Páscoa: a vitória da vida

Postado em 11 abril 2020 06:26 por JEAcontece
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No primeiro domingo da quaresma, na liturgia eucarística, foi lido Gênesis 2, 7: “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem tornou-se um ser vivente”. O texto continua descrevendo o ambiente vital no qual o homem está inserido e do qual ele depende e faz parte.

O homem “tornou-se um ser vivente”. Todos os seres vivos têm um começo e um fim, por isso um aspecto da vida é a sucessão que acontece num tempo e num espaço. Do primeiro momento até o último suspiro a vida precisa de condições para manter-se e reproduzir-se. Precisa de cuidados permanentes, da alimentação, prevenção, proteção, cura. Ameaças permanentes a rondam e as mais perigosas são invisíveis a olho nu. Basta citar o coronavírus. Reconhecer a fragilidade dos seres vivos é o primeiro passo para estimular o cuidado.

Podemos afirmar que a estrutura da vida humana e da vida cristã tem um dinamismo pascal: da morte à vida. Também o caminho quaresmal está estruturado neste itinerário. Com a imposição das cinzas soou o alerta da fragilidade humana e o convite sonoro de converter-se e crer, isto é, de cuidar da vida seguindo pelo caminho proposto pelo Evangelho. A CF – Campanha da Fraternidade, em sintonia com a quaresma, amplificou o apelo de um compromisso com a vida. Sugere várias áreas de cuidado, dentre as quais destacamos.

Cultivar a si mesmo. As mudanças tão necessárias no mundo só se tornarão reais quando começarem por cada pessoa. Todos influenciam o ambiente em que vivem. As responsabilidades pessoais são intransferíveis. Sugere a CF: “Cultivar boas amizades. Redescobrir o valor da vizinhança. Valorizar desde o simples cuidado com a própria saúde, até o lazer e o descanso, sem descuidar da solidariedade”. Vale recordar a frase de Santa Teresa de Calcutá: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no oceano. Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota”.

Cultivar o santuário da família. As muitas transformações do mundo colocaram a família em crise, que por natureza é um santuário de vida. Ela é lugar mais natural para uma vida nova ser planejada, concebida, cuidada e desenvolvida. Comprometer-se em cultivar a vida familiar requer sabedoria e coragem, pois, muitas vezes exige mudar rotinas e hábitos, além de introduzir maiores espaços de convivência. Experimentar o prazer da simples presença.

Cultivar a comunidade eclesial. A Igreja, por natureza, é uma comunidade de fé e de partilha de vida. Um espaço privilegiado para ouvir os ensinamentos do Evangelho de forma comunitária; um lugar para celebrar e colocar em comum as alegrias, as vitórias e compartilhar as dores. Como comunidade eclesial cultiva-se a vida espiritual e consequentemente também o corpo. O apóstolo Pedro já dizia que na Igreja todos são pedras vivas e constroem um edifício que tem Cristo por fundamento. Ajudar a construir comunidades onde todos se sintam bem e frutifique a solidariedade e a fraternidade, é uma nobre missão.
Colaborar com a sociedade. O Papa Francisco sugeriu quatro atitudes para cultivar a vida social: acolher, proteger, promover e integrar. São atitudes que fazem de todos os cidadãos membros ativos, gera igualdade, inclusão e respeita as diferenças.

Vida eterna. A ressurreição de Jesus Cristo indica que a vida não termina com a morte. “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá” (João 11, 25). Cada dia de cuidado com a vida pessoal, familiar, eclesial e social vai conduzindo para a vida eterna. É a última passagem da morte à vida.

Dom Rodolfo Weber – Arcebispo de Passo Fundo

Postado em 11 abril 2020 06:26 por JEAcontece
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