Como os protestos balançam o cenário eleitoral para a sucessão de Dilma Rousseff em 2014

Postado em 02 julho 2013 07:24 por JEAcontece
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No campo político, o cenário é confuso e ninguém faturou com a onda de protestos, mas especialistas são unânimes ao apontar a presidente Dilma Rousseff como a principal prejudicada.

Com multidões nas ruas, ela sofre os desgastes de quem está no poder e viu estremecer a sólida popularidade que indicaria uma reeleição fácil no ano que vem.

No momento, a disputa em segundo turno é uma hipótese no horizonte, forçando Dilma a agarrar-se à manutenção do emprego e do poder de compra para preservar a fidelidade do eleitor das classes mais baixas. Com a oposição enfraquecida, a ameaça do momento, segundo indicam as pesquisas de opinião, é representada por uma velha conhecida: a ex-senadora Marina Silva, de perfil mais conectado com as manifestações.

As características do movimento que surpreende o país são ambíguas e também soam como um alento para o Planalto. Nenhum adversário emerge das massas. O sistema é rejeitado na totalidade, e o ônus é dividido com o Congresso, governadores e prefeitos — detalhes que mantêm Dilma competitiva.

— Ela ainda é favorita porque ninguém tem a sua densidade, volume de organização e apoio. Por outro lado, perdeu a aura de unanimidade. Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos vão lutar duramente por uma vaga no segundo turno — avalia Valeriano Costa, professor de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O peso das políticas sociais federais
Ele aponta que o trunfo de Dilma poderá ser a manutenção da ascensão social do chamado eleitor médio — público das classes C, D e E, equivalente a pouco mais de 60% dos votos —, com a preservação do emprego, poder de compra e transferência de renda. O desafio, em período de crise mundial, será evitar a retração das políticas sociais. Isso, sim, poderia complicar para o projeto petista.

— A radiografia atual me leva a pensar que o PT tem todas as possibilidades de se manter na Presidência, mas agora com a disputa em segundo turno. Tudo vai depender da capacidade econômica do governo Dilma para manter as políticas sociais — analisa Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Se Dilma sofre com o desgaste de quem está no comando do país, ela terá também a oportunidade de dar a volta por cima. Até a eleição, a presidente terá tempo para adotar medidas que lhe emprestem a imagem de quem soube ouvir as críticas e corresponder.
— Como governo, ela tem os instrumentos para reverter a situação a seu favor. E isso a oposição não tem — afirma o sociólogo Hermilio Santos, da PUCRS.

Vantagens e desafios de Marina
Se Marina Silva desponta como a candidata que mais poderá se beneficiar com as manifestações devido ao seu perfil, Aécio Neves (MG) tenta resgatar as bandeiras do PSDB para recuperar o terreno perdido. Unânimes em apontar boas perspectivas para a ex-senadora, especialistas avaliam que o possível crescimento não se dará pela defesa ambiental, algo que pouco apareceu nos protestos.

— Não é pela sustentabilidade, mas pela sinceridade do discurso dela. O que transparece para a população é uma nova maneira de fazer política — afirma o cientista político Manuel Sanches, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A ex-senadora pelo Acre, entretanto, terá barreiras para superar. Está presa ao processo de criação da Rede, contará com pouco tempo de TV e alianças políticas escassas. Outro complicador é o posicionamento diante de temas como aborto, homossexualismo e drogas. Em 2010, Marina foi conservadora ao abordar as pautas.

— O desempenho da Marina dependerá de como irá lidar com a questão religiosa — diz Sanches.

A situação de Aécio divide opiniões. O cientista político Valeriano Costa faz avaliação pessimista:

— A oposição está encurralada, limitada a desqualificar propostas do governo, espremida entre o Planalto e os manifestantes, com os quais não encontrou diálogo.
Uma outra vertente aponta que Aécio pode crescer na abordagem da economia, assunto em que Marina não costuma obter destaque.

— Aécio está com uma pauta muito clara de combate à inflação. E isso coincide com a avaliação das pessoas, que percebem o aumento do custo de vida — diz Hermilio Santos, da PUCRS.

Veja como as manifestações podem afetar os planos dos principais pré-candidatos ao Planalto

Aécio Neves (PSDB)
Suas declarações, propondo redução dos ministérios e dos cargos em comissão do governo federal pela metade, não ecoaram na sociedade. Isolado na minoritária oposição, enfrenta problemas para unir o PSDB. O sociólogo Hermilio dos Santos, no entanto, avalia que o discurso e a experiência do PSDB no “controle da inflação” poderão ser decisivos para Aécio.

Dilma Rousseff (PT)
Antes da onda de protestos, Datafolha e Ibope divulgaram pesquisas que apontaram queda de oito pontos na popularidade da presidente. Ainda assim, ela tem melhor resultado do que Lula e FH no mesmo período. A retração foi motivada pela inflação. Com a máquina, Dilma terá a oportunidade de atenuar os anseios populares, mas enfrenta problemas econômicos e políticos.

Eduardo Campos (PSB)
É a maior incógnita e divide opiniões. O clima de insatisfação generalizada abre espaço para que se coloque como alternativa. Alguns acreditam que Campos terá potencial para transitar nos diversos setores. Outros avaliam que se trata de “mais do mesmo”, um aliado do PT que não soará como alternativa. Diz representar o novo, mas articulou a nomeação da mãe para o TCU.

Marina Silva (Rede)
É apontada como possível herdeira da simpatia de parte dos manifestantes insatisfeitos com a política atual. A ex-senadora é entusiasta da interlocução por meio das redes sociais e propõe uma “nova política”. Ainda tenta viabilizar a criação do partido. Terá pouca estrutura e pouco tempo de TV. Precisará abordar economia e questões religiosas, temas espinhosos para ela.

(Clicrbs)

Postado em 02 julho 2013 07:24 por JEAcontece
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