Especialistas da American Association for Thoracic Surgery publicaram, na edição de julho da revista científica The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery, novas diretrizes médicas para a triagem de pacientes com câncer de pulmão para uso na prática clínica.
De acordo com os pesquisadores, o exame de RX e a citologia do escarro falham em identificar casos com câncer de pulmão em estágios iniciais, tornando necessária uma nova abordagem, com exames mais complexos.
Os cientistas constataram também que os fumantes, a longo prazo, requerem maiores cuidados e exames preventivos. Os pesquisadores estimaram ainda que apenas 16% dos pacientes com câncer de pulmão sobrevivam mais de cinco anos, em parte, porque o diagnóstico é realizado tardiamente.
Mudança de conduta
O médico Stephen Stepani, oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus, comenta que essas novas diretrizes significam uma mudança de conduta médica para a detecção precoce do câncer de pulmão.
— Essas medidas abolem os exames tradicionalmente realizados, que se mostram ineficazes em detectar a doença em estágios precoces, e recomendam que exames de tomografia computadorizada sejam efetuados em pacientes com maior risco dessa modalidade de câncer — explica.
O médico complementa que, inicialmente, essa nova abordagem requer mais investimentos em um exame mais sofisticado.
— Como o custo de tomografias ainda é alto para os padrões nacionais, e a demanda é muito maior do que a oferta no sistema público, a implantação da tomografia computadorizada de rotina passa por uma série de dificuldades operacionais — avalia.
Contudo, além de poder salvar muitas vidas, uma maior eficácia na detecção precoce do câncer de pulmão pode trazer uma economia significativa aos cofres públicos em médio prazo, mas cálculos devem ser feitos para equacionar e definir a estratégia orçamentária.
Conforme dados do Ministério da Saúde, no Brasil, foram gastos mais de R$19 milhões com o tratamento do câncer de pulmão em 2011 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse mesmo período, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, os valores gastos foram mais de R$ 1, 3 e 4 milhões, respectivamente. Já a taxa de mortalidade para o câncer de pulmão foi de aproximadamente 26%, só sendo superado, no país, apenas pelo câncer de pâncreas, com 29%.
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