O tratamento desses pacientes ainda é um desafio devido aos efeitos colaterais e a interação medicamentosa para combater as duas doenças
Apesar dos casos e óbitos por Aids caírem 16% nos últimos quatro anos no Brasil, o cenário no Rio Grande do Sul (RS) é considerado alarmante se comparado com a situação nacional. O RS lidera o ranking por estados, com 9,6 casos de óbito para cada 100 mil habitantes. Neste dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, também se discute os desafios no tratamento de outras doenças que estão sendo cada vez mais frequentes em pacientes com HIV. Uma dessas doenças é o câncer.
HIV é a sigla para Vírus da Imunodeficiência Humana. E é esse vírus que pode levar à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Portanto, nem todo mundo que tem o HIV, desenvolve a Aids. O HIV não tem cura, mas possui tratamento para evitar que a doença chegue a um estado mais avançado, vindo a desenvolver a Aids.
A qualidade de vida das pessoas vivendo com o vírus melhorou muito nas últimas décadas em razão do coquetel para o tratamento da Aids, disponível na rede pública. “Os modernos tratamentos para as pessoas com o HIV tem prolongado a expectativa de vida e melhorado sua qualidade”, comenta o oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado.
O que preocupa é o aumento de casos e de óbitos no RS, diferente do que vem ocorrendo no cenário nacional, de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS (2017). Enquanto a média nacional de casos é de 18,5 para cada 100 mil habitantes, o RS é o segundo estado com maior número de pessoas com a doença, sendo 31,8 casos para cada 100 mil habitantes. “A infecção pelo HIV tem aumentado no RS após anos de queda. O mesmo acontece com cânceres relacionados a imunodeficiência crônica apareçam com mais frequência”, ressalta o oncologista.
Alguns tipos de câncer são mais frequentes em pessoas com o HIV decorrentes do sistema imunológico mais vulnerável, em virtude das ações do vírus. “Os cânceres, mais frequentes que na população não portadora do HIV, são os cânceres de pele, desde o carcinoma espinocelular até o melanoma, o câncer do colo do útero, os linfomas e o câncer de pulmão, entre outros”, revela Machado.
Os efeitos colaterais e a interação entre os medicamentos usados para combater as duas doenças ainda é um desafio, especialmente, nas pessoas que já apresentam a Aids. Por isso é importante uma equipe multidisciplinar para definir a melhor estratégia de tratamento. “Estes pacientes devem manter uma vigilância aumentada para diagnóstico precoce destas neoplasias”, pontua o oncologista do CTCAN.
Natália Fávero – Assessoria de Imprensa CTCAN