Cinco razões para permanecer ou abandonar o Facebook

Postado em 13 janeiro 2014 07:09 por JEAcontece
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Internautas participam de enquete de Zero Hora e dão motivos para amar e odiar a rede

Com 1,19 bilhão de usuários ativos no mundo e um crescimento de 18% ao ano, o Facebook está longe de ser uma unanimidade. Razões não faltam para amar ou odiar a mais famosa rede social. Zero Hora fez uma enquete entre os leitores para descobrir as motivações dos internautas para permanecer interagindo com os amigos reais e virtuais, ou abandonar de vez as postagens e as curtidas na página de relacionamento.

No último ano foi registrada uma migração de usuários para outros aplicativos, e países como Estados Unidos, Grã-Bretanha e França têm hoje menos pessoas conectadas à rede do que em 2012. Mas o crescimento ainda atinge países como Índia, México e Brasil. Veja a opinião dos leitores sobre os principais pontos positivos e negativos da rede social.

CINCO RAZÕES PARA FICAR NO Facebook

1. Acesso à informação
Um levantamento da Pew Research International, entidade sem fins lucrativos que analisa o impacto da internet nas famílias, comunidades e governos, mostrou que quase a metade dos usuários do Facebook acessa notícias pelo aplicativo. E aqueles que consomem informação permanecem mais tempo conectados do que os que usam apenas para publicar posts e fotos ou fazer atualizações pessoais. A pesquisa também mostrou que cerca de um terço dos novos usuários segue ou curte páginas de empresas de comunicação ou de jornalistas.

2. Contato com familiares distantes
Quem não achou aquele amigo dos tempos de escola ou retomou o contato com um primo distante? Os usuários da rede social tendem a se comunicar pelo Facebook com quem eles já convivem no dia a dia, e geralmente a interação com pessoas que moram longe ocorre por curtidas na foto ou comentários recém-postados. Apesar de não gerar uma relação de maior profundidade, a sensação é de que os contatos do Facebook acompanham a nossa vida, mesmo que de longe. E para quem se surpreende quando descobre amigos em comum e pensa em como o mundo é pequeno: somos 7 bilhões de pessoas no mundo, mas o número de conexões entre amigos dentro do Facebook chega a espantosos 150 bilhões.

3. Viagens virtuais
Há recursos mais completos disponíveis na internet para conhecer diferentes locais, como o Google Street View, mas geralmente se restringem a pontos mais populosos ou mais famosos. Por isso, as comunidades virtuais de cidades, museus e outros atrativos turísticos são excelentes pontos de partida para aprender mais sobre esses lugares e dá aquela sensação de poder visitar esses espaços, mesmo que à distância.

Jaqueline Ramires Saraiva: “Posso viajar sem sair de casa olhando as postagem dos estados e cidades que não conheço!”

4. Interação
A cada 60 segundos, 510 comentários são postados, 293 mil status são atualizados e 136 mil fotos são incluídas. O pico de atividades ocorre entre 13h e 15h, durante a semana. Por ser uma ferramenta multiplataforma que engloba gente do mundo todo, é muito comum haver usuários que se conhecem apenas virtualmente. São pessoas que geralmente têm afinidades e participam de grupos de discussão ou compartilham os mesmos gostos por música, livros ou algum artista e acabam se cruzando entre um post e outro.

5. Divulgação de trabalhos e produtos
A rede social se tornou uma importante ferramenta de divulgação para o pequeno e médio empresário. De acordo com Jairo Mandelbaum, diretor de operações da Onda Local, empresa especializada em marketing para mídias online, as recentes atualizações do Facebook têm oferecido um foco maior para os negócios locais, e permitem anúncios segmentados por interesses, sexo ou idade. Mas ele ressalta que é preciso manter contato com o usuário e sempre responder a dúvidas e reclamações, com informações atualizadas e fluxo constante de posts para mostrar que você está interagindo com seus clientes. Os posts patrocinados também têm presença marcante na rede: só entre junho de 2012 e maio de 2013, foram 7,5 milhões deles. Segundo Mandelbaum, essa invasão de anúncios veio para ficar.

Patrícia Xavier Ferreira: “Com o Face temos uma amplitude de divulgação, com um custo praticamente zero, já que praticamente só gasto com o valor da internet e o retorno é altamente satisfatório.”

CINCO RAZÕES PARA DEIXAR O Facebook

1. Dependência da rede social
Cerca de 727 milhões de pessoas acessam o Facebook com uma frequência diária — quantidade 25% maior em relação a 2012 — e o tempo médio de visita é entre 18 e 20 minutos. A rede social pode, sim, viciar. De acordo com a psicóloga Aline Restano, do Grupo de Estudos em Adições Tecnológicas (Geat), cada comentário em fotos publicadas e cada curtida em postagens dos usuários geram pequenas sensações de prazer. Por isso, é comum que as pessoas acessem o sistema várias vezes ao dia.

— O Facebook é uma ferramenta muito ampla, oferece muitas fontes de prazer numa única rede social. A tendência é voltar e buscar esse prazer — diz Aline.

2. Ostentação
Nas redes sociais, todo mundo mostra o seu lado mais feliz e bonito, uma espécie de distorção de si mesmo. Para quem está bem emocionalmente e vê as fotos bacanas dos amigos e as conquistas que eles divulgam, isso não é um problema tão grande. Pode até dar aquela pontinha de inveja, mas nada além disso. Mas a psicóloga Aline Restano alerta que, se a pessoa está deprimida ou se sente desacreditada, ela tende a achar que aquilo é uma realidade distante para ela, o que pode gerar um sofrimento grande.

