CARAZINHO – Projeto “Amamente” ganha forma e primeiro evento

Postado em 05 agosto 2019 10:06 por JEAcontece
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Em prol de falar sobre amamentação e incentivar a prática, um grupo de mulheres se reuniu em Carazinho para discutir sobre o tema. Dessa forma, o “Amamente – Juntos pela amamentação” traz luz a pauta do leite materno

É do conhecimento popular que o leite materno é um alimento completo. De rico valor nutritivo, e que traz inúmeros benefícios e proteção para a dupla mãe e bebê. Para as seis integrantes do grupo “Amamente – Juntos pela amamentação”, além de saciar a fome, o leito materno impulsiona a vida ao nutrir o corpo e alimentar o afeto. Dessa forma, tendo com o objetivo comum falar sobre o aleitamento e a importância deste processo, é que Carla, Claudine, Diva, Laís, Heladia e Tatiana decidiram se reunir e trazer luz ao tema.

Desmistificar questões relacionadas a amamentação, oferecer um espaço de escuta e troca de experiências são alguns dos objetivos do “Amamente”. “Quando viramos pai e mãe nossa infância retorna, acabamos vivendo o que vivemos com nossos pais, não é uma questão tão simples assim”, relatou a psicóloga e integrante do grupo, Tatiana Zati, que ainda explica que há tempo ela e outras integrantes já vinham pensando sobre a possibilidade do grupo, afinal, tornaram-se amigas por pensar da mesma forma sobre estas questões.

“Não somos todas profissionais de saúde e nem todas somos mães. Mas a gente percebe a necessidade de informação, precisa de apoio. Cada uma de nós foi trazendo o pouquinho que tinha de sua experiência e fomos somando”, explicou a psicóloga.

Pela proporção que as integrantes do grupo notaram que a pauta tomou, decidiram realizar um encontro público, que está marcado para o dia 18 de agosto, às 14h, na Praça Soldado Adriano. Afinal, a ideia é fortalecer a causa através do diálogo e troca de experiências com mães, pais, gestantes, tentantes e todos que, de alguma forma, se sentem chamados pelo tema da amamentação. “Quando juntamos a experiência de todas, vimos o tamanho disso e o quanto era importante que fizéssemos esse trabalho, de incentivo a amamentação, mas também de oferecer um espaço de escuta”, salientou Tatiana.

Amparo
Segundo a enfermeira obstetra, doula e consultora em aleitamento materno, Carla Zorzo, que também é integrante do grupo, o projeto não tem mais como parar, afinal, relata que ela e as amigas não imaginavam que fosse tomar proporções tão grandiosas. “Criamos o grupo para que mães fossem trazendo suas questões sobre amamentar, com o intuito de acolher cada um, na sua maternidade e amamentação real”, relatou Carla, que informa também que a maternidade não precisa ser romantizada.

Abrir o debate sobre amamentação é necessário, afinal, é algo natural da maternidade, porém, pouco falado. Para Carla, o que tem chamado a atenção do grupo são os depoimentos que vem recebendo, sobre as dificuldades e como conseguiram resolver os problemas. “Queremos mostrar que elas não estão sozinhas como mães. Às vezes, atendo mães que acham que ter fissuras ou outras dificuldades é só com elas, mas não. É um tabu, muitas se escondem e tem vergonha de pedir ajuda”, enfatizou a enfermeira, que ainda chama a atenção para as redes sociais do “Amamente”, que tem servido como canal de aproximação entre o grupo e as mães, principalmente na questão do reconhecimento nas dificuldades.

“Com o Instagram do projeto, muitas mães na madrugada – que estão amamentando – também estão lendo os relatos e depoimentos de outras mães, vendo que não estão sozinhas. A dificuldade é de todas nós, por isso temos a ideia de nos abraçarmos”, frisou Carla, que afirma também que essa é hora de aproximar também os homens deste processo, afinal, também fazem parte deste processo.

“Não é porque sabemos a teoria que as coisas são naturais na prática. É isso que queremos passar para outras mulheres, que se pode ter dificuldade sim e que elas não estão sozinhas” – Tatiana Zati, psicóloga e integrante do “Amamente”.

Dividindo experiências
De acordo com Tatiana a maternidade não é algo simples. Afinal, quando se vive esse processo, as dificuldades fazem parte, vem junto no pacote, por isso é preciso ter calma, criticando a “patologização” que pode acontecer nesta fase da vida. “É normal e natural que uma mãe no pós-parto se deprima um pouco, principalmente as de primeira viagem. Quando você se torna mãe, tem uma mudança de vida, uma mudança social”, relatou a psicóloga, enfatizando que é evidente que existem exceções e mulheres que, de fato, acabam precisando de ajuda de medicamentos.

De qualquer forma, Tatiana acredita que a questão de estranheza emocional inicialmente é natural do processo de se tornar mãe e pai, afinal, é preciso abrir mão de tudo para se doar a aquele bebê. “A partir dali eu sou mãe. É lindo, mas nos primeiros dias é enlouquecedor. Ninguém está preparada para ser mãe, tu pode ser psicologa, pediatra, enfermeira, o que for, mas somente quando você viver aquilo vai saber, e vai se apertar em algum momento”, relatou Tatiana, afirmando ainda que não há uma receita pronta, cada filho é de um jeito.

Sobre a amamentação, Carla explica que se trata de um processo também emocional e também por isso, algumas mulheres, nas primeiras semanas pós parte tem dificuldade. “É raro você encontrar uma mãe que não teve dificuldade com isso, por isso a informação é importante. Para perceber que essa dificuldade é passageira”, ponderou a enfermeira, que ressalta a questão da importância do aleitamento materno acima de certas questões. “Acontecem as fissuras mamárias, que seria um dos maiores desafios, a apojadura, que é a descida do leite, a mama fica ingurgitada e as mães ficam assustadas e desistem por medo, insegurança e falta de informação”, complementou Carla.

Busca por informações antes do nascimento
Justamente para facilitar este acesso a informações sobre amamentação é que o grupo passou a existir. Segundo Tatiana, é um acordo entre as integrantes, desde a primeira reunião, que a iniciativa não serve para o marketing pessoal de cada uma, sem fins lucrativos.

“É uma busca a todas as pessoas de diferentes classes sociais, não queremos uma coisa elitizada”, relatou a psicóloga.

Para Carla, é preciso democratizar informações importantes e também quebrar alguns conceitos de que, na primeira dificuldade em amamentar, se desista, afinal, o acesso ao leite para recém nascidos “facilita” o caminho. “É mais fácil fazer isso do que ir no médico, buscar um apoio profissional e buscar informações do que posso fazer. É claro que isso não é regra, mas é preciso perceber a importância do leite materno”, enfatizou a enfermeira, que ainda salienta: bebês vão chorar. “Nem sempre é de fome, nem sempre é porque a mãe não tem leite. O bebê vai chorar por insegurança”, comentou Carla sobre mais uma questão da chegada de um filho ao mundo.

“A amamentação precisa de apoio e isso está acontecendo no mundo todo. Queremos resgatar que o aleitamento materno é mais importante, está na hora de nos conscientizarmos disso” – Carla Zorzo, enfermeira obstetra, doula, consultora em aleitamento materno e integrante do “Amamente”.

Diário da Manhã

Postado em 05 agosto 2019 10:06 por JEAcontece
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