‘O direito do autor do crime vale mais do que o da vítima e da sociedade’, afirma delegada sobre Lei do Abuso de Autoridade

Postado em 10 janeiro 2020 06:05 por JEAcontece
15.292.411/0001-75

Em vigor desde o dia 03 de janeiro de 2020, a lei de abuso de autoridade prevê crime para “fotografar ou filmar, permitir que fotografem ou filmem, divulgar ou publicar fotografia ou filmagem de preso, internado, investigado, indiciado ou vítima, sem seu consentimento ou com autorização obtida mediante constrangimento ilegal, com o intuito de expor a pessoa a vexame ou execração pública”. Essa será a mordaça da imprensa, pois além de nomes nenhum órgão de comunicação, não poderá divulgar mais fotos de costas de presos, por exemplo. A delegada regional da 24ª região policial de Soledade, Fabiane Bittencourt conversou com a repórter Luzia Camargo. Inicialmente ela comenta como a Polícia Civil pretende agir.

Outra preocupação da delegada regional de Polícia Civil diz respeito ao entendimento sobre a prisão em flagrante do réu antes de que se obtenham provas contra ele bem como a divulgação de iniciais do preso mesmo com provas contra ele.

Para a delegada regional de polícia, o direto do autor do crime vale mais do que o da vítima e da sociedade e está legislação inibe e muito o trabalho da polícia.

A delegada regional falou sobre como vê a questão do interrogatório de suspeitos logo após a sua prisão em flagrante, sendo que é real a possibilidade de ter de soltar esta pessoa e ter de intimá-la outro dia para que volte à delegacia depor, o que para a delegada regional é um retrabalho.

Veja os artigos da lei de abuso de autoridade

Crimes punidos com detenção de seis meses a 2 anos
♦ Não comunicar prisão em flagrante ou temporária ao juiz
♦ Não comunicar prisão à família do preso
♦ Não entregar ao preso, em 24 horas, a nota de culpa (documento contendo o motivo da prisão, quem a efetuou e testemunhas)
♦ Prolongar prisão sem motivo, não executando o alvará de soltura ou desrespeitando o prazo legal
♦ Não se identificar como policial durante uma captura
♦ Não se identificar como policial durante um interrogatório
♦ Interrogar à noite (exceções: flagrante ou consentimento)
♦ Impedir encontro do preso com seu advogado
♦ Impedir que preso, réu ou investigado tenha seu advogado presente durante uma audiência e se comunique com ele
♦ Instaurar investigação de ação penal ou administrativa sem indício (exceção: investigação preliminar sumária devidamente justificada)
♦ Prestar informação falsa sobre investigação para prejudicar o investigado
♦ Procrastinar investigação ou procedimento de investigação
♦ Negar ao investigado acesso a documentos relativos a etapas vencidas da investigação
♦ Exigir informação ou cumprimento de obrigação formal sem amparo legal
♦ Usar cargo para se eximir de obrigação ou obter vantagem
♦ Pedir vista de processo judicial para retardar o seu andamento
♦ Atribuir culpa publicamente antes de formalizar uma acusação

Crimes punidos com detenção de um a quatro anos
♦ Decretar prisão fora das hipóteses legais
♦ Não relaxar prisão ilegal
♦ Não substituir prisão preventiva por outra medida cautelar, quando couber
♦ Não conceder liberdade provisória, quando couber
♦ Não deferir habeas corpus cabível
♦ Decretar a condução coercitiva sem intimação prévia
♦ Constranger um preso a se exibir para a curiosidade pública
♦ Constranger um preso a se submeter a situação vexatória
♦ Constranger o preso a produzir provas contra si ou contra outros
♦ Constranger a depor a pessoa que tem dever funcional de sigilo
♦ Insistir em interrogatório de quem optou por se manter calado
♦ Insistir em interrogatório de quem exigiu a presença de um advogado, enquanto não houver advogado presente
♦ Impedir ou retardar um pleito do preso à autoridade judiciária
♦ Manter presos de diferentes sexos na mesma cela
♦ Manter criança/adolescente em cela com maiores de idade
♦ Entrar ou permanecer em imóvel sem autorização judicial (exceções: flagrante e socorro)
♦ Coagir alguém a franquear acesso a um imóvel
♦ Cumprir mandado de busca e apreensão entre 21h e 5h
♦ Forjar flagrante
♦ Alterar cena de ocorrência
♦ Eximir-se de responsabilidade por excesso cometido em investigação
♦ Constranger um hospital a admitir uma pessoa já morta para alterar a hora ou o local do crime
♦ Obter prova por meio ilícito
♦ Usar prova mesmo tendo conhecimento de sua ilicitude
♦ Divulgar material gravado que não tenha relação com a investigação que o produziu, expondo a intimidade e/ou ferindo a honra do investigado
♦ Iniciar investigação contra pessoa sabidamente inocente
♦ Bloquear bens além do necessário para pagar dívidas

Fonte: Agência Senado
Foto: Autorizada

Postado em 10 janeiro 2020 06:05 por JEAcontece
15.292.411/0001-75
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