Juliano Castro: “Ao rolar as inofensivas páginas contemplando a beleza, a riqueza ou a popularidade alheia, o pensamento de inferioridade surge. Mas o que é Facebook senão seu usuários? Para combater os malefícios dele, a indicação é o bom senso e a utilização do filtro na escolha dos ‘amigos’.”

3. Falta de privacidade
Quando você aceita os termos de uso, está concordando com um contrato que impõe uma cessão de direitos. É como se os dados e as fotos que você publica passassem a ser de propriedade do Facebook, como explica José Carlos de Araújo Almeida Filho, professor da Universidade Federal Fluminense e presidente do Instituto Brasileiro de Direito Eletrônico. No acesso via smartphone, a invasão é ainda maior, já que é possível ter acesso as seus dados do aparelho, como localização e contatos.

— Temos problemas de violação de privacidade, apreensão de dados e de informações. Depositamos uma confiança muito grande na internet, mas por trás dessa máquina tem sempre um homem manipulando tudo. Estamos confortáveis e ao mesmo tempo reféns da tecnologia.

4. Perfis falsos
A cada segundo, cinco novos perfis são criados. A estimativa é que de existam cerca de 83 milhões de “falsos personagens” na rede. Os usos vão desde atitudes mais “inofensivas”, como bisbilhotar a página de algum pretendente sem deixar rastros, até casos graves, de criminosos que acessam a rede para obter informações de usuários, ou de pedófilos que usam perfis falsos para atrair vítimas. Em setembro, um homem de 29 anos foi preso no interior de São Paulo por criar dois perfis falsos e uma agência fictícia para atrair meninas e adolescentes que queriam ser modelos.

5. Superexposição
Pessoas impulsivas e com sintomas de ansiedade tendem a se expor mais no Facebook. A publicação de um comentário gera uma sensação de alívio, como se alguém estivesse sempre presente naquele momento para escutar o que você está dizendo. Isso pode gerar um problema quando a pessoa tem variações de humor e se arrepende do que postou: apesar de poder apagar o texto da sua timeline, ele não é excluído simultaneamente do feed de notícias dos seus amigos.

Amanda Alves Ramos Motta: “Infelizmente para algumas pessoas o Facebook se tornou um diário. Tudo o que fizerem no dia vão detalhar no Facebook. As pessoas esquecem que tem uma vida lá fora.”

ENTREVISTA
Howard Rheingold Professor da Universidade de Stanford
“Cada vez mais as pessoas acreditam que o mundo online é apenas o Facebook”
Uma das referências mundiais em estudos sobre redes sociais e comunidades virtuais, o professor da Universidade de Stanford (EUA) Howard Rheingold começou ainda nos anos 1980 suas investigações sobre as revoluções sociais causadas pela internet. Um dos seus livros mais conhecidos é A Comunidade Virtual, de 1993. Seu mais novo lançamento é Netsmart, que discorre sobre o uso inteligente e produtivo das mídias sociais. Em entrevista por telefone, o escritor fala por que não conseguimos nos desligar do Facebook.

Zero Hora — Ainda não sabemos usar as redes sociais de maneira inteligente e prazerosa?
Howard Rheingold— É algo novo e complexo. Eles estão constantemente mudando suas políticas de privacidade. É preciso entender as configurações bastante complexas de privacidade para ter algum controle sobre a suas informações. O que me preocupa é que o Facebook tem o objetivo de SER a web. Isso não é bom.

ZH — Mas as próprias pessoas não estariam se expondo demais?
Rheingold — Cada vez mais as pessoas acreditam que o mundo online é apenas o Facebook. Quando se publica um conteúdo, ele pode ser restreado e encontrado por outros, e as pessoas não estão cientes disso. O Facebok não está se responsabilizando pela educação das pessoas.

ZH — Há pesquisas que apontam que os mais jovens estão se interessando por outras redes sociais. Eles não querem encontrar os pais na internet?
Rheingold — A presença dos pais no Facebook é determinante. Você age de uma maneira na frente dos seus amigos, e de modo diferente com os seus pais. As pessoas possuem contextos sociais diferentes. Hoje, esse contexto colapsou: seus pais e seus amigos veem as mesmas coisas na internet. Mas há o fator novidade: se o Facebook é algo que os pais usam e está aí há algum tempo, as novidades parecem mais atraentes.

Zero Hora— E por que não conseguimos sair do Facebook?
Rheingold— É muito atraente ver o que seus amigos estão fazendo e assistir vídeos fofos de gatos. As pessoas ainda não sabem controlar a atenção. Ter essse controle não é impossível, pode ser aprendido, mas não é ensinado. Eu acredito que é algo que deveria ser ensinado nas escolas.

A timeline da rede social
Fevereiro de 2004 — O Facebook é criado por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Chris Hughes e o brasileiro Eduardo Saverin, na época estudantes em Harvard.

Setembro de 2006 — A acesso é liberado a todos os internautas, e qualquer pessoa pode se cadastrar.

Fevereiro de 2009 — No aniversário de cinco anos, é lançado o botão “curtir”.
Setembro de 2011 — Na comemoração do sétimo aniversário, é lançada a timeline.

Maio de 2012 — É lançada a oferta inicial de ações do Facebook na bolsa de valores, a um preço de US$ 38, o que rendeu 16 bilhões de dólares à companhia. Na época, a rede social foi avaliada em US$ 104 bilhões.

Outubro de 2012 — O Facebook atinge a marca de 1 bilhão de usuários.

(Clcirbs)

Postado em 13 janeiro 2014 07:09 por JEAcontece
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