Ocorrência mais recente aconteceu na semana passada, quando homem com extensa ficha criminal morreu em troca de tiros com policiais militares em Carazinho

No fim da semana passada foi registrada a 6ª morte de indivíduos envolvidos com a criminalidade após confrontos com a polícia em Carazinho e municípios próximos neste ano. No fato registrado na noite da sexta-feira (9) foi vítima Jonatã Fernandes, de 28 anos, conhecido também pelas alcunhas de “Ratinho” e “Zé Bonitinho”.

Conforme a polícia, Ratinho tinha uma extensa ficha criminal, respondendo por 10 inquéritos policiais. No confronto com a Brigada Militar, o homem foi alvejado após troca de tiros com policiais que atenderam a um chamado de ameaça de moradores, que relataram que Fernandes estaria armado amedrontando as pessoas do bairro Floresta, onde aconteceu a ocorrência.

De acordo com a Delegada de Polícia de Carazinho, Rita Felber De Carli, os casos de mortes em confrontos com a Brigada Militar em Carazinho e municípios próximos neste ano possuem uma característica em comum: os antecedentes criminais dos envolvidos.

“Todos são envolvidos com crimes, inclusive já tendo registros da prática de crimes graves, com diversos antecedentes. Na região, o primeiro caso de morte em confronto com a polícia foi de um dos acusados de ser o autor do latrocínio que vitimou dois trilheiros, ocorrido no começo do ano passado, em Carazinho”, relata a autoridade policial.

Em relação ao caso mais recente, registrado na semana passada, a Delegada, responsável pelas investigações, detalha que os policiais atiraram no indivíduo após o homem ter se recusado a obedecer ordens de parada e atirar contra a guarnição .

“Em função da recusa da ordem de parada e por ter disparado contra os policiais por duas oportunidades, na tentativa de fuga, ele acabou sendo baleado. Então, ele acabou morrendo em função de ter se recusado em obedecer a ordem de parada e a abordagem policial” afirma Rita.

Familiares criticam ação da BM
Para apresentar um contraponto à versão da polícia, familiares de Jonatã Fernandes entraram em contato com o Diário argumentando que a ação da Brigada Militar foi equivocada na ocorrência que resultou na morte do homem. Conforme Roselaine dos Santos Fernandes, o irmão “não oferecia perigo e, ao invés de atirar, os policiais poderiam ter efetuado a prisão”, afirma ela.

“Não quero brigar com os policiais, respeitamos o trabalho deles, mas o rapaz era usuário de drogas, foi abordado em um porão onde ele estava usando drogas”, relata a sua versão a familiar.

Roselaine alega ainda que o irmão não estava armado e que poderia ter sido imobilizado antes de ser atingido pelos disparos fatais. “Se fosse o caso, poderiam ter dados tiros nas pernas e depois colocar ele na cadeia. Mas, a polícia queria eliminar ele, não queria prender ele. Não vou dizer que ele era santo, porque não era, mas foi feita uma injustiça muito grande. Desta maneira, porque existe a cadeia?”, questiona a familiar. Roselaine conclui pedindo que a Justiça averigue o fato e ainda relata que o irmão teria sido levado pela polícia para um campo, onde ela alega ter ouvido disparos.

Fato será investigado pelo 38º BPM
Conforme o Comandante do 38º Batalhão de Polícia Militar (38º BPM), Major Juliano Moura, uma investigação interna será efetuada para apurar os fatos ocorridos na semana passada.

“Assim como acontece em todo caso de confronto que resulta em morte, há uma investigação conduzida pela Polícia Civil e uma por nós. O que temos narrado até agora, são os fatos relatados pelos policiais especificados no boletim de ocorrência. Agora, se teve algum fato diferente ou não, isso será apurado”, relata o Major Moura.

De acordo com o comandante do 38º BPM, das demais situações envolvendo mortes de criminosos em confrontos com a BM registradas neste ano na região, três já tiveram os inquéritos internos concluídos. “Em todos os casos, foi comprovado que os indivíduos estavam armados e que atiraram contra a BM, que reagiu em legítima defesa”, informa o comandante.

Indivíduos mortos foram todos acusados pela prática de crimes
De acordo com o Major Juliano Moura, todos os indivíduos mortos em confronto neste ano foram de pessoas acusadas de terem envolvimento com crimes em municípios da região. Além disso, Moura complementa que no fato registrado semana passada, o indivíduo morto possuía ligação com o tráfico de drogas na cidade.

“Na noite anterior ao confronto com a BM (na quinta-feira, 8), um dos irmãos da vítima foi baleado por determinados indivíduos que ainda não sabemos quem são. Ele ficou ferido, foi atendido no hospital e liberado. Em razão disso, se acirrou no local uma briga de traficantes, em que a vítima da sexta-feira estava armada e promovendo desordem. Inclusive, essa situação foi o que motivou a ação da Brigada Militar”, relata o Major.

Casos de mortes de criminosos em confrontos com a polícia em Carazinho e região
Fato 1: 28 de janeiro no interior de Santo Antônio do Planalto
Vítima: Carlos Eduardo de Lima Martins, acusado de ser um dos autores do latrocínio que resultou na morte de dois trilheiros. Crime aconteceu no início de 2018 em Carazinho.

Fato 2: 9 de fevereiro no interior de Não-Me-Toque
Vítima: Gabriel Soares, de 30 anos, foragido do Presídio Estadual de Carazinho. Ele também era acusado de ter cometido crimes no município durante a manhã daquele dia.

Fato 3: 31 de março no bairro Princesa em Carazinho
Vítima: Jacson Kauã Araújo, de 20 anos, atirou contra policiais que realizavam patrulha no bairro.

Fato 4: 10 de julho no interior de Carazinho
Vítima: Mateus Mariano Soares, apontado como líder de uma quadrilha responsável por diversos roubos, incluindo contra agências bancárias, na região. Ele era um dos 17 detentos que fugiram do Presídio Regional de Passo Fundo no início deste ano.

Fato 5: 17 de julho no Centro de Carazinho
Vítima: Élinton de Moraes, de 26 anos, revidou a abordagem de um policial militar que o perseguiu após ele cometer um furto contra uma seguradora.

Fato 6: 9 de agosto no bairro Floresta em Carazinho
Vítima: Jonatã Fernandes, de 28 anos, não obedeceu ordem de parada e atirou contra policiais que foram atender chamado de ameaça com arma que ele estaria fazendo contra moradores.

Diário da Manhã