CARAZINHO – Quantidade diária de novos casos de Covid deixa HCC em alerta

Postado em 29 maio 2021 08:11 por JEAcontece
15.292.411/0001-75

Quase duas semanas depois de emitir nota de alerta a comunidade, o Diretor Técnico do HCC, Darlan Lara, afirma que o cenário na  ala Covid pouco mudou

No domingo, dia 16 de maio, o Hospital de Caridade de Carazinho (HCC) manifestou-se em nota a comunidade alertando sobre a superlotação no HCC. Passadas praticamente duas semanas a condição no Hospital pouco mudou. A afirmação foi feita pelo diretor técnico do HCC, o médico Darlan Lara, em entrevista a Rádio Diário AM 780. “Nada mudou. Nada passou. A pandemia não passou, a sobrecarga de trabalho continua, não passou a lotação e também não passou a dificuldade de adquirir e suprir insumos. A dificuldade de pessoas para trabalhar não passou. As pessoas vão cansando, vão adoecendo e se contaminando, e a impressão que da, é que a população, por existir vacina, e por essas confusões politicas que a gente vê de regramentos que mudam continuamente, esqueceu que tem que lavar as mãos, manter distanciamento e que não da para aglomerar. E os casos se multiplicam. Continuamos com uma grande dificuldade de conseguir atender na velocidade com que a demanda cresce”, afirma o diretor.

O profissional destaca que tal condição fica notória para aqueles que tem ido as tendas de atendimento no Hospital ou na UPA, pois o período de espera para atendimento e realização de exames não é curto. “Continuamos com nossa UTI lotada e pacientes graves na emergência que precisam de UTI e que estão no sistema estadual de regulação com potencial de transferência externa. Nós não temos mais capacidade de ampliar os leitos de UTI. Temos 9 leitos habilitados e trabalhamos continuamente com 13 leitos na UTI, e temos leitos com suporte de terapia intensiva na emergência, mas são leitos de espera de UTI, e não de UTI. Os pacientes continuam chegando com casos graves e com grande potencial de agravamento, e estes tem sido prioritários para serem transferidos”, comenta o médico.

Lara também cita que os estoques de medicamentos continuam perto do mínimo. “Pouca coisa mudou. Os preços são exorbitantes e as entregas são a conta gotas. Encomendasse duas mil ampolas, mas se recebe 300 a 400, tem sido ainda bastante difícil e a alto preço, mas temos conseguido suprir”, afirma Lara.

O médico destaca a preocupação da equipe com o alto número diário de novos casos da doença que tem sido confirmados, uma vez que os casos demonstram tendência de agravamento geralmente após o 10º dia de contagio. “A manifestação clinica da doença praticamente não mudou, os pacientes vão ter a proliferação viral na sua primeira fase que leva entorno de cinco dias. A partir do sexto dia alguns apresentam um padrão de comprometimento da via área do aparelho respiratório baixo, e os pacientes vão ficar um pouco mais comprometidos depois do 8° ao 10° dia, e o quadro mais crítico, geralmente entre o 10° e 15° dia de doença”, explica o médico.

Conforme o diretor, em alguns casos em que o paciente demora a procurar atendimento, chegam tão disfuncionados que vão do primeiro atendimento na tenda direto para o respirador na sala de emergência Covid.  De acordo com o médico, dentre os pacientes que estão internados no HCC a maioria não recebeu vacina. “A grande maioria é de não vacinados, e de pessoas que receberam a primeira dose da vacina há pouco tempo. Poucos são os pacientes com duas doses da vacinas, mas destes, a grande maioria com gravidade menor”, afirma o médico.

O diretor relata que da rotina da ala Covid do HCC, sua maior angustia tem consistido em conseguir manter equipes de atendimento.  “O que me angustia, é o risco de não ter onde colocar estes pacientes. Não conseguimos expandir muito mais os leitos pois não teremos gente para atender. O Hospital tem vários funcionários afastados por doença, e isto tem sido cíclico, voltou a aumentar. Tem os afastamentos por exaustão, tem funcionários que pedem demissão, pois há um desgaste físico, mas principalmente emocional de lidar com estes pacientes que tem sido muito grande, a maior dificuldade hoje é gente para suprir plenamente as escalas”, revela o profissional.

Questionado se também tem sido verificadas internações de pacientes sem comorbidades, o diretor confirma que sim, embora em menor quantidade. “Não é o mais frequente, o paciente sem nenhuma comorbidade, mas tem acontecido casos severos em paciente sem nenhuma comorbidade”, afirma.

Perguntando se considerando o atual quadro, há como fazer um indicativo de quando a condição comece a melhor, o profissional não demonstra  muito otimismo. “É impossível afirmar isso enquanto tivermos este ritmo de multiplicação de casos. A conta é simples, do número de casos ativos que tivermos, a média é entre 15% e 20% dos casos ativos que vão precisar de internação, em 10 dias após o diagnóstico, e isso é o que tanto nos preocupa”, afirma o médico.

Lara também cita que em Carazinho tem se notado que dentre os pacientes que internam o percentual que tem variado entre 20% a 30% acaba tendo potencial de precisar de UTI.

O médico confirma que depois do Dia das Mães, notou-se o crescimento de situações de vários membros de uma mesma família positivados. “Depois do Dia das Mães, notamos outra característica, além da explosão no número de casos, a multiplicação de casos em núcleos familiares. São várias pessoas de uma mesma família, e as pessoas assintomáticas passaram a levar o vírus para seus núcleos de trabalho e núcleos micro familiares, sem contar que as pessoas relaxaram nas medidas de distanciamento. Enquanto não tivermos o avanço acelerado da vacinação e consciência popular, vamos ter muitos casos continuamente”, alerta o médico.

Diário da Manhã

Postado em 29 maio 2021 08:11 por JEAcontece
15.292.411/0001-75
TAPERA TEMPO

Desenvolvido com 💜 por Life is a Loop