CRUZ ALTA – Deixar-se formar pela Palavra

Postado em 05 setembro 2015 07:53 por JEAcontece
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“Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38). Estas palavras de Maria ao anjo Gabriel servem de motivação para iniciarmos o mês da Bíblia.

Fixar o olhar em Jesus e abrir os ouvidos
Jesus Cristo é a Palavra. Por isso, a Escritura nos relata que, em Nazaré, Jesus lê o profeta e, depois, fecha o livro e diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21). E “todos tinham os olhos fixos nele” (Lc 4,20). Ele é o centro das Escrituras, é a Palavra enviada ao mundo. Os olhos estavam abertos, mas os ouvidos permaneciam fechados a Ele, à Palavra. Estas duas atitudes devem andar juntas. Antes de iniciar a parábola do semeador, Jesus convida: “Escutem” (Mc 4,3). Esta escuta atenta requer o silêncio, o recolhimento interior, que possibilita entrar em comunhão, em diálogo, com Aquele sobre o qual pousa nosso olhar. Sem o silêncio não é possível a escuta, a acolhida e o diálogo.

O bom dia de Deus
A cada dia, Deus nos saúda com a “Palavra do dia”. Assim como, a cada dia, Deus providenciou o alimento para seu povo na travessia do deserto, o maná, todos os dias ele nos dirige a sua Palavra. É o alimento do dia. A Palavra do dia abre e acompanha o caminhar do dia. É o ponto de referência de cada dia da vida. Iniciamos o dia dizendo como o profeta: “Cada manhã, o Senhor desperta o meu ouvido, para eu ouvir como discípulo.” (Is 50,4). Ela é cotidiana e deve ser o primeiro diálogo do dia com Deus. A Palavra abre a jornada e precede todos os compromissos, agenda, preocupações e pensamentos que fazem parte do caminhar cotidiano.

Guardar a Palavra
Acolher a Palavra, para ser guardada e conservada ao longo de todo o dia. Ela está aí presente como luz que ilumina o agir. Nem sempre ela é totalmente compreendida, não importa. “Se conservares e guardares a Palavra… de modo que ela desça à profundeza da tua alma e se transfunda nos teus afetos e nos teus costumes…, não há dúvida que serás conservado por ela”, diz São Bernardo.

Nasce, assim, uma familiaridade com a Escritura, pois ela se torna critério de julgamento de nossas ações, de nossas escolhas. Cada projeto passa através dela, pois ela é “útil para ensinar, para refutar, para corrigir e para educar na justiça.” (2Tm 4,16). A docilidade à Palavra faz com que ela se torne “critério de discernimento em geral e ponto de referência específica das próprias escolhas.” (AmedeoCencini).  Trata-se de apostar na Palavra, como fez Maria ou Pedro, naquele dia do lago. Poderíamos imaginar assim o pensamento de Pedro: “Senhor, faço esta escolha apoiando-me somente em tua Palavra, não porque uma lógica humana poderia levar-me nesta direção, mas porque me parece que tu me pedes isto através da tua Palavra.”

Deixar-se ler pela Palavra
“Não somos nós que lemos a Palavra de Deus, mas é a Palavra de Deus que nos lê, não somos nós que a interpretamos, mas é ela que nos examina.” (Amedeo Cencini). A Palavra fala de Deus, sim, mas fala também de nós, de nossa vida. Revela a verdade de cada um de nós, indo além da própria sinceridade. Fala de nossa vida e de nossas escolhas, daquilo que dificilmente temos acesso em nós mesmos, a não ser por este caminho de contemplação. Penetra no profundo de nosso ser (cf. Hb 4,12).

Enfim, “temos que ler e reler o Evangelho sem parar, de maneira que tenhamos o espírito, os fatos, as palavras e os pensamentos de Jesus diante de nós, a fim de que um dia possamos pensar, falar e atuar como ele o fez”.  (Carlos de Foucauld).

Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta

Postado em 05 setembro 2015 07:53 por JEAcontece
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