A garotada acampada em frente ao hotel Sheraton, alvoroçada a cada chegada de um craque para o Jogo Contra a Pobreza era o primeiro indício. No quarto andar, entre o amontoado de repórteres na entrevista coletiva de Ronaldo e Zidane, às 15h40min, sotaques estrangeiros davam a segunda dica de que o dia não era comum.
No final da tarde, o trânsito complicado na chegada ao Humaitá, os esquemas especiais de trânsito e as áreas bloqueadas deram a certeza: Porto Alegre teve, 18 meses antes do Mundial de 2014, um aperitivo de Copa.
Isso porque o principal ingrediente de um grande evento esportivo vinha sendo estocado em profusão desde segunda-feira: craques. A perspectiva de ver Neymar levou adolescentes a suportar a quarta-feira quente e abafada sentados na calçada. O interesse por assisti-los batendo bola levou 60 mil torcedores à Arena – em vans locadas, em táxis disputados, no trensurb ou em lentos comboios de carros particulares.
A mesma curiosidade que transforma meros jogos de futebol em megaeventos levou os jornalistas ao Sheraton para escutar o que Ronaldo e Zidane tinham a dizer. Para a chinesa Yang Jingjing, da CCTV, era primeira tarefa na Capital, depois de chegar pela manhã. Não se impressionou com o aeroporto Salgado Filho, primeiro contato da jornalista com Porto Alegre: achou o terminal demorado e pouco eficiente. Além disso, Yang sentiu falta de mais informações sobre a cidade e seus atrativos.
_ Por que esta será uma cidade da Copa? Não me parece muito turística _ opinou Yang, há três meses no Brasil.
Já a britânica Caren Moy, da agência de notícias esportivas Omnisport, espantou-se com a falta de infraestrutura nas redondezas da Arena e com a dificuldade de obter informações junto a policiais e agentes de trânsito, mesmo falando português claro. A impaciência do motorista de táxi que a levou até o estádio, que passou o trajeto de meia hora entre o Centro e a Arena reclamando da tranqueira, a exasperou.
_ Acabei perguntando a ele “você não quer trabalhar? Quer que eu desça do táxi? _ contou a repórter, que apontou os engarrafamentos como o maior problema enfrentado na passagem pela Capital.
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