Novos casos de câncer devem subir quase 50% nos próximos 20 anos

Postado em 04 fevereiro 2021 06:02 por JEAcontece
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O Dia Mundial do Câncer ocorre no dia 4 de fevereiro e reforça a importância de estimular hábitos saudáveis na população para prevenção do câncer

A Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc) estima que o número de novos casos deve subir para mais de 28 milhões no mundo, o que representa um aumento de 47% se comparados aos números atuais. Em 2020, conforme a Iarc, foram 19,3 milhões de novos casos e 10 milhões de óbitos. Os dez tipos de câncer mais incidentes atualmente são o de mama, de pulmão, colorretal, de próstata e de estômago. Já a maior causa de morte pela doença é o câncer de pulmão, seguido pelo colorretal, de fígado, de estômago e de mama.

Muitos fatores colaboram para esta situação e para a projeção de aumento significativo nas próximas duas décadas. “O envelhecimento da população, as condições sanitárias, tabaco, álcool, padrão alimentar, sedentarismo, obesidade, exposição ao sol, poluição ambiental e agrotóxicos são alguns dos fatores para este cenário alarmante”, comenta o oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Na visão do oncologista do CTCAN, muito precisa e pode ser feito. “Para prevenção, é preciso estimular e favorecer hábitos saudáveis na população através de políticas públicas, tanto restritivas, a exemplo do tabaco, para álcool e alimentos multiprocessados e adoçados artificialmente, mas também de estímulo e facilitação para atividades físicas e alimentos orgânicos. Educação e acesso aos serviços de saúde, universalização da vacinação contra HPV (Papilomavírus Humano) e hepatite B, também são importantes”, ressalta Machado.

Brasil registra mais de 200 mil mortes por ano
No Brasil, conforme dados do DataSUS, são registradas mais de 200 mil mortes por ano e 660 mil novos casos. Para combater o câncer no país, o oncologista ressalta a necessidade de políticas de prevenção e acesso a tratamentos. “São duas frentes de combate: prevenção para diminuir a incidência e tratamento para minorar as perdas e sofrimentos. O sucesso do tratamento depende da precocidade do diagnóstico e do acesso aos tratamentos adequados em tempo adequado. Penso que precisamos desenvolver e disseminar campanhas de diagnóstico precoce para o câncer de mama, colo do útero, colorretal e pulmão, que sabidamente reduzem a mortalidade. Precisamos também otimizar o acesso aos serviços de saúde e aos tratamentos mais modernos, efetivos e menos deletérios”, enfatiza o oncologista.

Câncer é a principal causa de morte em mais de 100 municípios do Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, são quase 20 mil mortes por ano, ou seja, quase 200 mil mortes nos últimos 10 anos. Na região Norte, são cerca de 2 mil casos por ano, o que significa quase 20 mil mortes na última década. O Rio Grande do Sul (RS) é o Estado com o maior número de municípios (140) onde o câncer é a primeira causa de morte, conforme o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC). “O câncer já é a principal causa de morte em mais de 100 municípios do RS. Temos mortalidade por câncer maior que a média brasileira. Em alguns pequenos municípios da nossa região até 40% dos óbitos são por câncer”, salienta Machado.

Entre os motivos para esses números significativos no estado estão alguns hábitos gaúchos. “Sabemos que o tabagismo entre mulheres é maior no RS, a combinação de pele clara e exposição solar faz com que tenhamos alta incidência de câncer de pele, hábito do chimarrão com água muito quente se relaciona com câncer de esôfago, e o câncer colorretal é o segundo mais importante entre as mulheres gaúchas. Precisamos de pesquisas amplas para identificar outros fatores responsáveis e modificáveis além daqueles que já conhecemos”, observa o oncologista.

Confira o número de mortes por câncer em alguns municípios da região Norte do RS:
– Passo Fundo: 351
– Carazinho: 132
– Erechim: 142
– Lagoa Vermelha: 62
– Palmeira das Missões: 51
– Soledade: 48
– Três Passos: 45
– Frederico Westphalen: 44
– Marau: 43
– Sananduva: 39
(Fonte: DataSUS/2019)

Pandemia x Câncer
A pandemia de Coronavírus também impactou o diagnóstico precoce do câncer, com retrocesso no combate à doença. “O retrocesso é imenso. Nos próximos meses, anos ainda, teremos um excesso, um adicional, de diagnósticos mais tardios em consequência dos exames e tratamentos não realizados durante a pandemia. Diagnósticos e tratamentos tardios são sinônimos de vidas perdidas”, afirma Machado.

Prevenção ainda é um desafio
Para o também oncologista do CTCAN, Dr. Alex Seidel, o principal desafio da área da oncologia é a atuação em diagnósticos precoces, que estão diretamente relacionados com as chances de cura do paciente. Além disso, outro desafio são os custos de exames e tratamentos oncológicos, principalmente de tratamentos novos como terapia alvo e imunoterapia. Seidel também observa que, para os próximos anos, a descoberta de novos alvos terapêuticos seja o maior desafio, visto a evolução do cenário da oncogenética nos últimos anos.

Seidel também explica os motivos para a prevalência significativa do câncer de mama. “É o mais prevalente na população feminina devido a sua relação com fatores hormonais e reprodutivos das mulheres durante toda vida adulta. Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de alguns hábitos, como: praticar exercícios físicos regularmente; comer alimentos saudáveis; manter o peso adequado; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; amamentar, caso tenha filhos. A realização da mamografia também é de extrema importância para diagnóstico de doenças em estágios iniciais”, comenta o oncologista.

Já sobre o câncer que mais mata, o de pulmão, o oncologista reforça que existem dois principais fatores para isso: a subnotificação dos casos e o diagnóstico tardio da doença, que resultam no alarmante dado de 92% dos casos decorrem em morte.

A prevenção primária para o câncer está em evitar os principais fatores de risco para a doença. “Não fumar, utilizar protetor solar, manter uma alimentação saudável, evitar o excesso de álcool, vacinar-se, fazer os exames de rotina regularmente e praticar atividade física são algumas medidas que contribuem para reduzir as chances de desenvolvermos a doença. Adotar um estilo de vida saudável é a principal maneira de se prevenir contra o câncer”, revela Seidel.

O diagnóstico precoce é fundamental para cura do câncer. “As pessoas devem fazer os exames periódicos quando não sentem nada. Este é o objetivo do diagnóstico precoce, que é quando a doença não causa sintomas e tem imensa chance de cura”, comenta o oncologista.

Jornalista Natália Fávero – Assessoria de Imprensa CTCAN

Postado em 04 fevereiro 2021 06:02 por JEAcontece
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