Alta do dólar impacta positivamente no agronegócio

Postado em 27 abril 2020 15:00 por JEAcontece
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No entanto, superintendente administrativo e financeiro da Cotrijal, Marcelo Schwalbert, mostra preocupação com o custo de produção, já que muitos insumos são dolarizados

O coronavírus (Covid-19) tem impactado diretamente em muitos mercados e, de modo geral, fazendo com que muitas moedas pelo mundo se depreciem em relação ao dólar. No momento, alta da moeda americana tem refletido no agronegócio de forma positiva no preço das commodities. O superintendente administrativo e financeiro da Cotrijal, Marcelo Schwalbert, explica que especialmente a região sul do Brasil será menos beneficiada por causa da frustração de safra causada pela estiagem.

“Aquela oportunidade de vender soja com bom preço, para quem colheu menos, fica comprometida, mas o resto do Brasil, em várias regiões ocorreram colheitas recordes. A projeção é de uma safra recorde, com este impacto positivo referente ao dólar”, disse ele, em entrevista à Rádio Diário AM 780. A preocupação, segundo Schwalbert, é em relação aos custos de produção. “No próximo ano projetamos uma elevação porque muitos insumos são dolarizados. Para este ano já tem muito insumo internalizado, com custo de dólar mais baixo, mas se ele continuar nestes patamares atuais, a tendência é crescer o custo”, observou.

Na visão de Schwalbert, o momento é ideal para o Brasil traçar estratégias para melhorar a logística do agronegócio, uma vez que possui no exterior grandes consumidores de sua produção. Um deles é a China.

“A China opera muito bem a sua logística e o Brasil precisa fazer o tema de casa neste sentido, até porque é um país que tem o agro como seu principal motor. E o setor primário depende muito de logística. O Brasil tem feito pouco neste sentido. Daqui para frente precisa fazer diferente. No entanto, estamos num momento em que os recursos estão sendo canalizados para o combate a pandemia e a gente sabe que é necessário e que isso vai impactar em outros setores. Quem sabe é o momento de pensar em parcerias público privadas, buscar privatizações, obter recursos de capital externo, porque a logística determina se somos mais ou menos competitivos”, analisou.

China x Estados Unidos
Assim como o Brasil, os Estados Unidos também são grandes produtores de soja, produto bastante cobiçado pela China. No entanto, chineses e americanos não vivem uma relação muito amistosa. Neste cenário, na visão de Schwalbert, o Brasil está numa ‘encruzilhada’.

“É uma boa oportunidade para nosso país se tornar o principal fornecedor da China. Alguns governos inclusive estão retalhando os chineses ultimamente. Além disso, a tendência é que a guerra comercial com os Estados Unidos se intensifique já que estamos próximos das eleições americanas. O Brasil precisa ter inteligência para conseguir articular isso porque nosso agro depende dos consumidores mundiais e um deles é a China. Por outro lado, nosso Governo possui relação próxima com o governo americano. É preciso capacidade para trabalhar os dois lados. Então não é momento para extremismo, ou um posicionamento político que possa prejudicar o principal motor da nossa economia”, contextualizou.

Estiagem
O superintendente também comentou sobre a estiagem, que atingiu boa parte do Rio Grande do Sul e fez com que muitos produtores não apurassem uma boa safra. As chuvas foram bastante irregulares e em algumas propriedades houve diferença nas médias de produtividade. Schwalbert lembrou que o assunto é pauta desde a Expodireto Cotrijal e desde então o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, vem tratando do assunto junto a entidades, instituições financeiras e o Governo Federal.

“O que se pleiteia é nada mais justo, recursos que possam atender o produtor que teve baixa média na nossa região. Teve variações grandes, em algumas regiões houve chuva até expressiva e uma produtividade razoável, mas a média geral ficou muito abaixo das 40 sacas por hectare. Na nossa região, alguns produtores colheram entre 20 a 25 sacas”, salientou.

A resolução publicada pelo Governo Federal determina que teriam acesso à benefícios produtores de municípios que conseguiram homologação do decreto de emergência até o dia 9 de abril. No entanto, conforme o superintendente, muitos municípios não conseguiram este pleito, então busca-se a ampliação deste prazo.

Covid-19
Schwalbert declarou ainda que a Cotrijal tem tomado todas as medidas recomendadas para evitar a propagação do Coronavírus.

“A cooperativa está alinhada com todos os decretos municipais e estaduais, tomando todas as medidas de higienização. Isto está sendo respeitado em todos os municípios de atuação. Desde o início tomamos cuidados em relação aos colaboradores que são de grupos de risco. Eles estão compensando horas ou em férias”, ressaltou.

Sobre possíveis demissões, já que se vislumbra uma crise econômica no Brasil, o superintendente diz que este não é o plano da direção para o momento. Podem ocorrer dispensas em contratos temporários em função do término da safra, o que é normal, mas não demissões ocasionadas em função da realidade econômica.

Diário da Manhã

Postado em 27 abril 2020 15:00 por JEAcontece
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