CARAZINHO – Gangues da Floresta e Princesa dividem o presídio

Postado em 31 janeiro 2017 17:00 por JEAcontece
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PECAR também possui grupos rivais que se enfrentam eventualmente, com o objetivo de dominar o controle do tráfico de drogas no município. Administrador fala que também há dois grupos de Não-Me-Toque e ramificações de Passo Fundo

A crise penitenciária que atinge com mais intensidade e violência os estabelecimentos prisionais do Norte, gradativamente também se espalha para as demais regiões do país. Até mesmo presídios de pequeno e médio porte vivem hoje a ameaça de facções e grupos rivais, motivados principalmente pelo controle do tráfico de drogas e o domínio das cadeias, onde criam um governo paralelo ao Estado, com suas leis próprias, onde até mesmo a sentença de morte é permitida.

No Presídio Estadual de Carazinho (PECAR), de acordo com o administrador, Eberson Tapia, a cadeia está dividida principalmente entre duas facções rivais, a de presos do Bairro Floresta e a do Bairro Princesa, coincidentemente os dois bairros com maior índice de criminalidade em Carazinho.

“Além dessas de Carazinho, também há duas gangues rivais do Bairro Santo Antônio, de Não-Me-Toque, que já se enfrentaram em 2013. Tivemos que separá-los e transferir alguns líderes para outros presídios. Também há ramificações de grupos de Passo Fundo”, revela o agente penitenciário.

Atualmente a população carcerária do PECAR conta com 238 detentos recolhidos somente no regime fechado e mais 80 no regime semiaberto, que ficam alojados no albergue do estabelecimento prisional, em outro prédio.

“Nosso presídio está superlotado, mas eles ficam em galerias separadas. Mesmo assim, eventualmente ocorrem brigas e confrontos dentro da cadeia. Às vezes, quando acontecem esses desentendimentos a gente tem que trocar alguns de cela, de galeria, ou até mesmo para outros presídios, para evitar mortes. A maioria desses casos envolvem disputas pelo tráfico de drogas na cidade. Há uma rixa que já vem de fora e quando chegam ao Presídio, eles se agrupam de acordo com suas gangues”, revela o administrador.

EFETIVO DO PECAR É APENAS 30% DO IDEAL
Quando os conflitos ocorrem nas celas ou no pátio de sol, há dificuldades para os agentes penitenciários controlarem a situação, tendo em vista que o efetivo é pequeno. “Mas até o momento a gente tem conseguido controlar esses atritos. Hoje trabalhamos com 30% do efetivo ideal, o que é preocupante”, lamenta Tapia esclarecendo, que nas revistas feitas nas celas, sempre são encontrados “estoques”, armas artesanais feitas na maioria das vezes, com a estrutura do próprio prédio. “Seguidamente alguém é ferido e encaminhado para atendimento médico no Hospital. Esse ano não teve nenhum incidente entre os grupos rivais, mas no ano passado houve registros”, explica o administrador, lembrando que em anos anteriores ocorreu inclusive uma briga no pátio que resultou na morte de um detento, que era de Passo Fundo. No final de semana ocorreu mais uma morte, no interior de uma cela, a qual ainda não se sabe os motivos do assassinato que será investigado pela Polícia Civil.

Comparando a situação prisional com outros Estados, Tapia entende que no Rio Grande do Sul a situação é diferente, mais tranquila, devido ao esforço dos agentes penitenciários. “Em outros Estados há presídios terceirizados para empresas privadas, com pessoal que não tem o devido preparo técnico, treinamento, que não utilizam armas. Aí os presos acabam não respeitando”, compara. “Aqui no Rio Grande do Sul aconteceu um incidente em Charqueadas, onde os detentos tentaram invadir uma galeria onde havia rivais, quando um dos PMs da guarda externa efetuou disparos. Eles não pararam e ele teve que efetuar disparos reais, onde dois presos ficaram feridos e um foi a óbito. Assim, eles não conseguiram invadir. Então, nesse caso, o Estado mostrou força”, ressalta.

Apesar de o quadro ser mais ameno que no Norte do país, Tapia destaca que a situação é preocupante, pois a formação de líderes e divisão de facções, acaba se propagando para todos os presídios. “A lei permite que eles tenham acesso a notícias do mundo exterior, por televisão e rádio e alguns os familiares ainda levam jornais”, salienta o administrador, referindo-se ao fato de que os detentos ficam sabendo do que ocorre em outros presídios e em alguns casos acabam querendo fazer o mesmo.

LEI DO SILÊNCIO PREDOMINA NA CADEIA
O administrador do PECAR revela que alguns detentos fazem o registro das ameaças de morte que recebem dentro da prisão, mas a maioria opta pela lei do silêncio. “Grande parte das desavenças eles resolvem lá fora, para um dominar a área do outro. Já executaram presos, tanto na saída aqui do albergue, quanto na rua. Em vários homicídios ocorridos nos últimos tempos, eles fizeram esses acertos de contas”, observa. “Estamos pedindo ajuda, desde que assumi a administração há dois anos e meio, mas estou com esperança nesse novo concurso público que já saiu o edital. Vamos solicitar mais agentes e com isso melhorar o nosso efetivo em Carazinho”, projeta Tapia.

(Via Diário da Manhã)

Postado em 31 janeiro 2017 17:00 por JEAcontece
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