Grupo que hoje tem 16 investidores encontrou nova alternativa de renda no norte do país e já adquiriu 7 mil hectares nos arredores de Boa Vista
O Estado de Roraima tem sido o destino de alguns de produtores de Colorado, município vizinho a Carazinho, que desejam expandir as atividades no agronegócio. O grupo inicial teve cinco investidores e hoje conta com 16. Alison Xavier foi um dos pioneiros e contou em entrevista à Rádio Diário AM 780 sobre a experiência que já dura quase seis anos.
“Desejávamos buscar novas oportunidades fora do Rio Grande do Sul, pois o valor terra para produção é muito alto, ‘puxado’ demais para a agricultura de hoje. Recebemos convite de alguns amigos para conhecer Roraima. Primeiro foi meu pai, depois meus tios e por fim acabei viajando também e morando quase dois anos por lá, acompanhando plantio e colheita”, relatou.
Antes mesmo da chegada do grupo de Colorado, os produtores roraimenses já plantavam soja, mas em pequena escala. “Eram em torno de 3 a 5 mil hectares. Havia muito arroz também. Tínhamos um pouco de receio, mas muita vontade de investir e ajudar aquele Estado a crescer. Hoje outras culturas possuem praticamente a mesma área do arroz. São 14 mil hectares do cereal, outros 14 mil hectares de milho e a produção de soja aumentou em 50 mil hectares. Um salto muito grande nos últimos anos. A projeção do Governo Estadual já para 2021 é aumento de 70 mil hectares do cultivo da soja”, citou.
O produtor revelou que o clima do norte do país é um dos atrativos para os investidores gaúchos. “Lá a produção de grãos ocorre na entressafra daqui. Em abril começam as chuvas, planta-se em maio e a colheita ocorre a partir de agosto. Outro dado importante é que em Roraima se tem 12h de sol por dia, o que permite uma maturação mais rápida das culturas. A soja gaúcha que pode levar até 120 dias para estar pronta, em Roraima estará apta para colheita em 90 ou 100 dias”, informou.
Segundo Xavier, os produtores de Roraima não buscam apenas investir em culturas tradicionais. “Este ano foi feito um campo experimental com 32 variedades, entre elas algodão, brachiaria, novas variedades de soja e milho, entre outras. O pessoal também está procurando diversificar com gado e milheto”, apontou.
Apoio governamental
Sempre que viajam ao Estado, o Governador Antônio Denarium recebe a comitiva.
“Assim que chegamos somos recebidos por ele que tem interesse em desenvolver Roraima atraindo novos investidores, apoiando nossa iniciativa”, confirma.
Crescimento da área
Os primeiros produtores a acreditarem na empreitada adquiriram mil hectares de terra nos arredores de Boa Vista. A propriedade deles mais distante da capital fica há somente 80 km. Depois apareceram novos interessados e outras áreas foram sendo adquiridas, totalizando 7 mil hectares. Atualmente já são nove propriedades e a extensão apta para plantio chega a 650 hectares.
Custos de produção
Conforme Xavier, em Roraima ainda não há incidência de ferrugem asiática o que permite menos aplicações de defensivos nas lavouras, custo que encarece a produção no Rio Grande do Sul.
“Aqui se gasta muito mais em defensivos. A preocupação lá é com antracnose e lagarta. Fazendo um comparativo, o custo em Roraima fica um pouco abaixo das lavouras do Mato Grosso”, comentou.
Boa produção
O produtor explicou ainda que a produção em Roraima é considerada satisfatória. “Aqui no sul temos problemas com estiagem, mas em Roraima chove bem. Os meses de junho e julho são chuvosos. Se o plantio ocorrer na época adequada, a colheita é certa. Outro fator interessante é que se não tivermos boa produção no território gaúcho, temos outra alternativa de renda, que é em Roraima”, enalteceu.
Na mais recente safra, a média de produtividade de soja em Roraima variou entre 40 e 70 sacas por hectares, índice bem parecido com o que é registrado no sul. A média ficou em 55 sacas por hectare.
Fotos: Arquivo pessoal
Diário da Manhã
