Após o anúncio de aumento de mais de 20% na conta de luz em vários municípios da região, e a manutenção da bandeira vermelha pela Aneel, especialista orienta consumidores a diminuir o consumo

No final de junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que manterá a bandeira vermelha durante julho, o que significa uma cobrança extra de R$ 5,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A Aneel justificou a cobrança como sendo a “manutenção das condições hidrológicas desfavoráveis e a tendência de redução no nível de armazenamento dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional”. Em contraste, o anúncio ocorreu pouco antes da Usina de Itaipu revelar que fechou o semestre, pela quarta vez em sua história, batendo a marca dos 50 milhões de megawatts-hora (MWh).

Além da bandeira vermelha, a Aneel também autorizou, no dia 17 de junho, um reajuste nas contas de luz de 20,96% para os consumidores residenciais e de 24,99% para as unidades atendidas pela alta tensão da RGE-Sul Distribuidora.

Segundo a agência, trata-se de uma revisão tarifária “prevista nos contratos de concessão e tem por objetivo obter o equilíbrio das tarifas com base na remuneração dos investimentos das empresas voltados para a prestação dos serviços de distribuição e a cobertura de despesas”.

Em Carazinho, a Eletrocar, concessionária de energia na cidade e em outros municípios da região, aguarda a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável por autorizar os reajustes na fatura repassada aos clientes, para divulgar os novos valores. A expectativa é que a Agência repasse o novo cálculo até segunda-feira, dia 8.

“Anualmente, a Agência nos repassa o reajuste baseado em diversos critérios, como por exemplo a variação de custos que as empresas tiveram no decorrer de doze meses, o índice inflacionário e os investimentos feitos pela companhia nesse período. É sempre um assunto que interessa à toda população e aguardamos ansiosos pelo anúncio”, afirma o gerente comercial da Eletrocar, Fernando Vanin.

Para o engenheiro eletricista e professor da Universidade de Passo Fundo, Sérgio Bordignon, é hora de revisar a maneira como se utiliza essa energia: “Nós sempre tivemos uma taxa de energia elétrica que, mesmo antes do aumento, já não era considerada barata, e a gente se acostumou a utilizar bastante a energia elétrica. Agora, com esses 20% [na área da RGE], vamos sentir no bolso”, reitera.

Evite surpresas no inverno
Segundo Bordignon, durante o inverno, as pessoas devem rever seus hábitos em suas residências, pois a demanda por energia elétrica nesta época é muito maior: “O consumo aumenta pelo uso dos aquecedores, como as estufas elétricas, que com o frio o pessoal acaba utilizando mais frequentemente, e são aparelhos que consomem bastante energia”, alerta. Para o engenheiro, aparelhos aquecedores devem ser utilizados com inteligência. “Se forem usados de forma contínua, quando por exemplo a pessoa usa uma estufa e sai daquele ambiente por um tempo deixando o aparelho ligado, isso acaba aumentando bastante o consumo”.

“Outra razão do aumento do consumo é o banho no chuveiro elétrico. Geralmente, a gente coloca na temperatura mais elevada, e isso acaba influenciando no consumo”, lembra o engenheiro eletricista, que também aponta para o consumo consciente. “É bom evitar excessos e se perguntar: será que a água precisa estar tão quente? A estufa precisa estar ligada na temperatura máxima o tempo todo? Pode-se ligar na temperatura maior e, quando o ambiente estiver quente, diminuir”, indica Bordignon.

Detalhes ajudam na economia
O professor de engenharia elétrica também aponta para os equipamentos que não se desligam totalmente quando estão conectados na tomada. “Os aparelhos que ficam no modo stand by, ou seja, ficam ligados em espera, por exemplo, a televisão e o receptor que a gente liga no controle remoto, e o forno de micro-ondas, estão gerando consumo. Embora seja pouco, fica consumindo”. Além desses exemplos, Bordignon também revela que o carregador de celular não desliga se está conectado na tomada e não está recarregando a bateria do seu smartphone, ele “fica consumindo”. “Um aparelhinho apenas não faz muita diferença, mas a gente deve somar todos os aparelhos que estão ligados sem necessidade. Desligá-los pode diminuir custos na conta”, finaliza.

Diário da Manhã