A Igreja Católica está “200 anos atrás” dos tempos atuais, nas palavras do cardeal italiano Carlo Maria Martini, que morreu na sexta-feira (31) aos 85 anos.
A opinião do religioso – que chegou a ser cotado ao papado – foi dada durante a sua última entrevista, gravada em agosto e publicada no fim-de-semana pelo diário Corriere della Sera, de Milão.
“A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e a burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e vestimentas são pomposos”, afirmou o cardeal na entrevista, em que propôs uma mudança de direção radical. Martini também afirmou que “muitos católicos perderam a confiança na Igreja Católica” e defendeu, entre outras adaptações, “uma postura mais generosa em relação aos divorciados”.
Martini não se furtava a tocar em temas que muitos no Vaticano consideram tabu, como o uso de preservativos para combater a aids na África e o papel das mulheres no clero.
Em 2008, chegou a criticar a proibição da Igreja à contracepção, afirmando que a postura possivelmente afastou muitos fieis. Dois anos antes, ele declarara publicamente acreditar que “as camisinhas são, em algumas situações, o menor dos males”.
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