No atual momento da cultura da soja o surgimento de pragas de difícil controle é o assunto que vem preocupando produtores e técnicos de todo o país. Neste sentido, a lagarta Helicoverpa, que provocou bilhões de prejuízos na Bahia na última safra, vem se expandindo por todas as regiões de cultivo a uma velocidade que desafia técnicos e pesquisadores, exigindo uma definição cada vez mais rápida de táticas de controle, sendo necessária muitas vezes a adaptação de tecnologias já existentes empregadas no controle de outras pragas.
Conforme o departamento técnico da Grandespe/Produza, foram encontradas lagartas de difícil controle em diversas lavouras da região de atuação da empresa. Várias evidências confirmam a presença da espécie Helicoverpa na região: 1) sobra de lagartas após aplicações de inseticidas em doses normais que seriam letais às demais espécies de lagartas; 2) presença de lagartas entre as folhas novas da planta, comportamento característico da lagarta na fase vegetativa da cultura; 3) presença de teia entre os folíolos novos, o que dificulta a abertura da folhas; 4) presença de grande quantidade de excrementos nas folhas e 5) morfologia externa da lagarta com presença de pontuações e pilosidade de coloração negra no dorso da lagarta, além de uma segmentação bastante evidente do corpo da lagarta, características próprias da espécie Helicoverpa que a diferencia das demais espécies, como a lagarta da soja (Anticarsia) e falsa-medideira (Pseudoplusia).
Diante do exposto, é de suma importância que o monitoramento desta praga seja constante, examinando-se com atenção os locais onde a lagarta ataca, preferencialmente, durante a manhã ou final da tarde, período em que a temperatura ambiente é mais amena e as lagartas encontram-se mais expostas. Considerando este comportamento da lagarta, é fundamental que seja adotada uma tecnologia de aplicação de inseticidas adequada. Além disso, para o manejo da Helicoverpa devem ser utilizados produtos específicos em um esquema de rotação de ingredientes ativos e até mesmo uma combinação de inseticidas visando melhorar a eficiência de controle. Para isso, o produtor deve procurar orientação técnica e planejar, juntamente com seu técnico, a melhor estratégia de controle conforme cada situação. Sendo assim, percebe-se que o manejo da lavoura torna-se cada vez mais técnico e exigente em conhecimento para a obtenção de bons resultados. Com prudência, responsabilidade e racionalidade certamente este novo desafio será manejado com sucesso, da mesma forma que outros problemas no passado foram contornados.
(GUSTAVO A. STÄRLICK – Engenheiro agrônomo – Grandespe)