O dia 27 de julho é lembrado como Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, doença com cerca de 41 mil novos casos anuais, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No Brasil, em 2019, segundo dados do Inca, foram 20.722 mortes por câncer de cabeça e pescoço. Ainda, os dados referentes ao diagnóstico de cânceres de cabeça e pescoço, com exceção da tireoide, são alarmantes.
Em média, 76% dos casos só são diagnosticados em estágio avançado, o que dificulta o tratamento, além de elevar a taxa de mortalidade. Por isso, com o intuito de informar, alertar e aumentar o número de diagnósticos precoce, a data foi instituída em 2017 pela Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço (IFHNOS), além de todo o mês de julho ser considerado, “julho verde”, fazendo também o alerta para a prevenção destas doenças.
Conforme o cirurgião de cabeça e pescoço, integrante do Corpo Clínico do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, Dr. Andre Mozzini, o câncer de cabeça pescoço é pouco conhecido pela população em geral e muitas vezes confundido com tumores no cérebro, quando na verdade, é o câncer que atinge desde lábios, boca, pele da face e pescoço, garganta, faringe, laringe e a glândula tireoide, neste último caso, que são os mais comuns.
“Feridas na boca e lábios que não cicatrizam depois de trinta dias, manchas na pele da face e pescoço que são áreas com exposição solar, algum nódulo ou caroço no pescoço que não somem ou doem, devem receber a atenção pois, são sinais do câncer de cabeça e pescoço”, orienta o especialista.
As chances de cura do câncer de cabeça e pescoço são altas quando a doença é descoberta em fases iniciais, por isso, buscar atendimento médico ao perceber estes primeiros sinais é fundamental. Conforme o médico, dados da Associação Americana de Câncer mostram que mais de 50% das consultas e cirurgias oncológicas foram afetadas, no mundo, em função da pandemia e que, diminuiu em 70% o diagnóstico precoce dos casos de câncer, sendo que, isto impacta diretamente nos números de mortalidade.
“Pacientes com a doença descoberta precocemente tem uma chance de cura de mais 80% e em estágios mais avançados, a chance de cura cai para até 30%. Quanto mais cedo for descoberto e tratado, melhor a evolução, os resultados estéticos funcionais e melhora a sobrevida do paciente”, destaca Mozzini, explicando que o tratamento da doença vai depender do estágio e o local da doença, sendo que “quanto maior o estágio da doença, mais agressivo pode ser o tratamento. Casos iniciais podem ser tratados com cirurgia, e para tumores mais avançados pode ser necessário o uso de cirurgia, quimioterapia e de radioterapia ou de radioterapia e quimioterapia, às vezes até sem a cirurgia”.
Sobre o tratamento, o cirurgião também salienta que, por ser um câncer de áreas mais aparentes, quanto mais cedo a busca por atendimento médico, o tratamento pode deixar menos sequelas.
“A doença pode trazer sequelas tanto estéticas quanto funcionais, como alterações para alimentação, deglutição e fala. Por exemplo, um câncer de laringe, a pessoa pode muitas vezes perder até a voz, como também pode ter sequelas estéticas, o que reforça a importância de buscar o atendimento ao perceber sinais e sintomas”.
Prevenção é fundamental
Além do diagnóstico precoce, outro fator é fundamental e, a melhor forma de combate à doença: prevenção. Assim como outras doenças, o câncer de cabeça e pescoço pode ser evitado. Mozzini explica que, no caso da pele da face, é preciso evitar a exposição do sol prolongada e utilizar protetor solar.
No caso do câncer de boca, a higiene é fundamental e também a visita ao dentista regularmente, já que este pode perceber sinais iniciais da doença. Outros fatores importantes na prevenção e que já são conhecidos, pois também previnem outras doenças, são a alimentação saudável, evitar a obesidade, não fumar e evitar o consumo de álcool.
“Muitos casos de câncer de cabeça e pescoço estão ligados ao uso do cigarro e álcool, por isso evitar esses dois fatores é fundamental. Ainda, temos percebido nos últimos anos o aumento de casos relacionados ao vírus HPV, por isso é preciso tomar cuidado com o vírus, sexualmente transmitido, e que as faixas etárias que tem a vacina disponível para o HPV façam essa imunização”, aconselha o médico.
Mozzini reforça a importância de que a população se conscientize sobre a prevenção e diagnóstico precoce. “É muito importante divulgarmos informações sobre a doença, sobre os sinais e que as pessoas busquem atendimento. Que apesar da pandemia, as outras doenças, infelizmente não param, por isso, seguindo os cuidados, é fundamental não adiar ou deixar de fazer consultas médicas e exames”.
Diário da Manhã
