Deus “não é absurdo”, mas uma realidade misteriosa, às vezes, obscura por ser justamente deslumbrante, declarou nesta quarta-feira o papa Bento XVI durante uma audiência geral semanal no Vaticano, em um novo debate sobre a aliança entre a fé e a razão.
“Misterioso, Deus não é absurdo. Se diante do mistério a razão vê apenas escuridão, não é devido à ausência de luz, mas a seu excesso”, disse o Papa teólogo para sete mil fiéis reunidos no grande salão Paulo VI.
Bento XVI fez uma comparação com a luz do sol: “ela cega quando fixamos o olhar no sol, mas ninguém dirá que não é luminosa. A fé permite olhar o sol de Deus que se aproximou do homem para ser conhecida”, considerou.
“Ao mesmo tempo, por sua graça, Deus clareia a razão, ao abrir novos horizontes infinitos e incomensuráveis”, ressaltando que “a fé católica não se opõe a uma razão honesta” dos homens à procura da verdade, nem da busca científica.
Joseph Ratzinger se opõe regularmente a um positivismo científico que explica tudo pela ciência, recusando qualquer transcendência. Ele vê nisso um perigo à liberdade do homem. Na ciência, “devemos encorajar tudo o que é favorável à vida, como a luta contra a doença, ou a busca para revelar os segredos da Terra e do universo”, analisou.
Ao reiterar seus argumentos constantes contra uma fé mágica ou supersticiosa, Joseph Ratzinger, que concentrou sua obra de teólogo sobre a questão da razão e da fé, considerou que “a tradição católica sempre rejeitou o fideísmo, que é a vontade de acreditar contra a razão”.
AFP