O futebol e futsal da região em tempos de pandemia pelo Coronavírus

Postado em 22 abril 2020 14:00 por JEAcontece
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Sem treinos e nem sabendo quando os jogos retornam, equipes seguem em quarentena. Para quem é ligado ao esporte, momento seria de maior apoio por parte das entidades que gerem os campeonatos

A cena é uma só, seja em estádios, arenas ou ginásios: portões fechados. Desde que a pandemia do Coronavírus se alastrou, todas as atividades esportivas foram paralisadas. Assim sendo, há mais incertezas que respostas. O cenário não muda na região que abriga agremiações às voltas em competições de futebol e futsal.

O Esporte Clube Passo Fundo, que estava em plena disputa da Divisão de Acesso, paralisou os treinos. Muitos jogadores foram liberados para retorno aos seus municípios. Quem permanece em Passo Fundo auxilia o Tricolor na campanha “Driblando o Covid e Vencendo o Amor”, que busca a arrecadação de alimentos e ocorre até a semana que vem no Estádio Vermelhão da Serra. Quanto aos contratos, os atletas e comissão técnica seguem com vínculo ativo e a expectativa é que a normalidade retorne em julho, com a Divisão de Acesso sendo retomada em agosto.

Se a Divisão de Acesso tem pelo menos uma data, a Terceirona não conta com tal dado balizador. O Sport Clube Gaúcho fazia a pré-temporada visando a estreia na competição, marcada para o dia 05 de abril. Com a pandemia, os treinos foram cancelados, bem como o início dos jogos. Os atletas foram dispensados, mas seguem com contratos ativos junto ao Alviverde. A tendência é que a Terceirona ocorra no segundo semestre.

O Passo Fundo Futsal era outro time que vivia os dias finais de pré-temporada. O time dirigido pelo técnico Juninho já havia disputado a Copa Três Coroas, onde sagrou-se vice-campeão. Depois, teria pela frente a Copa Regional, a Copa dos Pampas e a Liga Gaúcha 1. No momento, é certo o cancelamento da Copa Regional. A data de início das outras competições segue incerta. Os profissionais contam com treinos em modo “remoto”, através de vídeos de preparação física. A tendência é que os treinos presenciais no Ginásio Capingui retornem em maio – podendo tal data sofrer alteração.

No cenário nacional, a dúvida é basicamente a mesma. Não se sabe quando os treinos das equipes serão retomados, nem quando os jogos voltarão a ser disputados. Existem possibilidades, como a disputa da reta final dos Estaduais e início do Brasileirão tendo partidas com portões fechados já em maio ou junho – enquanto isso não ocorre, os atletas receberam férias.

As opiniões de quem jogou
Embora hoje não estejam mais atuando como jogadores, Edinho Recife e Sandro Sotilli seguem atentos aos acontecimentos do futebol. “Estou preocupado com a situação dos atletas, muitos vão ficar sem calendário até o final do ano. O futebol brasileiro não vai ser o mesmo esse ano! Estou fazendo algumas intermediações, mais sem data da apresentação dos atletas, tendo que aguardar a CBF definir a data do retorno” diz Edinho, hoje intermediário em negociações de clubes das Séries A e B do Brasileirão.

Para o ex-centroavante, tanto a CBF quanto a FGF deveriam auxiliar os atletas até que seja determinada uma data de retorno aos jogos. “Tem muito pai de família que estão sem treinar e sem receber. É muito fácil pra quem tem salário de R$ 100 mil, fico preocupado com os que ganham R$ 5 mil, R$ 10 mil e têm aluguel pra pagar, colégio das crianças, alimentação” conclui.

É a mesma linha de pensamento defendida por Sandro Sotilli. Nome histórico do futebol do RS, o ex-centroavante vê a dificuldade dos clubes pequenos. “Está bem complicado. Tanto a CBF quanto a FGF poderiam ajudar mais os clubes, principalmente do Interior. Fiquei sabendo que a FGF mandou R$ 22 mil para os clubes da Divisão de Acesso, mas isso é muito pouco, paga quase nada. Claro que a pandemia afetou muito o futebol e sabendo que temos duas entidades que faturam muito, acho que deveriam ajudar mais os clubes do interior” reitera.

Sotilli demonstra especial preocupação com os jogadores dessas equipes. “Se a Divisão de Acesso recomeçar em agosto, com ficarão os contratos dos profissionais? Grêmio e Inter têm receitas e podem suportar, ao contrário das equipes menores. R$ 20 mil não paga nem a passagem do pessoal. As entidades podem fazer muito mais” finaliza.

Presidente da OMF acredita que competições serão reformuladas
A OMF, equipe que está na Liga 2 do Futsal Gaúcho, já estava adiantada em termos de organização quando a problemática do Coronavírus fez com que tudo fosse adiado, inclusive as competições esportivas. O elenco estava quase completo, o treinador havia sido recém anunciado e várias empresas e pessoas haviam se comprometido com apoio financeiro durante o ano. Agora a Liga sinaliza de que os torneios regionais, aqueles que antecedem as competições principais da entidade, não acontecerão em 2020.

O presidente e atleta da equipe, Márcio Cascata, diz que nada mudou desde então. “Seguimos sem definição de que até quando vai este isolamento. Como não podemos nos reunir para treinar, cada um segue fazendo o seu em casa. Continuamos aguardando e tentando pelo menos manter o condicionamento físico para quando voltarmos, se voltarmos, não termos perdido tudo”, menciona ele, acrescentando que todos os clubes estão sendo afetados com a situação, alguns até optaram por dispensar atletas e cancelar definitivamente a temporada atual e, talvez, só retomar os projetos em 2021. “Levamos vantagem porque toda nossa base ser de Carazinho. Então o pessoal continua por aqui, mas os times que têm gente de fora fizeram dispensas. Ainda não cogitamos a possibilidade de cancelar a temporada como algumas equipes já fizeram”, contou.

Na visão do dirigente e atleta, a Liga irá reformular as competições para este ano, se elas voltarem. “Penso que vai uma competição para dar um retorno para aquelas empresas que seguiram fechadas com os clubes. Vai ser algo mais enxuto para movimentar mesmo o esporte, até porque não tem mais tempo para fazer competição como estava planejado, a não ser que se adotasse o modelo europeu, começando num ano e terminando em outro, indo até fevereiro ou março, mas isso já foi cogitado e sabemos que é inviável”, citou.

Márcio Cascata não descarta a possibilidade de alguns apoiadores não puderem mais estar com a OMF quando as competições iniciarem, já que os impactos econômicos da Covid-19 serão sentidos em breve. “Infelizmente isso poderá acontecer. Mesmo que desejam nos apoiar, algumas empresas poderão não ter condições de continuar conosco porque a economia sentirá os efeitos do vírus”, analisou.

Diário da Manhã

Postado em 22 abril 2020 14:00 por JEAcontece
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