No Brasil, mais da metade da população está acima do peso ideal

Postado em 15 julho 2019 11:00 por JEAcontece
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A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) registrou um aumento no número de pessoas que passam fome no mundo, porém, também prevalece, em algumas regiões, o sobrepeso e a obesidade. Ambos os índices preocupam especialistas.

Em maio deste ano aconteceu o 1º Fórum da Rede de Alimentação Escolar Sustentável, evento que aconteceu em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com o objetivo de entregar uma carta de intenções destinada ao Fórum do Pacto Regional de Milão, sobre Políticas de Alimentação Urbana na América Latina, afinal, é preciso expressar a importância da alimentação escolar, por exemplo, como um mecanismo de ação para melhorar os programas de alimentação, tendo em vista que hoje, no Brasil, segundo a nutricionista Jéssica Keyser, mais da metade da população encontra-se acima do peso ideal.

De acordo com o FAO, o aumento da fome no mundo passou para 821 milhões de pessoas. Na América Latina e no Caribe a fome afeta 39,3 milhões de pessoas. Mesmo com esse cenário, números indicam que um em cada quatro habitantes sofre de obesidade nesta região. Segundo a nutricionista, a grande questão envolvida nesta dualidade de resultados se dá pela qualidade, ou a falta dela, no cotidiano alimentar. “Sobram calorias e faltam nutrientes. Dessa forma temos também um elevado número de pessoas desnutridas com excesso de peso. É preciso criticidade para avaliar o real valor dos alimentos”, afirmou Jéssica, que relata ser um desafio trabalhar com alimentação saudável diante de tantas informações.

Para a nutricionista é preciso ponderar que atualmente há uma população vivendo mais e preocupando-se mais com qualidade de vida, porém, as vezes sem seguir o respaldo científico. “Isso aumenta a procura por acompanhamento, mas aumenta também a gama de mitos e dúvidas dentro da nutrição”, comentou a nutricionista, que tem preocupações que vão de encontro ao que foi discutido no Fórum da Rede de Alimentação Escolar Sustentável. “A infância é o grande momento de formar hábitos alimentares. Por isso, a relevância de dar bons exemplos, de insistir em sabores, texturas e cores diferentes”, complementou Jéssica.

Quadro de crianças e adolescentes é o mais grave
De acordo com a coordenadora do curso de Nutrição da UPF, Valéria Hartmann, o cenário de obesidade e desnutrição entre crianças e adolescentes é o mais preocupante hoje, afinal, segundo ela, existe um desequilíbrio alimentar que vem crescendo. “Isso traz consequências em relação a questão da fome, desnutrição e todos os problemas da má alimentação. Hoje temos um padrão alimentar desequilibrado”, enfatizou a coordenadora.

Sobre a obesidade, Valéria relata que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados é um problema e o Ministério da Saúde já vem tratando desde 2014. “Os profissionais da saúde tem trabalhado com prevenção nas escolas e comunidades. No curso de Nutrição temos procurado trabalhar com isso e pelo cenário que vemos em crianças e adolescentes, que são sedentários, ficam muito tempo em casa”, salientou Valéria, que ainda afirma que este comportamento sedentário está associado ao consumo de alimentos de fácil preparo e consumo: refrigerantes, salgadinhos, entre outros.

Nas escolas, segundo Jéssica, a oferta de lanches é garantida pelo governo, porém, dentro dos orçamentos possíveis repassados a merenda escolar, deixa a desejar. “Todavia, devemos considerar o fato de que, infelizmente, muitas crianças têm apenas aquela refeição em seu dia. Ou seja, a alimentação escolar garante um direito previsto em lei. A partir disso, falamos de segurança alimentar e nutricional”, informou a nutricionista, que ainda relata que, segundo a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006), por Segurança Alimentar e Nutricional – SAN entende-se a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.

Pesquisa
Quando se fala em sedentarismo associado ao consumo de alimentos ultraprocessados, segundo Valéria, é preciso pensar em prevenção e para isso elenca três fatores importantes: realizar as refeições com a família, consumir o café da manhã e a ingerir a quantidade de água recomendada. “Podemos colocar estas como medidas preventivas e que fazem a diferença na prevenção da obesidade. Tem pesquisas que mostram que fazer as refeições com a família tem relação inversa com a obesidade”, explicou a coordenadora.

Sobre o café da manhã, Valéria relata que é o momento do dia que pode-se consumir os alimentos saudáveis, fonte de cálcio, entre outros aspectos positivos. Sobre a água, está relacionada a substituição de alimentos líquidos com açucares. “Quando fazem o consumo adequado de água, acabam não consumindo tantos líquidos açucarados”, informou Valéria, que concorda que o aumento da obesidade também está vinculado com a desnutrição, justamente pela ingestão de alimentos pobres em nutrientes.

“Esse é um dos maiores desafios, com certeza. O desafio de poder trabalhar na educação, nas escolas, que precisam ser abordadas mais, esse é uma das grandes metas do trabalho do nutricionista, temos que trabalhar com prevenção”, enfatizou a coordenadora, que ainda ressalta que nas escolas é possível trabalhar melhor a questão dos bons hábitos em função do ensino e da vontade de aprender dos estudantes. “Além de aprender o conteúdo na sala, tem que aprender sobre alimentação, saúde, a relação da alimentação com a nossa saúde”, enfatizou Valéria, que acredita que a mudança é necessária e é um compromisso no mundo inteiro.

Diário da Manhã

Postado em 15 julho 2019 11:00 por JEAcontece
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