Gurgel defende prisão dos réus imediatamente após a conclusão do julgamento

Postado em 04 agosto 2012 08:28 por JEAcontece
15.292.411/0001-75

O personagem do segundo dia do julgamento do mensalão foi o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ele utilizou todas as cinco horas destinadas a sua sustentação oral, que foi encerrada por volta das 19h45min, para tentar comprovar a tese de “esquema criminoso” e surpreendeu ao pedir a prisão dos réus logo após a conclusão do julgamento. E finalizou citando Chico Buarque:

— Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações.

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Gurgel dividiu a acusação em três núcleos: político, operacional e financeiro. A partir dessas três denominações, o procurador-geral embasou a acusação. Para ele, o esquema teve início em 2003, durante o primeiro mandato de Lula e tinha por objetivo cooptar apoio dos partidos ao governo. Após uma introdução baseada em considerações filosóficas sobre ética e poder, Gurgel explicou por que o esquema era crimoso:

— Com base na prova reunida na ação penal, os fins não justificam os meios, quando ignoram, cabalmente, o que é moralmente correto e socialmente aceitável.

E completou:
— Foi sem dúvida o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público realizado no Brasil.

Gurgel disse que a base do esquema constituía na captação de verbas por parte do publicitário Marcos Valério, a mando da cúpula do PT, para distribuição entre parlamentares da base aliada. Com isso, o governo compraria o apoio em votações importantes, como as reformas da previdência e tributária.

O procurador-geral sustentou que o ex-ministro José Dirceu foi a principal figura do esquema.
— Como quase sempre ocorre com chefes de quadrilha, o acusado não aparece nos atos de execução do esquema — afirmou.

Além de Dirceu, no núcleo político, o procurador citou o ex-presidente do PT José Genoíno, o ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares, além dos parlamentares dos partidos beneficiados pelo esquema – PL (hoje PR), PTB e PP.

Do núcleo financeiro, Marcos Valério era o destaque:
— Dirceu foi o mentor do esquema enquanto Marcos Valério foi seu executor.
Ainda segundo Gurgel, o núcleo financeiro – formado por dirigentes do Banco Rural à época – aceitou entrar no esquema para obter vantagens em transações envolvendo instituições financeiras.

Na segunda fase da exposição, Gurgel passou a tratar dos crimes imputados a cada um dos réus e as provas que sustentam as acusações. Ele também destacou quanto cada partido e réu teria recebido com o esquema.

Ao pedir a condenação de 36 dos 38 réus — foi pedida a absolvição de Luiz Gushiken e Antonio Lamas —, Gurgel afirmou:
— Toda a prova possível para a condenação dos réus foi produzida. Não eram crimes comuns. Eram crimes que ocorriam entre quatro paredes de um palácio presidencial.

O julgamento do mensalão será retomado na segunda-feira, às 14h, com o início das sustentações orais dos advogados de defesa. Devem falar inicialmente os defensores de José Dirceu, Marcos Valério e Delúbio Soares.

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Postado em 04 agosto 2012 08:28 por JEAcontece
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