Avó faz o parto do neto no acostamento de estrada

Postado em 21 janeiro 2013 10:59 por JEAcontece
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Nascido na sexta-feira, o pequeno Lucas deve cada batida de seu coraçãozinho a duas mulheres. Uma é sua mãe, Sílvia Rodrigues Escobar, 24 anos. A outra é sua avó paterna, Thamara Dias Goulart, 46. A primeira lhe deu a vida. A segunda, não deixou que sua vida fosse embora. Além de fazer o parto do neto – dentro de um carro, a meio caminho entre São Borja e Santiago –, por duas vezes naquele dia, Thamara daria o ar de seus pulmões para que o menino não morresse.

O nascimento foi atribulado. Sílvia, que mora em Santa Maria, passava férias na casa dos pais, em São Borja, quando, no início da semana, apresentou sintomas de pré-eclâmpsia (doença que provoca hipertensão em gestantes). A mãe foi hospitalizada e recebeu medicamentos para apressar a maturação dos pulmões do bebê. Na quinta-feira, recebeu alta do médico, que autorizou o retorno para Santa Maria. Coube a Thamara, que é enfermeira obstétrica, fazer o transporte da gestante. Ainda bem. A viagem começou por volta das 9h15min. Às 10h, o bebê estava nascendo, aos sete meses de gestação.

A enfermeira fez o parto no acostamento, a 50 quilômetros de Santiago, tendo por testemunhas a mãe de Sílvia, Rosângela Escobar, e o filho, Thiago Goulart Bender, 26 anos. Ao perceber que a criança não conseguia respirar, Thamara começou a fazer respiração boca a boca e massagem cardíaca no pequenino, que chegou ao mundo com 850 gramas.

– A sogra do meu filho não tem carteira de motorista, mas teve de dirigir porque tentávamos acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas nenhum celular pegava. Fomos dirigindo até um posto de combustíveis de Santiago quando conseguimos falar com eles – conta a enfermeira.

Lucas foi levado de ambulância para o Hospital de Caridade de Santiago, onde foi entubado e teve a respiração garantida por ventilação manual. Como o hospital não tem UTI Neonatal, a criança precisava ser transferida para Alegrete. Chegar lá, foi outro capítulo da batalha de Lucas pela vida.

Uma ambulância do Samu de São Borja foi acionada para fazer o transporte, mas os profissionais não sabiam chegar na Santa Casa de Alegrete. No meio do caminho, pediram orientações a uma viatura da Brigada Militar, que acabou servindo de escolta. Outro obstáculo para a salvação de Lucas foram as más condições da estrada.

– Quando estávamos quase chegando, a ambulância entrou em um buraco, e o Lucas extubou (os tubos presos à traqueia do bebê soltaram). Voltei a fazer respiração boca a boca – lembra Thamara.

Na chegada ao hospital, o lado enfermeira deu lugar ao lado avó: Thamara entrou na unidade com o neto nos braços gritando por socorro. Nas horas seguintes, Lucas retribuiu com valentia o esforço dos médicos e de seus familiares.

– Todo o prematuro é um paciente de risco, mas ele está estável e toma 1ml de leite materno, por sonda, a cada três horas. Como recebeu medicação para amadurecer os pulmões, ele já tenta respirar sozinho. Ele passou por poucas e boas, mas vai vencer – conta a enfermeira e avó, cheia de orgulho e esperança.

(Diário de Santa Maria)

Postado em 21 janeiro 2013 10:59 por JEAcontece
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