NÃO-ME-TOQUE – Na 20ª morte pela Covid, uma lição de quem sofre a perda

Postado em 27 fevereiro 2021 06:56 por JEAcontece
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Todos receberam a notícia: aconteceu, na manhã do dia 22 de fevereiro, segunda-feira, a 20ª morte pela Covid-19 em Não-Me-Toque, e dessa vez com um agravante: o óbito poderia ter sido evitado, caso houvesse vagas nos leitos de UTI, porém não havia nenhum.

Mara Regina Rodrigues da Silva, esposa de Idemar da Silva, popularmente conhecido como “Gordo”, se disponibilizou a conversar com nossa reportagem sobre a situação:

— Eu estou aqui tentando alertar as pessoas para o perigo e gravidade do que aconteceu com a minha família, para que isso não ocorra com as delas também.

Segundo Regina, Idemar apresentou, inicialmente, uma tosse que parecia alérgica, mas logo evoluiu para algo mais forte e mais frequente, na terça-feira, dia 16. A procura para fazer o teste Covid ocorreu no dia 17. No sábado, dia 20, houve uma crise de tosse muito forte e então foi decidido procurar o hospital. A esposa explicou que ele mal conseguia respirar por conta da tosse, à vista disso foi internado e colocado no oxigênio.

— No dia 21, domingo, pela manhã, nós ficamos sabendo que o Idemar havia piorado. A enfermeira ligou de manhã para avisar que eles estavam buscando um leito de UTI para transferi-lo, e nos convidou para ir até o hospital visitá-lo. Conversamos com ele, buscamos acalmá-lo já que ele estava bem nervoso. O médico disse que ele seria intubado e pediu para que voltássemos em uma hora — relata Regina.

Infelizmente, entretanto, durante a intubação, Idemar teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. A equipe médica tentou, por mais de meia hora, ressuscitá-lo, mas não era possível fazer mais nada para ajudá-lo.

— Para nós, isso foi um choque muito grande, porque quando saímos do hospital o Idemar não parecia tão mal, ele estava conversando com a gente e tudo. Receber essa notícia acabou conosco.

A esposa disse que para família foi uma grande surpresa quando eles souberam que ele precisaria de uma UTI.

— Pensávamos que, em dois, três dias ele estaria de volta em casa, não passou por nossa cabeça que o caso dele poderia evoluir para algo tão grave, até porque nem tínhamos o resultado do teste Covid, até no domingo, quando foi realizado uma tomografia confirmando que o pulmão já estava 50% afetado.

Regina quer falar sobre o atendimento que o marido recebeu e disse com segurança:

— A equipe médica fez um bom trabalho, mas a situação da saúde é muito precária. O médico que atendeu meu marido foi uma pessoa muito atenciosa e dedicada. Todos, o médico, a enfermeira, pareciam bastante chocados com o que havia acontecido. E eles estão correndo o risco de pegar essa doença todo dia.

Sobre as novas medidas de segurança contra o coronavírus, Regina foi categórica:

— Acho que o estado e o município estão tomando as atitudes que eles conseguem, mas o problema maior é a falta de respeito de pessoas individuais. Não tem medida, não tem poder, que consiga fazer pessoas que não se importam a terem respeito. E enquanto essas pessoas não pararem de ser irresponsáveis, aqueles que estão se protegendo, indo do trabalho para casa apenas, ainda correm o sério risco de serem contaminados.

É consenso na família a sua declaração:

— Quero que a morte do meu marido possa fazer as pessoas entenderem que esse é um assunto sério. Que é preciso se cuidar. Que é preciso ficar em casa.

Idemar, de apenas 50 anos de idade, deixou sua esposa, Mara Regina, dois filhos, Suelen e Lincon, os pais, Ana Maria e Alberi Pedro (in memoriam), dois irmãos, Berenice e Darlei, além de outros familiares e muitos amigos que manifestaram pesar em mensagens à família e nas redes sociais.

Por Laura Simon Marques

Postado em 27 fevereiro 2021 06:56 por JEAcontece
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