O Dia Mundial do Câncer é nesta terça-feira, 4 de fevereiro. Data importante para refletir e disseminar informações sobre a prevenção e combate à doença
O câncer é uma epidemia global e tende a aumentar nos próximos anos. Ele poderá ser a principal causa de morte no Brasil e no mundo, caso não sejam tomadas medidas urgentes. O câncer é a segunda causa de morte no mundo. Atualmente, 8,8 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência dessa doença, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, são registradas cerca de 220 mil mortes por câncer (DataSUS).
O diagnóstico precoce e tratamentos adequados são dois fatores determinantes para combater a incidência e a mortalidade por câncer. “As mortes por câncer devem aumentar nos países em desenvolvimento, correspondendo à maioria da estatística mundial. Nos países desenvolvidos está em queda. Dois fatores são determinantes: diagnóstico precoce e tratamentos adequados. Diagnóstico precoce inclui políticas de rastreamento, exames e acesso aos especialistas. Tratamentos adequados inclui acesso a especialistas e à tecnologias de alto custo”, destaca o oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Cenário do câncer no Brasil
O cenário da doença no Brasil não é nada favorável. Conforme a pesquisa “Câncer no Brasil: a jornada do paciente no Sistema de Saúde e seus impactos sociais e financeiros”, que contou com a avaliação técnica da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o Brasil apresenta os piores indicadores no investimento em câncer se comparado a países da América Latina. Dados que preocupam frente a uma doença que aumenta em incidência e em mortalidade. São 600 mil novos casos de câncer e 200 mil mortes por ano, sendo que em mais de 500 municípios brasileiros o câncer já é a primeira causa de morte da população.
Mesmo com avanços importantes nos últimos anos, o país tem muitas deficiências no diagnóstico e tratamento, afetando as chances de cura e a qualidade de vida dos pacientes. Isso significa que quanto maior a demora para iniciar o tratamento, mais avançada é a doença, piores são os resultados do tratamento e os impactos sociais e financeiros. “Mesmo na saúde suplementar (planos de saúde) temos deficiências e atrasos de incorporação de novos tratamentos e tecnologias importantes e significativos. Isso tudo impacta nos resultados de cura e sobrevivência. Infelizmente estamos num cenário de saúde pública desfavorável, recursos congelados, custos crescentes, falta de profissionais, entre outros fatores”, observa Machado.
Lei que assegura exames para diagnóstico em 30 dias começa a valer em maio Lei 13.896/19 sancionada no ano passado assegura a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com suspeita de câncer o direito à realização de exames no prazo máximo de 30 dias. “É um avanço, sem dúvida, mas retrata nossa realidade, onde é necessária uma lei para tanto e que, provavelmente não será cumprida por total falta de recursos técnicos e humanos”, opina o oncologista do CTCAN.
Cânceres mais incidentes
Neste dia 4 de fevereiro, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgará a “Estimativa 2020”. De acordo com dados preliminares os cânceres mais incidentes no Brasil no período serão os de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago. “O câncer de pele não melanoma é muito frequente porque a pele é o maior órgão de nosso corpo e vivemos num país tropical, com grande incidência e exposição solar. Felizmente ele é facilmente curável”, comenta Machado.
Os tipos mais preocupantes do ponto de vista de saúde pública são o câncer de próstata, mama, pulmão, colorretal, estômago e colo de útero. Cerca de 30% podem ser evitados com hábitos saudáveis de vida. “Vários fatores de risco determinam esta realidade: sedentarismo, alimentação, tabaco, obesidade, álcool e outros fatores como envelhecimento da população, poluição ambiental, agrotóxicos, genéticos, infecções como HPV e H.pylori, entre outros”, enfatiza o oncologista.
População tem papel importante
Cerca de 30% dos cânceres mais incidentes podem ser evitados com hábitos saudáveis de vida: exercícios físicos rotineiros, alimentação saudável, restrição do álcool, não fumar ou parar de fumar, manter peso adequado e fazer a vacinação contra HPV e Hepatite B. Esses hábitos contribuiriam com quase 150 mil diagnósticos a menos a cada ano.
Conforme o oncologista, outra importante atitude da população é, na medida do possível, fazer consultas e exames preventivos, de rastreamento, regularmente: exame ginecológico com Papanicolau, mamografia, pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia para aqueles que tem acesso, exame de toque da próstata e dosagem do PSA no sangue e inclusive tomografia computadorizada sem contraste para a população de alto risco para câncer de pulmão (1 maço por dia por 20 ou mais anos) e manter a vacinação em dia.
ASCOM CTCAN
