O papa pode ser nosso

Postado em 25 fevereiro 2013 07:39 por JEAcontece
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Estava quase anoitecendo na favela do Moinho, na região central da cidade, quando um homem de meia-idade, vestindo uma roupa preta, percorria suas vielas conversando com os moradores.

Era dezembro de 2011 e a favela havia pegado fogo dias antes, deixando vários moradores desabrigados. O homem de roupa preta era o cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, que dirige a maior diocese do mundo e, seguindo os preceitos da igreja, deve sempre estar junto de seu povo.

Um ano e dois meses depois da cena acima, dom Odilo desarrumava sua mala em Roma quando ouviu pelo rádio a notícia de que Bento 16 anunciara sua renúncia ao posto de líder da Igreja Católica. Horas depois, dom Odilo já estava na lista dos mais cotatos para assumir o pontificado.

Aos 63 anos, dom Odilo é o candidato latino-americano mais forte e tem um apelo que se estende para além das considerações geográficas. Ele não só lidera o maior núcleo religioso do maior país católico do mundo desde 2007, mas também tem excelentes credenciais romanas.

Em seus estudos, obteve uma licenciatura e um doutorado em teologia na Universidade Gregoriana e depois passou vários anos trabalhando na Congregação para os Bispos (1994-2001). Enquanto isso, trabalhou na Diocese de Toledo (Brasil) como reitor de seminário e pároco. Sendo bispo auxiliar desde 2001 e cardeal desde 2007, a Cúria Romana, os europeus e os latino-americanos poderiam encontrar nele um candidato de consenso.

De volta ao Brasil, dois dias depois do anúncio da renúncia, dom Odilo, um dos cinco cardeais brasileiros que vão participar do próximo conclave, rechaçou de saída qualquer especulação em torno de uma provável chance sua de ser eleito papa. “Se estou preparado? Seria presunção de qualquer cardeal dizer que está preparado para ser papa, pois a avaliação depende dos outros cardeais”, afirmou.

Em sua opinião, idade e país de origem podem ser levados em consideração, mas não são essenciais para se traçar o perfil ideal de quem vai governar a Igreja. “A saúde, sim, é importante.”

PRÓS:
1. Liderar a diocese de São Paulo, o maior núcleo religioso do maior país católico do mundo desde 2007
2. Ter excelentes credenciais romanas. Obteve uma licenciatura e um doutorado em teologia na Universidade Gregoriana e depois passou vários anos trabalhando na Congregação para os Bispos (1994-2001)
3. A Cúria Romana, os europeus e os latino-americanos poderiam encontrar nele um candidato de consenso
4. É considerado moderado, além de bom gestor
5. Dá sinais eloquentes de que não contrariará as posições da igreja em temas como o aborto, o uso de preservativo e o casamento gay. É alinhado ao Vaticano

CONTRAS:
1. Nunca um cardeal da América do Sul conseguiu ser escolhido papa
2. Apenas 19 dos 117 cardeais que vão escolher o papa são da América Latina. A maioria vem dos países da Europa, o que aumenta as chances de um europeu
3. Os bispos brasileiros já foram considerados independentes, especialmente entre o final dos anos 70 e ao longo dos 80 e isso repercutiu mal no Vaticano
4. Esteve envolvido numa recente crise política, ao se indispor com a comunidade acadêmica depois de escolher a professora Anna Maria Marques Cintra para a nova reitora da PUC-SP, mesmo sem ser a mais votada
5. Houve certo desconforto entre o governo brasileiro e o Vaticano, depois que Bento 16 pediu aos católicos para não votarem em candidatos brasileiros que defendessem a legalização do aborto, o que inclui vários dos aliados de Dilma

Diário de São Paulo

Postado em 25 fevereiro 2013 07:39 por JEAcontece
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