Carazinho se assusta com a violência

Postado em 31 janeiro 2017 06:51 por JEAcontece
15.292.411/0001-75

Depois de dois anos seguidos com recordes de homicídios, 2017 inicia com quatro assassinatos na cidade, gerando medo na comunidade e o temor de outro ano com elevado número de mortes violentas. Colegas de taxista morto na tarde de quarta-feira (26), realizaram protesto

Nesta semana, num intervalo de tempo inferior a 24 horas, Carazinho registrou dois homicídios. Com isso, os índices da violência somam quatro assassinatos em quatro semanas deste ano na cidade.

2017 iniciou com a esperança na comunidade de uma redução na criminalidade. 2015 teve 23 assassinatos e 2016 registrou 31 mortes violentas, anos recordes em termos de crimes desta natureza na cidade.

Dos quatro homicídios deste ano em Carazinho, a vítima mais recente foi Amauri Schneider. O taxista de 70 anos foi morto com sete golpes de faca no local conhecido como estrada da Bripac, próximo da ERS 142.

A Polícia Civil trabalha com as hipóteses de homicídio ou latrocínio, ou seja, o roubo seguido de morte. “Foram encontrados cerca de R$ 200,00 no bolso da bermuda da vítima. Isso poderia descartar a possibilidade de latrocínio, porém, não encontramos a carteira e o celular da vítima. Se confirmarmos que esses objetos estavam de posse do taxista, aí podemos partir para a possibilidade de latrocínio”, explica o delegado Ednei Albarello.

A vítima tinha ferimentos no tórax, no pescoço e em uma das mãos, o que indica a possibilidade de que tenha entrado em luta corporal com quem lhe agrediu. “Já ouvimos uma testemunha que disse ter visto o taxista com duas pessoas em seu carro saindo do ponto onde trabalhava em direção ao bairro Borghetti. A nossa equipe de investigação está trabalhando para apurar detalhes desse fato porque essas duas pessoas podem ter vinculação com o crime. Esse assassinato causa estranheza, porque a vítima não tinha desavenças, o que reforça a hipótese de latrocínio”, revela o delegado.

“Todos nós temos medo de trabalhar”
Amauri Schneider foi assassinado enquanto trabalhava. Além de expor os riscos que a profissão corre e a insegurança em Carazinho, sua morte escancara outra situação vivida na cidade. “Todos nós temos medo de trabalhar. E temos medo porque há muita insegurança. Existe uma impunidade muito grande e isso tem levado as pessoas que cometem crimes a não temer as autoridades. A lei ampara o criminoso e deixa de lado o cidadão de bem. Precisamos de uma mudança urgente, mas com os representantes que temos em nível nacional acho que isso não é possível”, afirma Vilson Teodoro de Souza, presidente do Sindicato dos Taxistas de Carazinho e Região (Sintaxicar).

Amauri foi sepultado na tarde desta quinta-feira (26). Antes disso, seus colegas de profissão realizaram um protesto pedindo mais segurança em frente a Funerária Adam, local onde o taxista morto foi velado.

Outras categorias profissionais têm trabalhado com medo nos últimos tempos em Carazinho. “A situação está horrível, estamos apavorados. Em mais de 20 anos atuando no ramo de restaurantes nunca vivemos algo assim. Após às 22h temos de trabalhar a portas fechadas, isso é ridículo. Todos os dias são três ou quatro assaltos no comércio, trabalhamos com medo, sim. A Baika já foi assaltada duas vezes. Agora, temos de trabalhar com um guarda na porta”, relata o empresário Gustavo Both, sócio-proprietário do Restaurante do Baixinho e da Baika Pizzaria.

BM busca reforço no policiamento
O major Gefferson Rodrigues, comandante do 38° Batalhão de Polícia Militar (BPM), com sede em Carazinho, lamenta a onda de violência na cidade. “Realizamos a prisão de elementos que estavam envolvidos com roubos na cidade e agora esperamos que esse crime cesse. Infelizmente, a tendência de violência dos últimos anos permanece e já temos quatro homicídios no começo de 2017. Esse último assassinato, do taxista, nos preocupa. Não estou afirmando que uma vida tem mais valor do que as outras, mas muitas pessoas seguem o caminho do crime e acabam se deparando com a morte. Esse não era o caso dele. O taxista era um trabalhador e quando o crime chega até pessoas de bem a situação fica mais grave”, opina o oficial.

O grande calcanhar de Aquiles da segurança pública no Rio Grande do Sul é a falta de efetivo, tanto na Brigada Militar quanto na Polícia Civil. “Já pedimos para o CRPO Planalto que o Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Passo Fundo apoiem o policiamento em Carazinho. Além disso, estamos buscando verbas para o conserto de viaturas e também a liberação de horas-extras para nossos brigadianos. Mesmo com reduções drásticas de efetivo, a BM tem cumprido seu papel”, afirma o major.

Acic cobra mais atenção a Carazinho
Jocélio Cunha, presidente da Associação Comercial e Industrial de Carazinho (Acic) reuniu-se com o vice-governador do Estado José Paulo Cairoli nesta semana e pediu que se agilize o processo de construção de um novo presídio em Carazinho, fora do perímetro central da cidade. Cunha também lembrou a defasagem do efetivo da Polícia Civil e da BM e reafirmou o pedido por uma turma de formação de soldados para o 38° BPM. “O vice-governador se mostrou solícito e reforçou seu compromisso em procurar nos atender, o mais breve possível, dentro das possibilidades do Estado”, destaca o presidente da Acic.

Conforme a Acic, em fevereiro acontecerá uma audiência reunindo a Casa Civil, o governo do Estado, o prefeito Milton Schmitz, o Ministério Público, a Secretaria Estadual de Segurança Pública, o Legislativo municipal, as entidades de classe e outras lideranças para discutir a segurança pública em Carazinho.

(Via Diário da Manhã)

Postado em 31 janeiro 2017 06:51 por JEAcontece
15.292.411/0001-75
TAPERA TEMPO

Desenvolvido com 💜 por Life is a Loop