendemos que o surdo não precisa pagar para ter acesso a informação, e os aplicativos para celulares também serão gratuitos”, antecipa.

A premiação internacional — que se seguiu a outras conquistas locais — alavancou a empresa, e hoje o que era apenas uma ideia se transformou na fonte de renda dos jovens empreendedores.

O destaque internacional deve render também novas parcerias. Por hora, Hugo não entende outras línguas, mas pode aprendê-las no futuro. A sutileza no conjunto de gestos usados em cada país dificulta o trabalho, mas a empresa conta com consultores especiais: cinco surdos participam da equipe de desenvolvimento, e associações de deficientes auditivos de todo o país contribuem nos ajustes do personagem.

Existem diferenças nos sinais de uma região para outra, e a equipe de desenvolvedores quer deixar o programa capaz de funcionar bem em todo o país. “Podemos dizer que até mesmo na Libras existe um sotaque”.

Deutsche Welle

Postado em 05 março 2013 07:24 por JEAcontece
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