A depressão na contemporaneidade

Postado em 23 abril 2016 06:50 por JEAcontece
15.292.411/0001-75

Estamos em um ano marcado por disputas políticas, por guerras e confrontos entre países. Alguns desses fatos obviamente já vem a séculos acontecendo, e isso tem provocado transformações na sociedade. Hoje as pessoas vivem na correria do dia-a-dia, do trabalho pra casa, da casa para o trabalho. E quando estão em casa, a rede social, o wi-fi ligado…a conversa pela webcam faz com que a “reunião” familiar vire numa rotina digitalizada, ou seja, é cada um no seu notebook, tablete, celular, e consequentemente o diálogo “olho a olho” é dispensado.

O que tudo isso tem a ver com a temática “depressão” ? Alguma ligação?

A depressão mencionada aqui como uma doença psicológica, vem a séculos sendo estudada por pesquisadores, e nesse percurso muitos avanços na medicina trouxeram a população medicamentos capazes de auxiliar no tratamento. Nota-se que a depressão não é de hoje, e muitas personalidades da história tiveram essa doença.

As vezes aquela vontade constante de se isolar, se trancar no quarto e não querer sair mais de lá, são sinais que devem ser observados. Muitas pessoas no decorrer de sua vida, passam por momentos difíceis, seja a perda de um ente querido ou por uma decepção…até mesmo aquela pessoa que vai guardando tudo pra si, vai acumulando sentimentos de angustia, de medo, de aflições. Chega um momento que a pessoa não consegue mais ser forte, e o organismo começa a adoecer. Começam a vontade de chorar, o stress constante, o pensamento volta-se para o passado, a negatividade parece estar presente o tempo todo. A vida já não tem sentido, o céu ficou cinza ou preto e branco… as cores sumiram. A ansiedade aumenta, e ficar no meio da multidão, já não faz parte. Lembra-se que a depressão não tem idade pra acontecer e muito menos um momento exato. A pessoa com depressão busca na solidão se isolar de tudo que a cerca, como forma de fugir de seus medos.

“João um adolescente de 15 anos de idade, cursando o ensino médio, parece fisicamente um menino feliz, criativo, inteligente. Mas só ele sabe a história de sua vida. Desde pequeno aprendeu a viver sem o pai, sua mãe era pai e mãe pra ele. Na escola no mês dos pais , João ficava sem reação, ao ver todos seus coleguinhas fazendo um cartãozinho para entregar para seus pais, e mais: na apresentação ( teatro feito com a turma) para homenagear os pais na escola, João olhava os outros receberam um carinho e o seu pai não estava lá. João passou todo esse tempo guardando esses momentos. Ao chegar na adolescência, teve decepções com seus amores, frustrações com a vida. Ele foi guardando pra si tudo isso. Chega o instante em que chega a conclusão do ensino médio, então como os demais colegas, João queria fazer faculdade, porém sua família não tinha condições de pagar medicina para ele. Alguns com condições superiores o perguntavam que curso iria fazer, porque eles já tinham marcado vestibular e tal, e que seus pais disseram que iriam pagar. Aqui João começa a ficar ansioso, nervoso, já perdia sono de madrugada pensando no seu futuro. A saída, foi fazer um curso que a família podia pagar e que os mesmos diziam para ele seguir. João então foi fazer, mas a vontade de estar no curso de medicina era mais forte, e as aulas ficavam complicadas porque ele não se interessava. Para piorar, o rapaz não conseguia emprego , o que deixava mais aflito. Seus ex-colegas já tinham conseguido emprego, estágios em empresas, e João nada. Ao concluir sua graduação, o jovem com 24 anos, já não era o mesmo, buscava no isolamento sua resposta. Passava trancado no quarto escrevendo textos que falavam sobre sua própria vida, seus dilemas. No entanto, o sentimento já começava a transbordar pelos olhos, e várias vezes na noite, sozinho ele se questionava sobre seu passado. Achava que tudo tinha dado errado e que não mais valia a pena seguir lutando pelos seus ideais. Sua família era pouco presente na sua vida, ou seja, não participavam de reuniões escolares, não perguntavam como estava indo na escola…enfim, mesmo tirando notas boas a família não comentava nada.

Aos 25 anos, João começou a se afastar mais da família e dos seus amigos, preferindo ficar a maior parte do tempo no quarto. Não queria mais sair, se divertir…tudo isso tinha se perdido a vontade. As vezes não queria jantar, almoçar, dizia que não tinha mais fome. De madrugada perdia o sono chorando e refletindo suas derrotas na vida. Com o tempo, os tremores nas mãos, nas pernas…a vontade de ficar só dormindo na cama.”

Essa pequena história desse jovem rapaz, demonstra claramente os estágios de sua vida. De fato ele foi guardando vários acontecimentos no decorrer dos tempos, levando a uma depressão. Ele foi muito forte para aguentar tudo isso calado.

A família tem que estar sempre caminhando de mãos dadas com seus filhos, observando seus sentimentos. Aquele boletim ou aquela reunião na escola que seu filho chegou em casa e disse “olha pai, mãe, amanhã tem que ir na escola”, e simplesmente eles não vão, seja por causa de compromisso ou trabalho. (Lembra-se isso era muito importante para ele). E assim vai se repetindo durante os anos. Outro fator importante, é conversar com seu filho em casa, dar apoio, carinho. Com toda essa tecnologia, as vezes a conversa ou uma viagem legal em família se perde, porque ambos preferem ficar teclando horas do que sair, curtir a vida, curtir o belo dia que está lá fora.

A depressão não é culpa da pessoa que tem pois, ela já foi forte o suficiente de ter aguentado, de ter carregado o fardo toda sozinha. A família e amigos tem que estar presentes nesse momento dando todo o apoio necessário, somente a medicação não adianta. Só quem teve ou tem depressão sabem o quanto é doloroso cada dia. A pessoa tem que ter muita força novamente para tentar reconstruir sua vida.

Nos próximos artigos vamos debater mais sobre esse tema tão presente na sociedade nos dias atuais.

JACKSON ADAIR GONÇALVES
Licenciado em sociologia. Pós graduado em gestão educacional, orientação educacional e educação do campo.

Postado em 23 abril 2016 06:50 por JEAcontece
15.292.411/0001-75
TAPERA TEMPO

Desenvolvido com 💜 por Life is a Loop