Curso ensina professores a usar armas em Utah, nos EUA

Postado em 31 dezembro 2012 07:20 por JEAcontece
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Jessica Fiveash não vê nenhum problema em armar professores. Ela mesmo aprendeu a usar uma pistola 9 mm Ruger com mira a laser. “Se nós temos a habilidade para parar algo, nós devemos fazê-lo”, disse a professora de ensino elementar. Ontem, Jessica e perto de 200 outros professores participaram de um curso gratuito de como usar armas oferecido pelo lobby armamentista do Estado americano de Utah.

Trata-se de um dos últimos esforços para armar e treinar professores para confrontar atiradores depois da tragédia de Newtown, quando um jovem matou a própria mãe e dezenas de crianças na escola Sandy Hook, no Estado de Connecticut.

Em Ohio, grupos ligados a armas de fogo disseram que estavam lançando um programa teste de treinamento para 24 profesores. No Arizona, o procurador-geral está propondo mudar a lei estadual para permitir que um educador em cada escola possa carregar uma arma.

O movimento para treinar professores vem à tona depois que a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) propôs colocar um oficial armado em cada uma das escolas do país – algumas instituições já possuem policiais. Pais e educadores têm questionado o quanto a proposta manterá os alunos seguros e se ela será economicamente viável.

Alguns educadores dizem que é perigoso permitir armas nas escolas. Entre os potenciais perigos, eles apontam que os professores podem ganhar um poder exagerado em relação aos seus estudantes. Ou que os alunos podem ter acesso a essas armas e acidentalmente atirar nos colegas.

“É uma ideia terrível”, disse Carol Lear, a advogada chefe da Secretaria de Educação de Utah. Kristen Rand, a diretora do Centro de Políticas para a Violência, uma organização que prega o controle de armas, afirma que acreditar que um “professor pode ter algum sucesso em parar alguém decidido a realizar um tiroteio não é racional”.

“Nenhum professor será tão efetivo como um oficial da lei treinado”, disse Kristen. Mesmo os policiais nem sempre conseguem atingir seus alvos, e armar professores pode pôr em risco os estudantes, segundo ela.

Os defensores da ideia dizem que os professores podem agir mais rapidamente que os oficiais da lei nos primeiros – e mais críticos – minutos de um tiroteio. Eles enfatizam a necessidade de os professores agirem apropriadamente sob pressão.

“Nós não estamos sugerindo que os professores patrulhem os corredores produrando por atiradores”, disse Clark Aposhian, líder do Conselho de Tiro Esportivo de Utah, o Estado com maior lobby armamentista do país. “Eles devem trancar as salas de aula. Mas uma arma pode ser mais uma opção se o atirador entrar na sala”.

O grupo abriu mão da taxa de US$ 50 para o treinamento. Instruções utilizando armas de plástico enfatizam que pessoas ameaçadas devem anunciar que estão armadas e procurar proteção antes de atirar. Eles avisaram os professores a respeito da responsabilidade em carregar uma arma em público.

“Será uma nova discussão. É uma outra responsabilidade. Você simplesmente não pode deixar sua arma por aí”, disse Aposhian. “Nem por um minuto”.

Os professores presentes no curso básico tiveram suas impressões digitais recolhidas e seus antecedentes criminais checados. As aulas começaram com uma exposição sobre a “psicologia da violência em massa”, que ofereceu várias táticas para parar um atirador. Primeiro, o instrutor disse, tenta-se dissuadi-lo: “Pare onde está!”

“Eu não hesitaria em atirar se o perigo fosse imediato”, disse Jessica, a professora personagem do início da reportagem. Ela afirmou que a mira a laser aumentaria a precisão do tiro.

O professor de inglês Jevin Leatherbarrow disse que várias vezes já se sentiu ameaçado ao trabalhar em uma escola de Buffalo, no Estado de New York. Ele possui uma licença para carregar uma pistola. Há pouco mais de um ano ele se mudou para Utah, onde se sente mais seguro, embora afirme que a violência possa acontecer em qualquer lugar.

Leatherbarrow disse que ele é altamente treinado para carregar armas – e aguenta as críticas dos pais que não concordam com suas posições em relação à segurança escolar. “Eu concordo que nem todos devem carregar armas em uma escola. Eles não são treinados. Mas alguns pais acham que somos cowboys, o que me frustra”, diz ele. “Eu gostaria que os país entendessem”.

AP

Postado em 31 dezembro 2012 07:20 por JEAcontece
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