Amados por Deus, para amar

Postado em 19 setembro 2015 07:15 por JEAcontece
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Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta

Somos amados por Deus. Deus manifestou o seu amor imenso por nós em Cristo morto e ressuscitado e esta verdade central do cristianismo traz sempre “uma nova alegria na fé e uma fecundidade evangelizadora.” (Papa Francisco, EvangeliiGaudium,11). Não somente temos um Deus bondoso e criador, mas livremente se faz pequeno para vir ao nosso encontro e nos amar. Diferente do modo como os filósofos gregos o compreendiam, o Deus de Israel, o Pai(Abbà) de Jesus, ama pessoalmente.“Cada um de nós é fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um de nós é necessário.” (Bento XVI, 24 de abril de 2005). Amor supõe relação e liberdade. Deus fala, visita, vem ao encontro, toma a iniciativa e comunica-se com o ser humano. Propõe e estabelece uma aliança conosco. Coloca-se, com humildade, como um Tu, diante do qual nos descobrimos acolhidos e amados. Com esta consciência, o salmista canta: “Que é o homem, Senhor, para que dele te lembres e o visites?” (Sl 8,5).

Amor que faz viver
No Antigo Testamento, este amor de Deus por seu povo se manifesta na eleição de Israel (cf. BENTO XVI, Deus Caritas Est, 10). Dentre todos os povos, Deus escolhe Israel e o ama: “Vocês serão minha propriedade especial entre todos os povos” (Ex 19,5a). É um amor de predileção: “Não tenha medo, porque eu o redimi e o chamei pelo nome; você é meu” (Is 43,1b). O ama com amor de mãe, com “entranhas de misericórdia”. E, porque o ama, também o perdoa em suas infidelidades: “Como te abandonarei, ó Efraim? Entregar-te-ei, ó Israel? Meu coração dá voltas dentro de mim, comove-se minha compaixão” (Os 11,8).

O cristão, porém, é convidado ao “olhar fixo no lado trespassado de Cristo” (DCE, 12), onde de uma maneira radical se manifesta o amor de Deus pela humanidade. A grande motivação de todo o agir de Deus na Encarnação é o amor: “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). O amor de Deus se fez visível quando enviou seu Filho para que vivamos (cf. 1Jo 4,9).

Apostar no caminho do amor
Ao discípulo de todos os tempos esta verdade, quando experimentada na vida, é fundamental: “Ele amou-nos primeiro e continua a ser o primeiro a amar-nos; por isso, também nós podemos responder com o amor. Deus não nos ordena um sentimento que não possamos suscitar em nós mesmos. Ele ama-nos, faz-nos ver e experimentar o seu amor, e desta ‘antecipação’ de Deus pode, como resposta, despontar também em nós o amor” (DCE, 17), nos disse o Papa Bento XVI. A acolhida deste amor em minha vida me faz ver a minha verdadeira identidade: sou filho amado de Deus, como a Jesus foi revelado no seu batismo: “Este é o meu filho amado”. A resposta à pergunta “quem eu sou” não virá mais de quanto eu tenho, quanto eu sei, o que os outros dizem de mim ou até o que eu penso de mim, mas desta identidade profunda que resulta do encontro com um Deus que me ama pessoalmente. (Cf. H. Nouwen, 2007).

Deste modo, “eu amo, em Deus e com Deus” o meu próximo. O discípulo vê o outro com os olhos de Cristo. “Desse modo, já não se trata de um ‘mandamento’ que do exterior no impõe o impossível, mas de uma experiência do amor proporcionada do interior, um amor que, por sua natureza, deve ser ulteriormente comunicado aos outros” (DCE 18). Vale a pena apostar e trilhar a via do amor. Em síntese, este é o caminho cristão.

Postado em 19 setembro 2015 07:15 por JEAcontece
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