Informação foi confirmada pelo presidente da OCERGS/Sescoop, Vergilio Perius, que destacou os frutos do cooperativismo no desenvolvimento do Estado
O presidente do sistema Ocergs/Sescoop, Virgilio Perius, confirmou, que as agroindústrias gaúchas foram responsáveis pela criação de 4 mil empregos durante a pandemia, contribuindo para que a economia gaúcha não estagnasse tanto em função da Covid-19. Este tipo de atividade se insere no contexto do cooperativismo, que segue promovendo crescimento. “Quase metade dos moradores do Estado, fazem parte de alguma cooperativa. Diretamente são 3,1 milhões de pessoas, mas se contarmos os dependentes chegamos a 50% do povo gaúcho. É o maior índice do Brasil”, sinalizou.
Outro movimento que para Perius é extremamente positivo é o crescimento das chamadas cooperativas escolares. “Em sala de aula, seja nas escolas públicas ou particulares, com a ajuda de alguma organização, especialmente do sistema Sicredi, os professores trabalham práticas pedagógicas voltadas ao cooperativismo. Estes jovens jamais vão esquecer e estamos assegurando o futuro do cooperativismo”, mencionou.
Na visão do presidente, há espaço para as agroindústrias crescerem no Rio Grande do Sul e atuarem em segmentos que ainda não são tão comuns, como na área de grãos. Por outro lado, há preocupação em função da estiagem, que repercutiu em grande escala na queda da produção. Na soja a quebra significa 60% e no milho, 80%. “Nem no Paraná, que seria mais perto para buscar (e abastecer o mercado gaúcho), se colheu milho. Teremos de recorrer ao Tocantins, ao Mato Grosso”, apontou.
Sobre a integração de cooperativas, como a recente incorporação da Coagrisol (Soledade) pela Cotrijal (Não-Me-Toque), Perius aponta que pode significar uma tendência para o futuro. “São duas cooperativas próximas, que se unem, tinham produtores em comum, produções parecidas e agora tem finalidades em comum. Que isto sirva de modelo, que outras façam o mesmo, até aquelas em boa situação financeira porque o futuro que temos pela frente nos diz para nos unirmos. A Cotrijal agora aumentou o número de sócios para 18 mil e o faturamento para R$ 6 bilhões e com certeza terá melhores condições de enfrentar o mercado competitivo e minimizar os efeitos da seca”, projetou.
Desafios de 2022
Questionado sobre os desafios que o cooperativismo precisará enfrentar em 2022, Virgílio Perius apontou três. “Primeiro, as culturas de inverno. A Embrapa insiste que temos que plantar cedo. Quem plantou milho cedo, colheu. O próprio trigo pode ser plantado mais cedo para que não se sofra problemas, como uma seca”, citou.
Outro desafio mencionado pelo dirigente é o fortalecimento das agroindústrias, segmento que tem demonstrado pujança. “Temos muito poucas. Temos de agregar valor às matérias primas e gerar mão de obra”, justificou.
Perius assegurou que a área habitacional, através das cooperativas do setor, merece um olhar diferenciado. Segundo ele, cerca de R$ 100 bilhões podem ser repassados para a construção de moradias, o que repercutirá na geração de emprego. “Cada metro quadrado construído, gera três empregos”, sintetizou.
Por fim, o dirigente ainda apontou que uma solução definitiva precisa ser pensada para a estiagem e apontou o aquífero guarani como alternativa. Para ele, o reservatório gigantesco de água e que vai de Uruguaiana-RS até o Tocantins, se renova constantemente e é capaz de solucionar a problemática através da perfuração de poços artesianos.
Pauta de negociações
Os temas elencados pelo presidente do Sistema Ocergs/Sescoop já estão com as lideranças políticas há muito tempo, mas segundo ele, falta engajamento. “Estão na mesa nos últimos três mandados (de Governo do Estado). O Plano Safra tem juro de 7,5% enquanto que o Estado tem juro 5,5% através do Fundopem, mas não tem recursos, perdeu muito com a Lei Kandir. Por isso, quanto mais agroindústrias montarmos, mais poderemos ajudar os combalidos estados brasileiros”, salientou.
Diário da Manhã
