Obesidade atinge quase 20% da população

Postado em 05 julho 2018 07:20 por JEAcontece
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Aumento de produtos industrializados e contínuo sedentarismo são principais fatores, de acordo com nutricionista

A obesidade é uma realidade para 18,9% dos brasileiros. Já o sobrepeso atinge mais da metade da população. Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e foram divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde. Entre os jovens, a obesidade aumentou 110% entre 2007 e 2017. Esse índice foi quase o dobro da média nas demais faixas etárias e o crescimento foi menor nas faixas de 45 a 54 anos (45%), 55 a 64 anos (26%) e acima de 65 anos (26%).

Em Passo Fundo, não há um dado específico do município, mas a médica Débora Boscatto, responsável pelo ambulatório Qualidade de Vida – que trata de distúrbios alimentares –, estima que sejam semelhantes aos de Porto Alegre, onde a proporção de obesos alcança índices acima da média nacional. “Os dados que temos são medidos em Porto Alegre, que é uma das capitais mais obesas do Brasil, e aí a gente reproduz no interior do estado”, explica a médica. “Há uma tendência de aumento nessa porcentagem. Há um plano do governo, assinado com a OMS, um documento onde o Brasil se compromete a tentar conter a obesidade nos adultos do ano passado até o final do ano que vem e ao invés desse número diminuir, ele vem crescendo”, alerta a médica.

O governo brasileiro participa de iniciativas que promovem o combate à obesidade e ao sedentarismo, a exemplo do apontado por Débora. Em março de 2017, o país se comprometeu a reduzir o número de obesos entre a população adulta até 2019, através de políticas de saúde e segurança alimentar e nutricional, bem como uma redução de 30% no consumo de refrigerantes e sucos artificiais e ampliar em 18% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente. Apesar disso, os resultados não estão aparecendo na prática. De acordo com a médica, a população está mais sedentária, atendendo mais aos apelos comerciais e consumindo ainda mais alimentos industrializados. “As crianças acabam expostas e os adultos também a muito lanche, comida rápida, diminuição da ingestão de frutas e verduras in natura, então a gente tem vários fatores”, explica. “Até a poluição está sendo investigada nesse sentido, pois com o aumento da poluição teríamos um aumento da tendência à obesidade, temos mais conforto térmico com o uso do ar condicionado, por exemplo, e com isso a gente gasta menos energia”. Débora também aponta um aumento das doenças endocrinológicas e metabólicas, que levam a um aumento da obesidade. “São muitos fatores que levam à doença, por isso é importante investigar cada paciente do ambulatório, o ritmo de vida de cada um”.

O papel do ambulatório
Conforme informações da médica, desde 2014 o ambulatório funciona em Passo Fundo, trabalhando principalmente com prevenção da obesidade e de todas as doenças crônicas que a acompanham, como hipertensão, diabetes, gordura no fígado, colesterol elevado e alguns cânceres ligados à obesidade. “A gente trabalha num sentido de prevenção com as gestantes, com os bebês, com as crianças e também com o tratamento quando são identificados em qualquer faixa etária. Eu sou a médica clínica e faço a entrada no ambulatório”, explica. No entanto, o ambulatório enfrenta problemas. Desde o ano passado, a clínica se encontra sem nutricionista, então os pacientes são encaminhados para um plano nutricional da rede. “Eu tenho duas psicólogas que trabalham comigo e montamos grupos de apoio onde os pacientes são expostos à terapia e acompanhamento individual ou em grupo e aí fazemos a parte da saúde mental, do estimulo à atividade física e o tratamento associado à obesidade”, aponta. “E para aqueles pacientes que vemos que necessitam de uma maior intervenção, esses são encaminhados à cirurgia bariátrica”. Porém, a cirurgia bariátrica não é feita pelo SUS em Passo Fundo, dessa forma é necessário fazer o encaminhamento das cirurgias via Estado. Assim, os pacientes entram numa fila estadual bastante demorada. “Em decorrência disso, a gente faz esse suporte clínico até o paciente ser chamado”, finaliza.

Como combater essa tendência
De acordo com a nutricionista Marina Seady, é possível enfrentar essa propensão ao sobrepeso através da manutenção de uma alimentação saudável em longo prazo. “É melhor ir se habituando às mudanças aos poucos do que entrar em uma dieta muito restrita e depois não conseguir manter”, aponta. “Há uma falta de prioridade e imediatismo muito grande e isso contribui para esse quadro. Buscam-se resultados rápidos, o que é muito difícil quando se fala em perda de peso, principalmente perda de peso saudável e duradoura”. A nutricionista também dá dicas de como é possível se esquivar da alimentação industrializada e ainda assim manter a agilidade dos lanches rápidos: consumir frutas, castanhas ou iogurte ao invés de barrinhas ou biscoitos adoçados, comprar lanches assados ao invés de fritos, carregar sempre uma garrafa de água para garantir a ingestão hídrica adequada e não confundir sede com fome, procurar ingerir vegetais em todas as refeições e reduzir a quantidade de calorias líquidas como refrigerantes e sucos adoçados. “E contrariando uma fala comum de que ‘ser saudável é caro’, manter uma dieta acessível é possível, ingerindo arroz, batata, feijão, ovos, leite, iogurte natural, mel, pinhão, abacate e inclusive amendoim”, informa.

Diário da Manhã

Postado em 05 julho 2018 07:20 por JEAcontece
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